Dorian entrou no evento já em andamento, com Charline a seu lado — braços entrelaçados, a imagem perfeita do casal poderoso que a mídia adorava retratar. Chegavam alguns minutos após seu discurso de boas-vindas no palco, feito como de costume com Charline ao lado. Agradecera os convidados do evento corporativo.
Saíra para um pouco de ar fresco, e Charline, sempre companheira, o seguira. Agora estavam de volta, direto para seus lugares. O público se aquietou com sua reentrada — era como se chegasse pela primeira vez, sentindo os olhares dos convidados sobre si enquanto caminhava. Ao escanear a multidão, acenou como esperavam dele mais uma vez.
Enquanto acenava, procurava o assento VIP reservado para ele e Charline — o mesmo onde se sentaram minutos antes. Com a música da banda ao vivo de fundo, Dorian cantarolava suavemente o sucesso de Tim Jones que tocava, guiando Charline ao lugar.
Estava quase lá quando sentiu um toque nas costas — e congelou. Virando-se para ver quem o interrompera, deparou-se com um casal idoso. Reconheceu o homem entre eles — um de seus associados — e sorriu.
Sr. Leblanc, lembrava-se do nome. Ao olhar para a senhora de cabelos grisalhos ao lado, vestida com roupas e joias caras, Dorian inclinou a cabeça em respeito.
"Sr. Dorian." O idoso cumprimentou, estendendo a mão para um aperto. Dorian retirou o braço de Charline e apertou as mãos frágeis e venosas do homem. "Sr. Leblanc. Que bom vê-lo hoje."
"Igualmente, igualmente." Disse o ancião com um sorriso. Dorian apresentou sua namorada ao velho e sua esposa, que a acolheram de braços abertos.
Uma garçonete loira passava perto. Dorian sinalizou e, quando ela chegou com uma bandeja de bebidas, pegou quatro copos, distribuindo-os. Deu um gole do seu e perguntou: "O que o trouxe aqui? Você raramente sai e…"
"Querido."
Dorian parou quando Charline o tocou. Erguendo o copo em direção ao Sr. Leblanc com uma leve desculpa, virou-se para ela — levemente irritado, mas mascarando os sentimentos.
Odiava interrupções, ainda mais quando o homem em questão era um dos empresários mais renomados da Itália, um bilionário. Claro, ela não fazia ideia — e mesmo se soubesse, não se importaria…
Suspirou suavemente. "O que foi?"
"Tô apertada, preciso do banheiro. Volto já." Murmurou devagar, e ele apenas acenou rapidamente antes de retomar a conversa enquanto ela saía.
"Conheço aquela moça. O pai dela já trabalhou pra mim…" começou o Sr. Leblanc, ainda observando Charline se afastar com um sorriso. Dorian olhou para ela de novo antes de voltar ao senhor. "Claro que não me surpreenderia se o conhecesse. Aquele homem é um faz-tudo…" Dorian acrescentou, e o velho riu.
Deixando Charline de lado, continuaram falando de negócios. A esposa de Leblanc também se despediu, e logo estavam só os dois, taças de vinho na mão, passando o tempo.
…….
"Finalmente vamos servir esses esnobes metidos." Marine murmurou em voz alta, para diversão das colegas que desciam as escadas com ela.
"Você é tão engraçada, sabia?" uma disse. Revirando os olhos, respondeu cômica: "Claro que sou. Sou uma comediante, uma drama queen — pelo menos isso me distrai dos pensamentos confusos."
Finalmente começaria seu turno, pensou consigo mesma enquanto descia as escadas, bandeja de vinho na mão — cheia de copos de suco e coquetéis.
Descia com confiança — era quando realmente começava seu trabalho, em vez de antes. Algo inesperado acontecera, e ela e algumas colegas foram atrasadas e ordenadas a ajudar na cozinha antes de sair.
Ficara chateada com isso — queria ver o anfitrião fazer seu discurso —, mas a gorjeta ao final compensava um pouco. Estava grata pelo dinheiro extra… Precisava…
Olhando ao redor no meio da agitação, Marine desceu as escadas com as colegas. Após breves despedidas e gestos de boa sorte, todas se separaram, cada uma seguindo seu caminho.
Marine caminhou em linha reta, misturando-se à multidão. Em minutos, com um sorriso alegre e impecável — escondendo suas preocupações —, já servia os convidados e evitava cuidadosamente os homens que tentavam dar em cima.
Coletava gorjetas — podia usar dinheiro extra aqui e ali. Assoviando a música de fundo, rindo com leveza e se divertindo, não percebeu quando esbarrou numa senhora que vinha em sua direção.
Imediatamente, sua bandeja de taças de vinho caiu sobre a mulher — manchando o vestido e se espatifando no chão. Os olhos de Marine se arregalaram de horror.
Não, não! Isso não podia estar acontecendo…
Certamente era uma alucinação, um sonho — mas os murmúrios da multidão, os olhares que perfuravam suas costas, os gritos histéricos da mulher e os cacos de vidro que já perfuravam seus pés lembravam-lhe claramente: era real, e ela se metera numa encrenca das grandes.
Rapidamente ajoelhou-se — sem importar-se com os cacos espalhados —, suando profusamente, gotas de suor escorrendo pelo pescoço e ombros. Murmurando desculpas, começou a recolher os copos quebrados.
Não tinha ideia de que horas eram enquanto continuava catando os pedaços. Ninguém vinha socorrê-la, ou ao menos ajudar — e o pior: a mulher gritava furiosa, reclamando.
"Sinto muito, senhora." Disse lentamente, erguendo os olhos do chão para olhar a mulher e implorar por misericórdia — mas a jovem, irredutível, continuava aos berros.
Droga! Pensou consigo, baixando o rosto de novo, sem nem olhar direito para a mulher com quem trombara.
Pela forma como gritava, causando caos, Marine deduziu ser uma mimada — ou esposa de algum bilionário, obviamente, porque…
Droga! Não devia estar pensando nisso.
Deveria estar pensando em como controlar a situação — pois sabia que teria que pagar por isso. Além de humilhada e envergonhada ali mesmo, seria repreendida assim que a festa terminasse.
Era um dos pequenos infortúnios de seu trabalho — e devia estar sempre atenta para não criar esse tipo de cenário. Agora, estragara tudo feio.
Multidões já se formavam, o evento em desordem. O medo crescente do que poderia acontecer se a situação piorasse a fez tentar freneticamente pegar os copos e simplesmente desaparecer — mas sabia que não podia.
Provavelmente seria chamada para explicações, e sua gorjeta da noite seria retida — já que violara regras.
Com lágrimas queimando no fundo dos olhos, Marine ainda tentava encontrar uma solução quando ouviu uma voz masculina — grave e profunda — gritar do meio da multidão, aproximando-se:
"Que diabos está acontecendo aqui?"
"Charline, querida, o que houve?" O homem perguntou de novo. Dessa vez, os sussurros na multidão aumentaram significativamente, e ela ouviu a mulher responder:
"Ah, querido, estou perdida. Aquela garçonete tola manchou meu vestido. Ela fez todo o tempo que passei me arrumando virar um desperdício, e agora…"
"Quem?" O homem perguntou outra vez, sussurrando palavras de consolo ao ouvido dela — e, por suas palavras, era óbvio que eram amantes. Imediatamente, o coração de Marine apertou-se de ciúmes.
Ah, bem… já suspeitara. A mulher era certamente esposa de um bilionário rico e pomposo.
Gente inútil, todos eles! Praguejou em sua mente, chorando silenciosamente e com dor, sentindo os cacos de vidro continuarem a perfurar sua pele.
"Lá… lá está ela." A mulher gritou, obviamente apontando para Marine. Sem conseguir conter sua vergonha por mais tempo, Marine decidiu enfrentar o casal — pronta para se desculpar ou colocar tudo em pratos limpos, pois tudo não passava de um erro e******o —, quando suas mãos congelaram…
Não, não, isso não podia estar acontecendo de novo!
Os copos que conseguira colocar numa bandeja espalharam-se novamente, e a bandeja caiu de suas mãos assim que ela cruzou olhares com o amante da mulher com quem esbarrara.
De olhos arregalados, outra lágrima escorreu de choque por seu rosto.
Não, não era verdade! Era um sonho — repetia para si mesma —, mas enquanto mantinham os olhares fixos, bocas abertas em choque, Marine soube que aquela noite era definitivamente um dia de desgraça.
Pois à sua frente estava ele… Dorian Michel. O homem que partira seu coração e destruíra seus sonhos. O homem que a deixara e a transformara em motivo de escárnio. O homem que amara e estimara desde a infância. Dorian Michel, o pobre mecânico a quem entregara seu coração e corpo…
"Não!…"