A noite já avançava, e o salão estava tomado por risadas, flashes e conversas cheias de sorrisos falsos.
Sophie precisava de um respiro de algo que quebrasse a pressão de parecer perfeita o tempo inteiro.
Ela se afastou da mesa, dizendo a Theodore que iria buscar uma bebida.
Caminhou até o balcão do bar com a postura impecável de sempre, o vestido vinho deslizando com elegância a cada passo. Pediu uma taça de champanhe e respirou fundo, tentando aliviar o nó no peito.
Mas o alívio durou pouco.
— Imagine encontrar você aqui. — a voz masculina soou atrás dela, carregada de sarcasmo.
Sophie fechou os olhos por um instante antes de se virar.
— Alexander. — disse, com frieza. — Pensei que tivesse entendido o recado.
Ele sorriu, inclinado levemente sobre o balcão.
— Entendi, mas nunca fui bom em seguir ordens suas. — respondeu, pegando um copo de whisky. — Além disso, não podia perder a chance de ver o “casal do ano” de perto.
— Você não tem o que fazer? — ela rebateu, olhando fixamente para frente, sem dar o prazer de encará-lo.
— Eu só queria matar a saudade, Sophie. — ele provocou, a voz baixa e cínica. — Afinal, não é todo dia que a mulher que prometeu nunca depender de homem nenhum, resolve se casar… e logo com um Beaumont.
O nome dele em seus lábios soou como uma ameaça.
Sophie se virou devagar, o olhar firme e gelado.
— Cuidado com o que insinua.
Alexander se inclinou um pouco mais, o sorriso se tornando insolente.
— Por que, Sophie? Vai mandar algum assessor me calar? Ou vai pedir pro seu noivo resolver por você?
Ela iria responder e talvez perder o controle , mas não teve tempo.
Uma mão firme segurou sua cintura, puxando-a para trás em um gesto protetor e possessivo.
A voz de Theodore soou às costas dela, calma e gelada como uma lâmina.
— Não precisa pedir. Eu já resolvo.
Alexander arqueou uma sobrancelha, surpreso.
Theodore com braço ainda em torno da cintura de Sophie a puxou ainda mais para si, os olhos fixos no outro homem com um olhar que misturava raiva contida e domínio absoluto.
— Theodore Beaumont. — disse Alexander, tentando disfarçar o desconforto com um sorriso irônico. — Um prazer finalmente conhecê-lo.
— Não posso dizer o mesmo. — respondeu Theodore, firme. — Já ouvi o suficiente sobre você pra saber que não devia estar aqui.
Sophie tentou intervir, mas Theodore apertou a mão em sua cintura, sem tirar os olhos do homem à frente.
— Eu sugiro que saia agora — continuou ele, o tom grave. — Antes que eu garanta que você nunca mais pise em um evento onde eu estiver.
Alexander riu, mas havia tensão em sua voz.
— Interessante. m*l se casaram e já está marcando território?
— Só estou deixando claro — disse Theodore, inclinando-se levemente para frente — que ninguém fala com minha mulher desse jeito.
Sophie mordeu o lábio inferior, tentando esconder a satisfação em ver Theodore daquele jeito.
*Minha mulher* Sophie congelou ao ouvir aquilo, ela bebeu um gole da sua champagne nervosamente.
O silêncio que se formou entre os três parecia prender o ar no salão.
Alexander manteve o sorriso por alguns segundos, mas acabou recuando, levantando o copo num gesto de falsa cortesia.
— Entendido. Por enquanto. — murmurou antes de se afastar entre os convidados.
Quando ele sumiu de vista, Theodore finalmente soltou um pouco a cintura de Sophie mas não o bastante para se afastar completamente.
Ela olhou para ele, ainda atordoada.
— Você não precisava… — começou, mas ele a interrompeu, o olhar ainda sério.
— Precisava sim. — disse, a voz baixa, rouca. — E chega desse assunto.
O jantar de gala seguia seu ritmo elegante, mas para Theodore, cada risada e cada flash das câmeras soavam abafados.
Ele percebeu algo que não podia ignorar: Alexander Rowe ainda circulava pelo salão, a olhos claros, observando Sophie.
A tensão subiu instantaneamente dentro dele.
O olhar de Alexander, calculista e provocador, parecia desafiar Theodore a qualquer momento.
Cada vez que Sophie se movia, Alexander acompanhava cada gesto, cada sorriso, cada pequeno ajuste do vestido sem pudor nenhum.
Theodore franziu o cenho, mantendo a postura impecável, mas o sangue fervia sob o terno escuro.
Ele se colocou calmamente ao lado de Sophie, enquanto cruzava os olhos com Alexander por alguns segundos.
O outro homem ergueu uma sobrancelha, percebendo a intenção silenciosa no olhar de Theodore.
Quando chegou perto de Sophie, ele colocou a mão firmemente em sua cintura, um gesto público, possessivo, mas que parecia natural, casual.
Sophie olhou para ele, surpresa com a proximidade, mas manteve o rosto neutro, tentando não demonstrar nada.
— Alguma coisa errada? — murmurou ele, inclinando-se como se fosse sussurrar algo em seu ouvido.
Mas, em vez de palavras, Theodore deixou os lábios tocarem a curva delicada do pescoço dela, um beijo rápido, mas carregado de intenção.
O perfume dela encheu suas narinas, e o leve arrepio que ela sentiu contra a boca dele não passou despercebido.
E o melhor ou pior, dependendo do ponto de vista era que ele não desviou os olhos de Alexander.
O olhar de Theodore era claro, desafiador, possessivo. Como se dissesse através do gesto. " Ela é minha"
Sophie sentiu o coração disparar, cruzou os olhos com o dele rapidamente.
Ela sabia que ele estava provocando não apenas Alexander, mas também a reação dela lembrando-a, de forma silenciosa de quem ele era.
Alexander, por outro lado, congelou por um instante ao presenciar a cena.
O sorriso provocador desapareceu, substituído por um olhar misto de surpresa e tensão.
Era evidente que a demonstração de Theodore tinha sido intencional, e tinha sido direta o suficiente para marcar território diante de todos.
Sophie sentiu uma onda de calor subir, mas por dentro sabia que aquilo era apenas uma das muitas estratégias do noivo dela.
E Theodore? Ele estava satisfeito.
Não apenas por proteger Sophie, mas por deixar claro quem realmente mandava no jogo e que qualquer provocação de Alexander tinha um preço imediato.
O restante do salão parecia continuar seu fluxo elegante, mas para aqueles três, o clima havia mudado.
Theodore estava determinado a vencer.