Nordstrom loja de ternos - NY
25/11/2022 - 15:40
A sala de provas da Nordstrom estava silenciosa, exceto pelo som das vozes do alfaiate e dos assistentes ajustando os últimos detalhes no terno de Theodore.
Ele estava diante do espelho, vestindo o traje creme que Sophie havia escolhido, sob medida, impecável, elegante.
Mas, enquanto o profissional ajustava a lapela, Theodore não parecia totalmente concentrado.
Pensava em Sophie.
Em como, desde aquela conversa fria e meticulosamente calculada, ela vinha mantendo distância.
E, curiosamente, quanto mais distante ela ficava, mais ele sentia falta da presença dela.
— Perfeito, senhor Beaumont. — disse o alfaiate, dando um passo atrás. — O corte realça os ombros, o caimento está exato.
Theodore assentiu, distraído.
— Certo, obrigado.
A porta se abriu sem aviso.
— Não tão rápido. —
A voz de Sophie cortou o ambiente, firme, autoritária e imediatamente reconhecível.
Theodore virou-se, e lá estava ela: impecável em um conjunto branco e bege, o cabelo solto dessa vez, e uma expressão de quem não estava ali apenas para elogiar.
Os assistentes se entreolharam, tensos, já acostumados com o magnetismo explosivo entre os dois.
— Senhorita McGoldrick — cumprimentou o alfaiate, visivelmente nervoso. — Não esperávamos—
— Eu sei. — ela o interrompeu, sem desviar o olhar de Theodore. — Mas achei que seria bom garantir que o noivo esteja devidamente apresentável.
Theodore arqueou uma sobrancelha.
— Achei que você confiasse no meu gosto.
— Eu confio — ela respondeu, dando um passo mais perto.
Ela circulou Theodore lentamente, avaliando o terno de cima a baixo.
O olhar era analítico, profissional, mas havia algo mais ali uma tensão palpável, quase elétrica.
Sophie se deteve diante dele e ajeitou levemente a lapela do paletó, seus dedos roçando de leve o tecido, e, sem querer, o braço dele.
— O corte está bom. Mas essa gravata... não. — Ela olhou para o alfaiate. — Traga a opção marfim com o toque dourado.
— Sophie... — Theodore murmurou, cruzando os braços. — Eu escolhi essa.
— Eu sei. E escolheu errado. — respondeu, sem sequer olhá-lo, com o tom de quem está apenas enunciando um fato.
O alfaiate saiu apressado, deixando os dois sozinhos por alguns segundos.
— Você realmente não consegue evitar dar ordens, consegue? — perguntou Theodore, com um meio sorriso.
Sophie o encarou, a expressão impassível.
— Eu só estou evitando que as fotos do nosso casamento pareçam uma falha de coordenação de cores.
— Claro — ele respondeu, irônico. — Porque o que realmente importa é a gravata combinar com o buquê.
Ela suspirou, impaciente.
— Theodore, eu não tenho tempo para o seu sarcasmo.
Ele deu um passo à frente, diminuindo a distância entre eles.
— Não, você nunca tem tempo pra nada que não possa controlar.
O olhar dela se ergueu, firme, cortante.
— E você nunca aprende que controlar as coisas é o que faz tudo funcionar.
Eles ficaram em silêncio por um momento, próximos demais, o ar carregado de uma tensão que o bom senso implorava para ser ignorada.
Então o alfaiate voltou, atrapalhando o instante, trazendo a nova gravata. Sophie pegou e se aproximou de Theodore novamente.
— Fique quieto. — disse, em tom quase baixo, enquanto começava a trocar a gravata dele com movimentos rápidos.
Os dedos dela tocaram o colarinho da camisa, o nó da gravata subindo devagar, o perfume suave dela se misturando ao dele.
Por um instante, Theodore prendeu a respiração, e Sophie também.
Quando terminou, deu um passo para trás, avaliando o resultado.
— Agora sim. — disse, com um meio sorriso surgindo — Está perfeito.
Theodore a observou, o olhar intenso, e murmurou:
— E você ainda acha que isso é só trabalho?
Sophie desviou os olhos, recolhendo o tablet que havia deixado sobre a cadeira.
— É exatamente isso. — respondeu, embora a voz tenha vacilado por um segundo. — Trabalho.
E saiu da sala com a mesma elegância com que entrou, deixando Theodore parado, o nó da nova gravata apertando mais do que deveria, e a sensação incômoda de que, a cada encontro ela o fazia sentir mais.
E ele, a cada encontro fazia ela ceder mais.