"Estou bonita o suficiente, Dorian?" perguntou Charline, e ele respondeu com um sorriso caloroso e um aceno sincero.
Ao avaliá-la — percorrendo com o olhar o deslumbrante vestido de noite que escolhera pessoalmente —, Dorian não podia negar: sua acompanhante para o evento estava simplesmente radiante.
Uma loira impressionante, Charline chamara sua atenção no primeiro encontro, num evento social onde acompanhava o pai. Dali em diante, o relacionamento florescera.
Seus encantadores olhos azuis cativaram Dorian. Bem, não exatamente a ele, mas seu desejo. Naquela noite trocaram piscadelas provocantes e insinuações de duplo sentido que o incentivaram — ele quisera aqueles belos olhos fitando-o enquanto a possuía com intensidade.
No início, fora uma aventura — Dorian usara seu discurso de conquistador para seduzi-la e levá-la para a cama, e felizmente seus charmes funcionaram rápido.
Na mesma noite, com a permissão do sempre disposto pai dela — sócio seu nos negócios —, fingiram discutir negócios antes de, sozinhos de verdade, ele marcar um encontro para aquela noite. Após o evento, levou-a a um dos hotéis clássicos que possuía e a possuiu intensamente por horas.
Até hoje sabia que ela seguia maravilhada com sua destreza s****l — e a vivacidade dela era o que os mantinha juntos até agora.
Depois daquela noite, continuaram se vendo. Ele começou a levá-la a encontros, mimando-a com presentes e viagens, deixando claras suas intenções de namorar — mesmo que o relacionamento não durasse muito.
Logo a mídia descobriu. Num evento público de negócios, com consentimento paterno, tornaram o relacionamento oficial em meio a aplausos, enquanto a imprensa enlouquecia.
Era sua primeira namorada pública em anos — e, conhecido por seu estilo de vida de conquistador, a mídia ficou mais que surpresa. Mesmo semanas depois, Dorian ainda era manchete.
Agora, não estavam exatamente estáveis — mas ela era bastante possessiva com ele e a força por trás da continuidade do relacionamento. Seu pai queria que se casassem, dizendo que isso consolidaria tantos interesses...
"Dorian, querido..." Chamou sedutoramente, interrompendo seus pensamentos. Colocou as mãos bem cuidadas em seus ombros, e ele usou as próprias mãos tatuadas para segurá-la, pousando-as suavemente em sua cintura.
"Sim, Charline..." Respondeu de forma ríspida, olhando para ela — e pôde ver as íris dela escurecendo.
"Não, não..." Balançou a cabeça freneticamente, sabendo o que ela queria.
"Mas ainda temos trinta minutos antes do evento." Ela fez biquinho, os lábios vermelhos totalmente expostos. Apesar do efeito sobre ele, Dorian se controlou.
"Você já está toda arrumada — e a maquiadora acabou de fazer justiça ao seu rosto lindo. Se eu te agarrar agora, você e eu sabemos que vai ficar desmanchada — e não quer passar pelo estresse de se arrumar de novo, quer?" Perguntou, gentilmente afastando seus braços dos ombros e levantando-se. "Eu mesmo nem estou vestido ainda."
"Posso me arrumar de novo, e..."
Parou quando alguém bateu na porta da suíte do hotel onde estavam hospedados.
"Entre." Disse Dorian. Entrou Augustin — seu segurança, braço direito e melhor amigo.
Augustin era amigo de infância de Dorian. Enquanto Dorian lutava na faculdade por um diploma em administração e fundamentos financeiros, Augustin — menos interessado em educação — trabalhava em empregos simples e como segurança em restaurantes e clubes, usando o dinheiro para sustentar os dois.
Seu porte robusto e aparência feroz ajudaram a garantir os empregos. Quando Dorian estabeleceu sua reputação, nomeou Augustin como seu chefe de segurança — depositando extrema confiança no melhor amigo e único irmão que tivera.
Apesar da aparência séria, Augustin era um homem cheio de amor e carinho — e saber que já era casado e tinha uma família que amava profundamente deixava Dorian feliz por ele.
Ficava contente que os dois estivessem indo bem, exatamente como planejaram quando crianças.
"A limusine está pronta, Dorian, e os guardas posicionados. Estamos prontos — mas você não." Augustin acrescentou com sarcasmo e, olhando para Charline, deu-lhe um aceno curto — retribuído com relutância.
Nunca se deram bem — Augustin já dissera uma vez que apenas a tolerava.
Às vezes, Dorian pensava que Augustin a odiava porque ela não era a pessoa que queria para ele — mas já superara o passado, e Augustin precisava aceitar.
Naquela época, eram amigos — Augustin e Marine...
Só o pensamento do nome dela bastava para trazer uma expressão azeda a seu rosto. Balançou a cabeça vigorosamente, descartando todos os pensamentos.
"Vou me vestir logo, e descemos." Dorian disse. Com um sorriso caloroso, Augustin saiu.
"E nada?" Charline fez biquinho — mas Dorian já estava longe, no banheiro, optando por não responder. Ouviu-a resmungar e andar de um lado para o outro — algo que sempre fazia quando brava ou frustrada —, mas ele já estava focado em suas obrigações.
Não havia mais nada a fazer.
.......
Marine olhou para si mesma no espelho do banheiro da suíte. O interior requintado rivalizava com qualquer outro que já vira — e, se estivesse ali em visita comum, teria demorado a admirar os detalhes em mármore com acabamento dourado e desenhos florais.
Mas não — estava ali porque precisava transmitir confiança.
Precisava se concentrar no trabalho, só isso! Chegara mais cedo ao hotel designado e, seguindo instruções do gerente, todos os recepcionistas e garçons do evento reuniram-se num quarto enquanto se vestiam e preparavam.
Já haviam sido instruídos sobre o que e como fazer. Só restava alinharem-se e começarem.
O evento já rolava no grande salão de banquetes, e Marine sabia que seu trabalho começaria logo. Não era a primeira vez como garçonete no exterior — mas não conseguia explicar o que sentia.
Estava tão nervosa — as palmas suadas, a confiança se deteriorando rapidamente, sem razão aparente.
Viera ao banheiro por privacidade, longe da agitação na suíte, e para tentar recuperar a compostura e a confiança.
Esfregando as mãos suadas, respirou fundo e disse devagar: "É só um evento, servindo uns metidos e socialites ricos. Marine, você consegue!"
Sim! Ela conseguiria — pensou consigo mesma quando a porta do banheiro abriu e alguém chamou seu nome lá fora.