Capítulo 52. Começando a ceder

447 Words
Ela caminhou firme até seu próprio escritório, os saltos marcando um ritmo decidido mas, por dentro, o coração estava descompassado. Largou o tablet sobre a mesa e se apoiou na beirada, respirando fundo. "Por que eu fiz aquilo?" — pensou, apertando os olhos. "Por que me importei tanto com aquela mulher?" A imagem de Victoria, com o sorriso insinuante e a mão no braço de Theodore, voltava à mente como uma provocação. Sophie sentiu o rosto esquentar, mas não de vergonha, de irritação. Era absurdo. Ela não tinha o direito de se irritar. Fechou os olhos e se forçou a pensar racionalmente, como sempre fazia. —Ele é seu noivo por contrato. Um parceiro de negócios. Nada mais. Tudo isso é fachada um acordo— murmurou baixo para si mesma. Mas as palavras soaram ocas, quase risíveis dentro da cabeça dela. Porque, por mais que tentasse negar, o incômodo não vinha do acordo. Vinha do fato de ter visto outra mulher arrancar um sorriso de Theodore, aquele sorriso raro, genuíno, o mesmo que ele raramente mostrava para ela. Sophie se afastou da mesa e começou a andar pelo escritório, como quem tenta escapar dos próprios pensamentos. "Isso é ciúme? Não. Não pode ser. Que merda" Mas o coração acelerado e o nó na garganta falavam por si mesmos. Ela se jogou na cadeira, cruzando as pernas e olhando fixamente para o tablet desligado, como se ele pudesse lhe devolver o controle que parecia ter escapado. Você não pode se dar ao luxo de sentir nada por ele, Sophie. Ele é calculista, impulsivo, irritante... — Sophie pensava, mas logo a lembrança do beijo de alguns dias atrás voltava a mente, a atormentando. —O que eu menos preciso agora é confusão emocional— Murmurou tentando se convencer Ainda assim, a lembrança dele olhando para ela aquele olhar firme, quase provocador, mas com algo que sempre parecia querer entender ela, desarmava. Sophie passou as mãos pelo rosto, soltando um suspiro longo. — Ridículo... — murmurou para si mesma. — Estou me comportando como uma adolescente. Levantou-se, alisando a saia e ajeitando o coque, tentando se recompor. O reflexo no espelho da parede a encarou de volta — fria, elegante, controlada. Era assim que ela precisava ser. Mas, lá no fundo, uma parte dela sussurrou, quase como uma confissão: Talvez, por um instante, eu...queria que fosse real.. Sophie respirou fundo, endireitou os ombros e voltou ao trabalho, como se pudesse enterrar aquele pensamento debaixo de planilhas e compromissos. Mas a verdade é que, pela primeira vez, ela percebeu o quanto Theodore estava afetando seu controle e isso a assustava, pela primeira vez Sophie McGoldrick tinha algo que não conseguia controlar.
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