Capítulo 31. Grande dia

574 Words
Paris — Três semanas depois 02/10/2022 6:40 Grand Palais — Sala de ensaios para o evento “Legacy & Future” As luzes brancas iluminavam o salão imenso. Modelos iam e vinham pelos corredores, os produtores gritavam ajustes de última hora, e uma equipe de marketing se desdobrava para manter tudo dentro do cronograma. No centro do caos, Sophie McGoldrick permanecia serena ou ao menos tentava. De tailleur creme, cabelos presos em um coque impecável e tablet em mãos, ela controlava tudo: os convites, a posição das câmeras, a lista da imprensa, o cronograma dos discursos. — Não, o banner com a logo duplo precisa ser centralizado. A união das marcas precisa parecer equilibrada, não uma absorção. — dizia ela, sem levantar o tom, mas deixando o ambiente inteiro em silêncio. — Impressionante. — murmurou Theodore, surgindo ao seu lado com um copo de café e um sorriso provocante. — Em dez minutos você mandou em mais gente do que eu em um trimestre inteiro. — É por isso que o evento vai funcionar,querido.— Sophie respondeu sem olhar para ele — E por isso você não tem amigos. — completou ele, tomando um gole do café. Ela respirou fundo, claramente se controlando. — Theodore, se você veio apenas para irritar, volte para seu escritório, que é o único lugar que você serve pra alguma coisa . — Respondeu seca — Vim aprovar o cenário do desfile. — respondeu ele, andando ao redor da passarela. — Ou melhor, desaprovar. Sophie se virou lentamente, sorriso irônico nos lábios. — Jura? E o que você não gostou, Beaumont? — É frio demais. — disse ele, gesticulando. — Cinza, branco, metal. Isso grita McGoldrick. Mas e a Beaumont? Onde está o luxo, o charme, o calor do clássico? — No discurso que você fará. — respondeu ela, seca. Ele arqueou a sobrancelha, divertindo-se. — Adoro quando você tenta ser espirituosa. Sophie se aproximou dele, firme, o olhar gelado. — Escute, Beaumont. Esse evento é para o público acreditar em uma união sólida. Se quiser brilho, eu mando colocar um lustre estratégicamente em cima da sua cabeça. Ele riu, genuinamente. — Ou posso deixar você brilhar por mim.— Respondeu ele piscando para ela. Ela revirou os olhos e virou-se de volta para o palco. Mas ele continuou: — Sabe o que é curioso, Sophie? Você fala como se isso fosse só trabalho… mas seus olhos entregam o contrário toda vez que eu chego perto. Ela girou lentamente para encará-lo, sem se deixar intimidar. — Está confundindo irritação com interesse. — Talvez eu só goste de ver você perder o controle. — disse ele, com a voz baixa, quase sussurrando. Por um instante, o mundo pareceu parar. A tensão entre os dois era palpável e se alguém os observasse, pensaria que estavam prestes a se beijar no meio do caos parisiense. Mas Sophie deu um passo para trás, retomando a postura profissional. — Volte a focar, Theodore. Temos um desfile daqui a duas horas. Ele sorriu de canto. — Você é péssima em fingir que não gosta disso. — E você é péssimo em lembrar que isso é um contrato. — rebateu ela, pegando o tablet e se afastando. Theodore ficou observando-a ir embora, com aquele andar decidido que misturava elegância e autoridade. Ele deu um último gole do café, murmurando para si mesmo: — E mesmo assim, vai ser a noiva mais convincente que Paris já viu.
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