O salão do Hotel L’Olivier estava iluminado por lustres de cristal e decorado com arranjos de flores brancas e douradas. O evento beneficente reunia empresários, políticos e figuras da alta sociedade o tipo de lugar onde Theodore e Sophie precisavam parecer o casal perfeito.
Ele a esperava próximo à entrada, impecável em um terno preto, com o olhar impaciente no relógio. Quando Sophie surgiu no topo da escadaria, por um instante, ele esqueceu de respirar.
O vestido dela era um tom profundo de vinho, com um corte elegante que deixava os ombros à mostra. Os cabelos presos de forma sofisticada, os brincos discretos tudo nela exalava poder e controle.
Mas Theodore, atento como estava, notou algo diferente nos olhos dela: uma tensão escondida, um brilho contido que não tinha nada a ver com o evento.
— Está linda — disse ele, num tom baixo, quase involuntário, quando ela parou ao seu lado.
Sophie manteve o rosto sereno.
— Obrigada. Vamos entrar.
Ele ofereceu o braço, e ela aceitou com a mesma formalidade que usaria em uma reunião. Às câmeras, pareciam perfeitos elegância e harmonia em cada gesto.
Durante o jantar, os dois sorriram, brindaram, cumprimentaram convidados e responderam a perguntas sobre o casamento como se nada no mundo pudesse abalar aquela união.
Mas Theodore percebia cada vez mais o quanto o olhar de Sophie fugia do dele.
Entre um brinde e outro, ele se inclinou levemente e murmurou:
— Você vai me contar o que aconteceu hoje de manhã?
Sophie pousou a taça com calma, o sorriso fixo no rosto.
— Não há nada a contar.
— Sophie… — ele insistiu, agora com o olhar sério. — Eu vi o jeito que você ficou quando ouviu o nome daquele homem.
Ela desviou os olhos para o palco, onde um quarteto de cordas começava a tocar.
— Alexander não é assunto seu.
— Ele parecia ser mais do que um conhecido — retrucou Theodore, sem elevar a voz.
Ela então virou o rosto lentamente, encarando-o com aquele olhar frio que já intimidara muitos executivos.
— E você deveria se lembrar de que o nosso acordo não envolve ciúmes.
— E essa cláusula serve só para mim, por acaso ?— rebateu seco.
A frase a atingiu em cheio.
Sophie recostou-se na cadeira, mordendo a língua para não responder de forma impulsiva.
Mais tarde, enquanto dançavam para as câmeras e fotógrafos, Sophie manteve o sorriso perfeito.
Só que Theodore, com a mão firme em sua cintura, sentia o corpo dela tenso.
— Você confia em mim? — ele perguntou em um sussurro, aproveitando o momento em que giravam no salão.
Ela hesitou apenas um segundo antes de responder:
— Eu confio no contrato, Theodore.
Ele prendeu o ar, forçando um sorriso para as lentes ao redor.
Mas por dentro, sentiu algo perigoso uma mistura de raiva e preocupação.
Aquela mulher à sua frente era uma muralha, mas ele sabia que havia rachaduras.