Beaumont& McGoldrick Grup- NY
11/10/2022 - 18:15
O dia passou arrastado para
Theodore.
Ele chegou cedo à B&M, mais calado do que o habitual. Passou a manhã em reuniões, mas não ouviu metade do que foi dito. Cada relatório, cada apresentação, cada número à sua frente parecia perder o sentido.
O nome Sophie McGoldrick ecoava na cabeça dele, junto com o peso da decisão que havia tomado.
Ele a evitou o dia inteiro propositalmente.
Não foi ao departamento de design, não buscou café e pediu que todas as comunicações passassem por e-mail. Era mais fácil lidar com contratos do que com os olhos dela.
Mas o universo, ou talvez o destino, não parecia disposto a poupá-lo.
Já passava das seis quando ele recolhia os últimos papéis sobre a mesa, pronto para ir embora, quando a porta de sua sala se abriu com um estrondo.
Sophie entrou.
O salto firme ecoou no chão de mármore, e o olhar dela faiscando raiva poderia muito bem ter incendiado o escritório.
— Então é assim que você faz as coisas agora? — a voz dela cortou o silêncio, fria e afiada. — Decide sozinho, e manda a sua secretária marcar o nosso casamento sem sequer falar comigo?
Theodore travou, a pasta ainda na mão.
— Sophie...
— Não se atreva a me chamar assim com essa calma! — ela interrompeu, dando um passo à frente. — Genevieve veio até mim para confirmar a data, Theodore! O dia sete do próximo mês? Você enlouqueceu?
Ele respirou fundo, tentando manter o controle.
— Precisamos dar continuidade a esse acordo, Sophie. O contrato com os acionistas, a imagem pública... tudo depende disso.
— Acordo? — ela repetiu, incrédula, a voz embargada de fúria. — Você acha mesmo que pode me tratar como uma cláusula de contrato?
Theodore fechou a pasta com força e a colocou sobre a mesa.
— Estou apenas sendo prático. Foi o que você quis desde o início, não foi? — O tom dele era cortante, defensivo. — Separar emoções dos negócios.
Os olhos dela faiscaram.
— Não distorça as coisas, Theodore. Eu nunca disse que você podia decidir por mim.
Ele deu um passo à frente, a voz mais baixa, mas carregada de tensão.
— E se eu não decidisse, você ia arrastar isso até quando ?
Por um instante, os dois ficaram em silêncio.
A raiva dele se misturava à dor, e Sophie percebeu por trás do olhar frio algo ferido, quase vulnerável.
Ela inspirou fundo, tentando se controlar.
— Você não confia em mim, não é?
Theodore hesitou, os dedos apertando o tampo da mesa.
— Eu não posso me dar ao luxo de confiar em ninguém quando se trata da Beaumont Holdings.
O silêncio que se seguiu pareceu denso demais. Sophie engoliu em seco, os olhos marejados, mas não deixou que a voz tremesse:
— Então talvez você tenha se esquecido de que esse casamento era para unir as negócios, não para me humilhar.
Ela se virou para sair, o salto ecoando com firmeza.
Mas antes de atravessar a porta, se deteve por um segundo e disse, sem olhar para trás:
— E não se preocupe, Theodore. Eu estarei lá no dia sete. Nem que seja apenas para mostrar o quanto você se enganou sobre mim.
A porta bateu, e o som reverberou pelo escritório.
Theodore ficou parado, o olhar fixo no vazio.
O coração acelerado.
A mente dividida entre o orgulho e um arrependimento que ele não queria admitir.
"O que ela tá fazendo comigo ?" — pensou, passando a mão no rosto.
E, pela primeira vez, duvidou se ainda sabia distinguir o que era estratégia... e o que era sentimento.