Ela caminhou firme até seu próprio escritório, os saltos marcando um ritmo decidido mas, por dentro, o coração estava descompassado.
Largou o tablet sobre a mesa e se apoiou na beirada, respirando fundo.
"Por que eu fiz aquilo?" — pensou, apertando os olhos.
"Por que me importei tanto com aquela mulher?"
A imagem de Victoria, com o sorriso insinuante e a mão no braço de Theodore, voltava à mente como uma provocação.
Sophie sentiu o rosto esquentar, mas não de vergonha, de irritação.
Era absurdo.
Ela não tinha o direito de se irritar.
Fechou os olhos e se forçou a pensar racionalmente, como sempre fazia.
—Ele é seu noivo por contrato. Um parceiro de negócios. Nada mais. Tudo isso é fachada um acordo— murmurou baixo para si mesma.
Mas as palavras soaram ocas, quase risíveis dentro da cabeça dela.
Porque, por mais que tentasse negar, o incômodo não vinha do acordo.
Vinha do fato de ter visto outra mulher arrancar um sorriso de Theodore, aquele sorriso raro, genuíno, o mesmo que ele raramente mostrava para ela.
Sophie se afastou da mesa e começou a andar pelo escritório, como quem tenta escapar dos próprios pensamentos.
"Isso é ciúme? Não. Não pode ser. Que merda"
Mas o coração acelerado e o nó na garganta falavam por si mesmos.
Ela se jogou na cadeira, cruzando as pernas e olhando fixamente para o tablet desligado, como se ele pudesse lhe devolver o controle que parecia ter escapado.
Você não pode se dar ao luxo de sentir nada por ele, Sophie.
Ele é calculista, impulsivo, irritante... — Sophie pensava, mas logo a lembrança do beijo de alguns dias atrás voltava a mente, a atormentando.
—O que eu menos preciso agora é confusão emocional— Murmurou tentando se convencer
Ainda assim, a lembrança dele olhando para ela aquele olhar firme, quase provocador, mas com algo que sempre parecia querer entender ela, desarmava.
Sophie passou as mãos pelo rosto, soltando um suspiro longo.
— Ridículo... — murmurou para si mesma. — Estou me comportando como uma adolescente.
Levantou-se, alisando a saia e ajeitando o coque, tentando se recompor.
O reflexo no espelho da parede a encarou de volta —
fria, elegante, controlada.
Era assim que ela precisava ser.
Mas, lá no fundo, uma parte dela sussurrou, quase como uma confissão:
Talvez, por um instante, eu...queria que fosse real..
Sophie respirou fundo, endireitou os ombros e voltou ao trabalho, como se pudesse enterrar aquele pensamento debaixo de planilhas e compromissos.
Mas a verdade é que, pela primeira vez, ela percebeu o quanto Theodore estava
afetando seu controle e isso a assustava, pela primeira vez Sophie McGoldrick tinha algo que não conseguia controlar.