Sophie continuava parada diante da fonte, o vento noturno brincando com algumas mechas soltas de seu cabelo.
O som distante da festa se misturava ao murmúrio da água, e por um momento, ela conseguiu respirar.
Sem que ela percebesse ele estava ali, a poucos metros, observando-a em silêncio.
Encostado à moldura de pedra que delimitava o jardim, o terno escuro contrastando com a luz suave da lua, o olhar fixo nela com uma intensidade que parecia atravessar qualquer defesa.
Por alguns segundos, ele não disse nada.
Apenas a observava a rigidez dos ombros dela, o modo como o peito subia e descia devagar, como se tentasse controlar algo dentro de si.
Era raro ver Sophie McGoldrick assim: fora do controle.
E ele teria mentido para si mesmo se dissesse que não gostava de vê-la assim.
Quando finalmente decidiu se aproximar, o som dos passos dele sobre o piso de pedra fez Sophie se virar de imediato.
O olhar dela, frio e calculado, voltou em um segundo.
— Está me seguindo agora? — perguntou, erguendo o queixo, tentando disfarçar o nervosismo que o simples olhar dele provocava.
Theodore deu um leve sorriso, parando a poucos passos dela.
— Digamos que fiquei curioso pra saber onde minha noiva desapareceu no meio do evento. — respondeu com uma calma irritantemente provocadora.
— Eu precisava de ar. — ela rebateu. — E não sabia que precisava pedir permissão pra isso.
— Permissão? — ele arqueou uma sobrancelha, a voz carregada de sarcasmo. — Imagine, Sophie. Se eu tentasse te controlar, você me atropelaria antes de terminar a frase.
Ela cruzou os braços, irritada.
— Então por que veio atrás de mim?
Ele fingiu pensar por um segundo, o olhar ainda firme no dela.
— Talvez porque vi o senhor Rowe te olhando como se ainda tivesse algum direito de fazê-lo. — disse, com aquele tom calmo que era pior do que um grito. — E talvez porque eu não gosto de deixar dúvidas sobre a quem você pertence em público, e talvez fora dele também.
Sophie estreitou os olhos, o coração acelerando.
— Eu não pertenço a ninguém, Theodore.
Ele inclinou levemente a cabeça, um meio sorriso se formando no canto da boca.
— Claro que não. Só que… você tremeu quando eu te toquei, lembra?
Sophie travou por um segundo.
A voz dele saiu baixa, rouca e o olhar, insolente.
Ela se recompôs rapidamente, mas o sangue subiu ao rosto, a raiva e o desconforto se misturando de forma perigosa.
— Você é um i*****l, Theodore— disparou, tentando passar por ele.
Mas Theodore moveu-se rápido, colocando-se na frente dela, o rosto próximo o bastante para que ela sentisse o perfume dele.
— E você é péssima em fingir que não sente nada, Sophie.
Ela o encarou, os olhos faiscando raiva, confusão, desejo.
E ele apenas sustentou o olhar, calmo, provocador, quase divertido.
— Volta pra festa, Theodore. — murmurou ela, enfim, com a voz um pouco trêmula.
Ele sorriu de leve.
— Eu volto quando você voltar.
Sophie respirou fundo, e começou a ir em direção a festa.
Quando Sophie tentou passar por Theodore, ele estendeu o braço num movimento quase instintivo, impedindo-a de seguir adiante.
Ela parou, o corpo a poucos centímetros do dele, e o ar pareceu parar entre os dois.
— Theodore… — disse, em tom de advertência, mas a voz saiu mais fraca do que ela gostaria.
Ele inclinou a cabeça, estudando-a com um olhar calmo, curioso — perigoso.
— Por que está nervosa? — perguntou, a voz baixa, quase um sussurro. — Achei que nada te abalasse.
— Não estou nervosa. — respondeu rápido demais, o que o fez sorrir.
O sorriso dele era lento, provocante.
— Então por que não consegue me encarar?
Sophie levantou o olhar, determinada a provar o contrário, mas cometeu o erro de fitá-lo nos olhos.
O verde intenso, tão próximo, fazia tudo ao redor desaparecer o barulho distante da festa, o vento, até o som da própria respiração.
O silêncio se prolongou, denso.
Theodore aproximou-se um pouco mais, apenas o suficiente para que ela sentisse o calor da presença dele.
Ele podia ver cada mínimo detalhe do rosto dela o leve tremor nos cílios, o ritmo acelerado do peito.
— Viu? — murmurou, o tom rouco e seguro. — Não é raiva, Sophie. É outra coisa.
Ela engoliu em seco, tentando reagir.
— Você está confundindo as coisas.
— Eu acho que não. — respondeu ele, um pouco mais perto, a voz como uma carícia perigosa. — Acho que está apenas tentando negar.
— Não seja i****a, Theodore — Ela começa tentando soar firme — eu não sinto nada por você. E nunca vou sentir. — ela continua, mas seu tom de voz saí mais baixo do que ela pretendia.
Theodore da uma risada baixa, seca, perigosa.
Ele ergue os olhos, passando pelo jardim rapidamente, checando se alguém os observava.
Sophie franze o cenho.
— Eu não posso mais esperar que você negue— sussurrou Theodore contra seu ouvido, a puxando pela cintura com força, fazendo com que o corpo dela se moldasse ao dele. — Eu quero você, agora.
—Theod..— Sophie tentou protestar, mas sua voz foi silenciada pela boca de Theodore.
O beijo era intenso, firme, possessivo. Sophie deixou a máscara de indiferença cair, seu corpo se curvava contra o dele em uma urgência quase dolorosa. Apesar de tentar resistir com palavras, não conseguia negar a eletricidade que percorria sua pele. Seus dedos se enroscaram nos fios loiros dele, puxando-o levemente para mais perto.
Theodore sentia cada reação dela, cada arfar, cada suspiro. Ele sentia cada segundo de entrega dela como um incentivo. Deixou que seus lábios descessem pelo pescoço, seguindo com beijos lentos até o ombro exposto pelo vestido. Provando a ela que seu corpo respondia antes mesmo dela formular uma palavra.
Ela arfava incapaz de resistir a atração que tinha entre eles, a mesma atração que ela lutava a semanas para esconder. Reprimida por medo e ego.
Theodore traçou um caminho de beijos lentos na pela curva do pescoço de Sophie, até a sua orelha onde ele deixou uma mordida leve no nódulo.
Sophie suspira mais fundo dessa vez.
— Theodore— ela tenta repreender, mas sua voz sai baixa, quase como um sussurro.
Ele sorri baixo contra seu pescoço.
— O que? Meu amor.— Theodore responde em seu ouvido, baixo, provocante.
Sophie respira fundo, tentando se recuperar. Ela não o afasta, apenas aperta seu braço.
— Estamos no meio de uma festa, tenha respeito. — Ela diz se afastando apenas o suficiente para encara-lo e encontra seus olhos verdes, escuros... o que faz prender a respiração por alguns segundos.
— Eu prometo me comportar. Se você prometer que vamos continuar mais tarde. — o tom é leve, brincalhão.
Sophie se afasta revirando os olhos.
— Vamos, a gente tem que voltar.— Ela diz puxando ele levemente, ainda ofegante.
Ela sabia que precisava sair dali antes que cedesse por completo.
Theodore a segue.
Assim que eles retornam ao salão, a postura impecável.
Porém Sophie ainda carrega um leve rubor nas bochechas pela intensidade do que viveram no jardim, a respiração ainda descontrolada.
Quando retornam são cercados por conhecidos os parabenizando pelo noivado. Sophie mantém o sorriso cordial.
— Senhores, se me dão licença. Vou buscar uma água para minha noiva.— Theodore diz com um sorriso malicioso, que só Sophie poderia entender o porquê.
Ela solta uma risada baixa, sem graça. Por mais acostumada que fosse com seu jeito brincalhão e provocador, ainda a irritava e fascinava na mesma proporção.
— Sempre atencioso, querido.