Capítulo 54. Vestido de Sophie

780 Words
Beaumont& McGoldrick Grup- NY 25/11/2022 18:30 Theodore passou o resto da tarde tentando se concentrar em relatórios e reuniões, mas a imagem de Sophie ajustando a gravata dele com aquele olhar firme e o toque breve demais simplesmente não saía da cabeça. Ele já tinha se acostumado à maneira autoritária dela, às farpas e ao controle constante, mas naquela sala... algo tinha mudado. Por um instante, ela parecia mais próxima. Humana. Quase vulnerável. Quando percebeu, já tinha perdido completamente o foco. O relógio marcava mais de seis da tarde, e ele ainda não havia assinado metade dos documentos. Levantou-se da mesa, impaciente. — Genevieve? — chamou, mas foi Felicity, a secretária de Sophie, quem apareceu à porta. — Senhor Beaumont? A Genevieve saiu há pouco. Posso ajudar em algo? Theodore hesitou, passando a mão pelo cabelo. — Você viu a senhorita McGoldrick hoje? Felicity sorriu, como quem sabe mais do que deveria. — Ela saiu há uns quarenta minutos, senhor. Foi fazer a prova do vestido de noiva. Ele franziu o cenho. — Hoje ? — Sim, na Maison Élise, na avenida principal. — disse ela, animada. — Disse que queria resolver tudo hoje, antes que o senhor resolvesse “decidir por ela de novo”. — completou com uma risadinha. Theodore reprimiu um suspiro, entre irritado e intrigado. — Obrigado, Felicity. — respondeu seco, já pegando o paletó. Antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, ele já estava fora da sala. A Maison Élise era uma das lojas de alta costura mais exclusivas da cidade discreta, sofisticada, com vitrines que exibiam vestidos de noiva como se fossem obras de arte. Theodore entrou, e o ambiente pareceu silenciar à sua volta. A recepcionista se aproximou imediatamente. — Boa tarde, senhor. Posso ajudá-lo? — Estou procurando Sophie McGoldrick. — respondeu, direto. Ela assentiu, surpresa, mas educada — Claro, senhor Beaumont. A senhorita McGoldrick está no andar de cima, sala de prova principal. Ele subiu as escadas de madeira polida e, ao se aproximar da porta entreaberta, ouviu risadas femininas e a voz da estilista elogiando o modelo. — Está perfeito em você, senhorita Sophie. O caimento é impecável. A voz de Sophie veio logo em seguida, suave, mas firme como sempre: — Está lindo, mas eu ainda não tenho certeza sobre o decote nas costas. Theodore encostou na moldura da porta, observando por alguns segundos. Sophie estava de costas, diante do espelho, o vestido branco ajustado perfeitamente ao corpo. Era elegante, clássico, com um brilho sutil que parecia se misturar à pele dela. O cabelo preso de forma simples deixava o rosto em evidência e, por um momento, Theodore esqueceu por que tinha ido até ali. A estilista notou a presença dele primeiro e sorriu, discretamente. — Senhorita McGoldrick... acho que tem uma visita. Sophie se virou e, por um instante, ficou completamente imóvel. Os olhos dela se arregalaram levemente. — Theodore? Ele deu um passo à frente, as mãos entrelaçadas atrás do corpo, um sorriso contido no canto dos lábios. — Parece justo. Você invadiu minha prova de terno... achei que devia retribuir o favor. Sophie cruzou os braços, tentando disfarçar o embaraço. — Você não tinha nada melhor pra fazer na empresa? — Nada mais interessante que isso. — respondeu, tranquilo. Ela bufou, desviando o olhar para o espelho. — Está invadindo território, Beaumont. Ele caminhou lentamente até ficar atrás dela, a poucos passos de distância. No reflexo, seus olhares se encontraram e, por um instante, o tempo pareceu parar. — Só vim ver como está ficando o vestido. — disse, com a voz baixa. — Afinal, é o da minha noiva. Sophie tentou responder, mas a voz falhou por um segundo. — Não começa, Beaumont Ele ainda olhando o reflexo dela no espelho. — É impossível não olhar — Respondeu baixo, seus olhos presos nos dela através do espelho. O silêncio se instalou entre eles, pesado, intenso, com algo que nenhum dos dois queria admitir. A estilista pigarreou discretamente, quebrando o clima. — Vou... deixar vocês à vontade por um momento. — disse, saindo da sala. Assim que ficaram sozinhos, Sophie respirou fundo, voltando a cruzar os braços. — Satisfeito agora? — Não exatamente. — ele respondeu, com um leve sorriso. — Achei que ia gostar de te ver irritada de novo... mas acho que prefiro assim. Ela virou o rosto, o coração acelerado demais. — Você está completamente impossível hoje. — Só estou sendo justo — disse, dando um passo à frente. — Agora estamos quites. Sophie tentou sustentar o olhar, mas acabou desviando. Porque, no fundo, sabia que Theodore tinha razão e que aquele jogo perigoso entre eles já estava deixando de ser apenas encenação.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD