Capítulo 60. Evento de gala no Hotel L'Olivier

490 Words
O salão do Hotel L’Olivier estava iluminado por lustres de cristal e decorado com arranjos de flores brancas e douradas. O evento beneficente reunia empresários, políticos e figuras da alta sociedade o tipo de lugar onde Theodore e Sophie precisavam parecer o casal perfeito. Ele a esperava próximo à entrada, impecável em um terno preto, com o olhar impaciente no relógio. Quando Sophie surgiu no topo da escadaria, por um instante, ele esqueceu de respirar. O vestido dela era um tom profundo de vinho, com um corte elegante que deixava os ombros à mostra. Os cabelos presos de forma sofisticada, os brincos discretos tudo nela exalava poder e controle. Mas Theodore, atento como estava, notou algo diferente nos olhos dela: uma tensão escondida, um brilho contido que não tinha nada a ver com o evento. — Está linda — disse ele, num tom baixo, quase involuntário, quando ela parou ao seu lado. Sophie manteve o rosto sereno. — Obrigada. Vamos entrar. Ele ofereceu o braço, e ela aceitou com a mesma formalidade que usaria em uma reunião. Às câmeras, pareciam perfeitos elegância e harmonia em cada gesto. Durante o jantar, os dois sorriram, brindaram, cumprimentaram convidados e responderam a perguntas sobre o casamento como se nada no mundo pudesse abalar aquela união. Mas Theodore percebia cada vez mais o quanto o olhar de Sophie fugia do dele. Entre um brinde e outro, ele se inclinou levemente e murmurou: — Você vai me contar o que aconteceu hoje de manhã? Sophie pousou a taça com calma, o sorriso fixo no rosto. — Não há nada a contar. — Sophie… — ele insistiu, agora com o olhar sério. — Eu vi o jeito que você ficou quando ouviu o nome daquele homem. Ela desviou os olhos para o palco, onde um quarteto de cordas começava a tocar. — Alexander não é assunto seu. — Ele parecia ser mais do que um conhecido — retrucou Theodore, sem elevar a voz. Ela então virou o rosto lentamente, encarando-o com aquele olhar frio que já intimidara muitos executivos. — E você deveria se lembrar de que o nosso acordo não envolve ciúmes. — E essa cláusula serve só para mim, por acaso ?— rebateu seco. A frase a atingiu em cheio. Sophie recostou-se na cadeira, mordendo a língua para não responder de forma impulsiva. Mais tarde, enquanto dançavam para as câmeras e fotógrafos, Sophie manteve o sorriso perfeito. Só que Theodore, com a mão firme em sua cintura, sentia o corpo dela tenso. — Você confia em mim? — ele perguntou em um sussurro, aproveitando o momento em que giravam no salão. Ela hesitou apenas um segundo antes de responder: — Eu confio no contrato, Theodore. Ele prendeu o ar, forçando um sorriso para as lentes ao redor. Mas por dentro, sentiu algo perigoso uma mistura de raiva e preocupação. Aquela mulher à sua frente era uma muralha, mas ele sabia que havia rachaduras.
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