Trabalhos

3145 Words
POV Narradora Depois daquela quinta-feira cheia, tanto Gizelly, quanto Rafaella se viam indo para seus apartamentos, o fim de tarde daquela quinta estava agradável e ambas as mulheres se sentiam cansadas, porém, Rafa, encontrava-se confortada e leve depois do encontro com cinco de seus fãs, enquanto Gizelly estava toda trabalhada na exaustão depois do dia que teve. Quando a sexta-feira finalmente chegou e com ela novas responsabilidades, Rafa e Gizelly, mesmo que em momentos separados de suas vidas acabavam de acorda para encarar mais um dia. A capixaba ia encarar mais um dia em seu escritório, depois iria almoçar com suas amigas em sua sala para continuarem o trabalho no caso Gabriel. Já a mineira, ia para seu apartamento em São Paulo, com o desejo de chegar lá e conseguir passar parte do dia com suas primas, m*l sabendo ela o que a esperava no dia seguinte... POV Rafa Kalimann Acordamos cedo para ir ao aeroporto e pegar nosso vôo para São Paulo. Sabia assim que acordei que essa sexta-feira ia ser longa, mesmo ainda não tendo nada marcado na agenda. - Vamos logo, não quero perder esse vôo – Marcella gritou. Flavina correu pra sala com suas malas nas mãos em resposta, eu apenas sorri, afinal, estávamos a 30min do aeroporto, nosso vôo era de 06h05min e ainda eram 05h02min, sim, Marcella odiava se atrasar pra qualquer coisa. Ao chegar no aeroporto, ainda tivemos que esperar um pouco até o vôo sair, acabamos apenas ficando sentadas mexendo em nossos celulares até dá a hora de embarcarmos. Chegando em São Paulo nos dirigimos diretamente pro meu apartamento, havia me mudado para a cidade durante o ano passado, devido aos trabalhos que vinha fazendo.  Fla e Ma iam ficar comigo essas semanas antes de voltarem para suas casas em Goiânia, mas logo Marcella iria acabar se mudando pra cá também, ela ainda estava articulando tudo com o marido, afinal, tinham um filho e ela não queria ficar longe de nenhum dos dois. - Hoje eu tô tão a fim de ficar aqui largadona, maratonando série na Netflix – falei pra Fla e no mesmo instante me arrependi, pois lá vinha Marcella com o celular na mão. - Tá bom, eu entendo, vou falar com ela agora – disse desligando o celular. Eu e Flavina nos olhamos, sabíamos que algo não tava legal pela cara que a Marcella estava fazendo. - Rafa, temos que ir ao escritório daquela marca de roupas que tava querendo você como modelo. – Marcella fez uma pausa, como que buscando as palavras certas – An... eles tão com dúvidas quanto a você ser a cara da campanha – senti que ela me escondia algo. - Por que eles teriam dúvidas quanto a isso Ma? – Flavina se antecipou a minha pergunta e olhamos para Marcella. - Hm.. É que... – fazia pausas em sua fala – Saiu uma matéria sobre você Rafa, é-é... Quer dizer, uma fake news falando que você disse que odiou as roupas da marca e coisas do tipo – tentou passar tranquilidade, mas pelas pausas que fez, sua preocupação foi percebida por nós. Essas coisas de fakes sobre mim estavam ganhando mais força quando o assunto era meu trabalho, eu sentia que não devia rebater, mas estava tão cansada disso. - E o que a gente faz agora? – perguntei. - Vamos até lá e tentamos explicar que isso é uma fake news, com fé tudo dá certo e eles fecham o contrato – Marcella respondeu, agora mais confiante. E lá se foi minha esperança de passar uma sexta tranquila com minhas primas... Horas depois chegamos ao escritório da marca de roupa, a reunião foi longa e cansativa, eu tive que explicar que nunca falei m*l das roupas dessa marca. - Olha Sra. Godói, eu estou afirmando que estas palavras nunca saíram de minha boca. – falei extremamente confiante – Eu tenho o maior respeito e gosto por demais dessa marca, tanto que a uso a muito tempo, antes mesmo de vocês pensarem em me chamar pra ser garota propaganda, acho até que se procurar direitinho a senhora pode encontrar uma foto minha usando uma de suas peças em alguma foto do meu ** – falei, encarando a mulher. Eu e Marcella tivemos que sair da sala para que aquelas pessoas debatessem sobre a minha verdade que estava sendo pesada com uma mentira. Arg, como eu odeio esse mundo de fake news. O tempo de espera foi curto, logo a secretária da mulher nos mandou entrar e assim o fizemos. - Tudo bem Sra. Kalimann, acreditamos em você, mais tarde entraremos em contato com sua assessora para falarmos sobre os detalhes do contrato – disse, não me passando nem um pouco de confiança. Fui o caminho de volta ao meu apartamento em silêncio, acreditava que havia perdido o contrato e realmente estava triste com isso. Não por conta do dinheiro, afinal, minha vida financeira andava bem, mas porque aquela era uma marca de qualidade e com preços acessíveis, tudo o que eu poderia querer, pois assim, meus fãs que não tinham muito dinheiro poderiam ter acesso a roupas boas e de qualidade por preços baratos. Fui tirada dos meus pensamentos por minha prima que dirigia e agora estava parada no trânsito de São Paulo. - Rafa? – Marcella falou animada. - Hm... – me contive em dizer. - Ótimas notícias! - falou mais animada ainda e me deixando curiosa. - Vai contar logo ou me deixar morrer de curiosidade? – retruquei. - Acabamos de conseguir aquele local que estávamos de olho! – sua animação era mais que evidente. - Do que cê tá falando Marcella? – perguntei. - O imóvel no principal shopping de São Paulo, aquele que você comentou que seria perfeito pra expandir a RK Intimates para cá – me olhou sorrindo. Eu não contive a animação e meu sorriso apareceu na mesma hora. A RK Intimates era minha loja de lingeries, atualmente ela tinha um espaço físico em Goiânia e funcionava por meio virtual também, ela era responsável por me dar bastante lucro, e abrir uma filial aqui em São Paulo era uma meta minha desde que decidi me mudar pra cá. O resto do caminho foi só planejamentos de reuniões com designers de interiores, empreiteiros e tudo que precisaríamos pra fazer dessa loja um sucesso em São Paulo. Chegamos no apartamento e eu contei toda a novidade para a Flavina, que deu pulos de animação. Em seguida, meu celular tocou e eu tive o maior susto feliz quando vi o nome que apareceu na tela: Maria Manoela. - MARIA MANOELA!!! – disse em um tom animado e quase aos berros. - Oiii Rafa! – me respondeu animada – Como você está?  - Eu tô muito bem agora que tô falando com você! Manu era uma das minhas melhores amigas, a conheci em um show, na verdade, em um de seus shows, a gente conversou um pouco naquela noite e trocamos o número do celular, depois disso, a amizade foi só questão de intensidade, porque não precisamos de tempo pra nos tornarmos amigas. - Cê tem noção de quanta saudade eu tô de você Maria Manoela? – falei. - Eu também estou morrendo de saudades, Rafa, e liguei justamente pra falar disso – ela respondeu. Minha cara reagiu a dúvida que minha mente criou após ouvir isso, mas antes que eu pudesse perguntar algo, Manu falou: - Estou voltando pra São Paulo na próxima semana, minha turnê tá chegando ao fim e eu quero muito, não, eu preciso muito tirar férias! Pra você ter noção da correria que me encontro, nem minhas skin care eu tô fazendo direito. Sim, o lado r**m dessa turnê – faz drama na parte final, mas logo ouvi seu sorriso do outro lado da linha. - Ai que maravilha amiga! Tô louca pra te ver e matar um pouquinho dessa saudade que tô de você! – minha animação era perceptível, Fla e Ma sorriam me vendo assim, toda animada e feliz por estar falando com minha baixinha. - Então amiga, quando eu chegar em São Paulo, tenho uns compromissos agendados pra resolver e depois disso quero férias... – fez uma quase imperceptível pausa – E tô ligando porque quero muito essas férias, mas não quero passá-la sozinha sabe... E eu sei que você não tira férias faz um tempão, na verdade, nesses 4 anos de amizade, não lembro se você já tirou – havia uma enorme dúvida em sua fala. - Amiga, então eu não sei... – fui interrompida por ela. - Rafa, tudo que quero ouvir agora é um 'vou pensar', estamos a muito tempo sem nos vermos, isso é o mínimo que eu mereço, não acha? Tudo o que mais preciso agora é de ter surtos leves e tênis com você, em algum lugar, sem trabalho – soou séria. - Tudo bem, eu prometo procê que eu vou pensar com carinho. – falei de imediato – Tá bom procê Maria Manoela? - Ai amiga, eu te amo! Sabia que essa conversa ia acabar bem! Você pode me pegar no aeroporto amanhã? – perguntou. - Claro que sim – respondi em seguida. - Obrigado. Agora tenho que desligar, tchau – falou animada, como se todo o seu objetivo com essa ligação houvesse sido conquistado, nem esperou eu me despedir para desligar o celular. Depois da ligação eu e minhas primas pedimos comida pelo aplicativo e assistimos a dois filmes antes d'eu ir dormir, pois na manhã seguinte, Marcella e eu íamos nos encontrar com os designers de interiores que fariam todo o projeto da loja, ela havia conseguido um horário pra manhã daquele sábado, eu estava animada com isso. A noite pareceu voar, pois o dia logo amanheceu, como se soubesse da ansiedade que eu estava. Logo eu e Marcella chegamos ao local marcado pra reunião. Passaríamos a manhã quase toda ali, falando sobre nossas expectativas pra loja, mas eu não me importei, estava feliz demais.   POV Gizelly Bicalho Que dia longo, que cansaço que eu estava sentindo, meu corpo estava exausto, minha mente não conseguia mais raciocinar, esse estudo sobre o caso de Gabriel, o garoto que foi preso inocentemente acusado de tráfico de drogas. - Já são 22h, não estamos chegando a lugar nenhum aqui – Leti disse me tirando dos meus próprios pensamentos. Não tínhamos o que fazer além de concordar e irmos descansar. Tabata nos convidou pra dormimos em sua casa, mas eu precisava ir, meu cachorro Jack Bacon estava em casa sozinho, precisava cuidar dele. Elas me acompanharam até meu carro. - Boa noite suas safadas! Até amanhã – me despedi delas, entrei no meu carro e dirigi até meu apartamento. Ao chegar, fui recebida com carinho por Jackinho, que ficou todo animado com a minha presença na sala do apartamento. - Oi seu safado, se comportou direitinho? – Recebi um latido como resposta. Naquele momento, todo meu estresse e meu cansaço deram lugar a uma alegria que aquele doguinho me proporcionava. Peguei ele no colo e o enchi de beijos, depois o coloquei no chão e me dirigi até o banheiro de minha suíte, tomei meu banho e fui dormir, sabia que amanhã seria um longo dia... - Bom dia Jack Bacon! Espero que você se comporte bem, a sua avó tá vindo passar uns dias aqui, vê se não fazem a maior bagunça aqui seu safaaado! – falei voltada para o cachorro, que me olhava como se entendesse o que eu dizia. Minha mãe estava vindo do interior passar uns dias comigo, e logo no primeiro dia, eu não ia conseguir almoçar com ela por conta do tanto de trabalho que eu tava tendo. Minha relação com ela melhorou recentemente, depois que comecei a namorar com um cara... É, ela nunca aceitou o fato de que sou bissexual... - Tchau Jackinho, até mais tarde! – falei saindo do meu ap. Cheguei no trabalho e não parei um só instante pela manhã, já estava cansada e sabendo que mais estava porvir. A hora do almoço chegou e com ela, minhas amigas. - Pronta pra trabalhar Gizelly? – a voz de Leti ecoou pela sala. - Sempre! – respondi. - Então vamos começar logo, precisamos de algo pra virar esse jogo – foi a vez de Tabata falar. A hora do almoço passou voando e, de novo, não chegamos a lugar nenhum. Letícia e Taís tiveram que voltar para seus respectivos trabalhos, eu e Tabata ficamos ali, mais alguns minutos. - Como conseguiremos reverter essa situação Titchela? – Tabata indagou, usando um apelido que ganhei na época da escola e confesso que amava ser chamada assim. - A gente vai dá um jeito Tabiti, eu sei que a gente dá. Não dá? – falei, de início com uma voz confiante, mas que deu espaço a toda a minha insegurança no final. Voltamos aos nossos afazeres e perto do final da tarde, trabalhando em um outro caso, lembrei-me de um detalhe que até então havíamos deixado passar no caso de Gabriel: todo mês o garoto fazia a feira da família. Isso era algo que poderia ser trivial, mas que também poderia ser de extrema relevância para o caso. Liguei para sua mãe e fiz a pergunta: - Dona Lúcia, boa tarde, desculpa tá incomodando a senhora, mas eu preciso te fazer uma pergunta – falei incerta. - Oi minha filha, claro que pode fazer, doutora – ela respondeu de prontidão. - Seu filho sempre faz a feira mensal, certo? - Hunrum – disse dona Lúcia com um som nasal. - E ele coloca o CPF na nota? – perguntei ansiando ouvir a resposta. - Coloca sim minha filha, ele diz que o tal do Nota Vitória pode dar 30% do valor do imposto. Eu não entendo disso daí não viu doutora, mas meu filho é um menino inteligente e sonha fazer faculdade dessas que mexe com os números. – respondeu. - Muito obrigado Dona Lúcia, tenho que desligar agora, depois eu volto a falar com a senhora – desliguei o telefone sem deixar a mulher responder. Logo estava eu entrando na sala de Tabata, falando que sabia como ao menos levantar uma dúvida plausível: - Ele usa o CPF na nota toda vez que vai fazer feira Tabiti! – falei animada. Claro que minha amiga logo entendeu e começamos a trabalhar nisso. Cheguei em casa ia dar 23h, minha mãe já estava dormindo e eu sabia que não deveria acordá-la, apesar da saudade que eu tava dela. Me dirigi até o banheiro para tomar meu banho e depois fui dormir, amanhã falaria com ela. A manhã de sábado chegou e eu acordei logo cedo pra ir trabalhar – sim, aos sábados também tem trabalho bebês. E de novo m*l tive tempo de aproveitar a presença da minha mãe em meu apartamento. Tomei um café rápido e fui correndo pro trabalho, minha mãe ainda não havia nem acordado, fui para o escritório, onde encontrei Tabata. Lá, trabalhamos até às 14h na apelação de Gabriel, quando finalmente acabamos ali, fomos almoçar. - Tabiti, eu tive um sonho estranho – confessei. - Estranho bom ou estranho r**m? – a loira me respondeu. - Estranho maravilhoso... – confessei novamente e minha amiga me olhou curiosa, me lançando um olhar para continuar – Então, eu tava nesse lugar, cheio de pessoas, não faço ideia de onde seja, e tinha essa mulher, que não faço ideia de quem seja – fui interrompida por Tabata. - GIZELLY SUA SAFADA!!! Amo saber dos sonhos eróticos do povo – falou um tanto alto, o que fez algumas pessoas que estavam sentadas em mesas próximas olharem para a gente. - Para sua louuuca! – falei envergonhada – Mas como eu ia dizendo, – voltei a contar sobre o sonho – tinha essa desconhecida, ela era alta e acho que era linda, porque todo mundo a olhava. - Acha? Como assim Gizelly, acha? – falou curiosa. - Eu não consegui focar em seu rosto... Eu só sei que eu ia dançar com ela. - Eeeee...? – Tabata falou curiosa. - E nada. Foi só isso – respondi. - E isso é estranho maravilhoso desde quando Gizelly? Tá mais pra lixo bizarro. – disse quase que indignada. - Então, mas a sensação que eu tive foi boa, acordei com um sorriso no rosto e nem me importei de não ter dormido muito – falei enquanto colocava outra garfada de comida na boca. - Hm, se você diz... Mas seus sonhos já foram melhores Gizelly – disse e começamos a rir. Após o almoço fui pra casa, já tinha todo um plano de passar o resto da tarde com minha mãe, afinal, haviam meses que não a via, queria muito aproveitar sua presença em casa. - Até que enfim estou tendo a honra de me encontrar com minha filha em sua própria casa – disse minha mãe debochada. - Trabalho que fala, dona Márcia – a respondi enquanto caminhava em sua direção para abraçá-la. Fiquei ali dentro de seu abraço por um tempo, precisava daquilo, estava exausta de tanto trabalhar, não tinha tempo pra nada, tinha meses que nem uma boca eu beijava e as únicas pessoas que eu via que não era do meu trabalho eram Leti e Taís, porque às vezes marcávamos pra beber no final de semana. Ao sair de seu abraço, perguntei o que ela queria fazer naquela tarde, mas nem deu tempo dela me responder, meu celular estava tocando e pelo nome na tela, sabia que tinha que atender. - Oi Dr. Bottini, aconteceu alguma coisa? – perguntei séria, sabia que a resposta seria positiva, meu chefe nunca me ligava sem que algo tivesse acontecido. - Boa tarde Dra. Bicalho, preciso que você volte para o escritório, surgiu um novo caso e eu quero dedicação total de todos do escritório. E não precisa se preocupar, seremos bem pagos e vocês receberão pelo trabalho extra. – respondeu. Me desculpei e me despedi de minha mãe e voltei para o escritório. Quando cheguei, Tabata já estava lá me aguardando. - Você sabe o que tá rolando aqui Titchela? – não poupou tempo para realizar a pergunta. - Não faço ideia Tabiti, mas tô louca pra descobrir. Entramos e o Dr. Bottini logo nos apresentou o caso. Era sobre um empresário bastante famoso no Espírito Santo e um dos mais ricos do Brasil. Ele havia escolhido nosso escritório por ser um dos mais renomados da grande Vitória.  O caso não era simples, precisaríamos de muito trabalho e era exatamente o que íamos fazer pelos próximos dias, provavelmente seriam dias em claro e de exaustão. - Mais dias sem dormir, vou estocar o café – Tabata sussurrou em meu ouvido, eu apenas ri, mas sabia que ela tava mais que certa, tínhamos que ter todo café do mundo pra encarar o que estava por vir.  
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