Capítulo 50. Casamento marcado

612 Words
Beaumont& McGoldrick Grup- NY 11/10/2022 - 18:15 O dia passou arrastado para Theodore. Ele chegou cedo à B&M, mais calado do que o habitual. Passou a manhã em reuniões, mas não ouviu metade do que foi dito. Cada relatório, cada apresentação, cada número à sua frente parecia perder o sentido. O nome Sophie McGoldrick ecoava na cabeça dele, junto com o peso da decisão que havia tomado. Ele a evitou o dia inteiro propositalmente. Não foi ao departamento de design, não buscou café e pediu que todas as comunicações passassem por e-mail. Era mais fácil lidar com contratos do que com os olhos dela. Mas o universo, ou talvez o destino, não parecia disposto a poupá-lo. Já passava das seis quando ele recolhia os últimos papéis sobre a mesa, pronto para ir embora, quando a porta de sua sala se abriu com um estrondo. Sophie entrou. O salto firme ecoou no chão de mármore, e o olhar dela faiscando raiva poderia muito bem ter incendiado o escritório. — Então é assim que você faz as coisas agora? — a voz dela cortou o silêncio, fria e afiada. — Decide sozinho, e manda a sua secretária marcar o nosso casamento sem sequer falar comigo? Theodore travou, a pasta ainda na mão. — Sophie... — Não se atreva a me chamar assim com essa calma! — ela interrompeu, dando um passo à frente. — Genevieve veio até mim para confirmar a data, Theodore! O dia sete do próximo mês? Você enlouqueceu? Ele respirou fundo, tentando manter o controle. — Precisamos dar continuidade a esse acordo, Sophie. O contrato com os acionistas, a imagem pública... tudo depende disso. — Acordo? — ela repetiu, incrédula, a voz embargada de fúria. — Você acha mesmo que pode me tratar como uma cláusula de contrato? Theodore fechou a pasta com força e a colocou sobre a mesa. — Estou apenas sendo prático. Foi o que você quis desde o início, não foi? — O tom dele era cortante, defensivo. — Separar emoções dos negócios. Os olhos dela faiscaram. — Não distorça as coisas, Theodore. Eu nunca disse que você podia decidir por mim. Ele deu um passo à frente, a voz mais baixa, mas carregada de tensão. — E se eu não decidisse, você ia arrastar isso até quando ? Por um instante, os dois ficaram em silêncio. A raiva dele se misturava à dor, e Sophie percebeu por trás do olhar frio algo ferido, quase vulnerável. Ela inspirou fundo, tentando se controlar. — Você não confia em mim, não é? Theodore hesitou, os dedos apertando o tampo da mesa. — Eu não posso me dar ao luxo de confiar em ninguém quando se trata da Beaumont Holdings. O silêncio que se seguiu pareceu denso demais. Sophie engoliu em seco, os olhos marejados, mas não deixou que a voz tremesse: — Então talvez você tenha se esquecido de que esse casamento era para unir as negócios, não para me humilhar. Ela se virou para sair, o salto ecoando com firmeza. Mas antes de atravessar a porta, se deteve por um segundo e disse, sem olhar para trás: — E não se preocupe, Theodore. Eu estarei lá no dia sete. Nem que seja apenas para mostrar o quanto você se enganou sobre mim. A porta bateu, e o som reverberou pelo escritório. Theodore ficou parado, o olhar fixo no vazio. O coração acelerado. A mente dividida entre o orgulho e um arrependimento que ele não queria admitir. "O que ela tá fazendo comigo ?" — pensou, passando a mão no rosto. E, pela primeira vez, duvidou se ainda sabia distinguir o que era estratégia... e o que era sentimento.
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