O tempo passou devagar demais naquela noite. O som das canetas riscando o papel, o tic-tac do relógio da parede e a respiração de ambos preencheram o escritório mas nada abafava a tensão entre eles.
Theodore tentava revisar um contrato, mas a letra borrava diante dos olhos. Ele desviava o olhar e, inevitavelmente, o encontrava em Sophie :os dedos dela tamborilando levemente na mesa, a forma como mordia o lábio inferior enquanto lia algo concentrada, o jeito quase displicente de ajeitar uma mecha de cabelo que escapava do coque e caía sobre o ombro. Cada detalhe era uma tortura.
Sophie, por sua vez, percebia cada movimento dele. O modo como Theodore mexia no anel do dedo, o músculo do maxilar contraindo cada vez que ele tentava se forçar a não olhar para ela. E justamente por perceber isso, decidiu aumentar o jogo.
Com calma, Sophie se levantou, caminhou até a estante e fingiu procurar uma pasta. Theodore observava em silêncio, mas o olhar dele a acompanhava como se fosse incapaz de resistir. Ela passou os dedos sobre as pastas e, quando puxou uma, inclinou-se um pouco mais do que precisava. A f***a discreta do vestido se abriu sutilmente.
Theodore respirou fundo, o ar preso no peito.
— Você está se divertindo com isso, não está? — a voz dele soou mais grave, quase um rosnado contido.
Sophie virou o rosto por cima do ombro, o sorriso discreto nos lábios.
— Não faço ideia do que esta falando— respondeu baixinho. — Mas a pergunta é: você está se divertindo, Beaumont?
Ele se levantou da cadeira. O movimento foi lento, calculado, mas seus olhos estavam fixos nela como se cada passo fosse inevitável. Sophie se endireitou, ainda com o a pasta em mãos, mas Theodore já estava próximo demais.
— Você tem ideia do que está fazendo comigo? — ele murmurou, baixo, como se fosse um segredo proibido.
Sophie engoliu em seco, mas manteve o olhar firme, provocativo.
— E se eu disser que sim?
Theodore deu mais um passo, diminuindo o espaço entre eles. O calor da presença dele era quase palpável. Ele inclinou a cabeça, aproximando os lábios do ouvido dela sem tocá-la.
— Então, Sophie… não reclame quando eu finalmente decidir parar de resistir.
Sophie fechou os olhos por um instante, um arrepio percorreu seu corpo inteiro. A pasta escorregou de suas mãos e caiu no carpete, esquecido.
O silêncio se prolongou, intenso. Theodore ainda não a tocava, mas a tensão entre os dois parecia gritar.
A pasta no chão foi ignorada. O som abafado dela caindo parecia um gatilho. Theodore que até então se segurava, deixou a respiração escapar pesada, como se tivesse tomado uma decisão que vinha adiando há muito tempo.
— Já chega de brincar comigo, Sophie— murmurou ele, a voz baixa e carregada de intensidade.
Antes que Sophie pudesse responder, Theodore avançou o último passo e a encurralou contra a estante. Sua mão deslizou pela cintura dela, firme, finalmente cedendo ao impulso que vinha reprimindo por dias,talvez meses.
Sophie arregalou os olhos por um segundo, mas não recuou. Ao contrário, o corpo dela reagiu de imediato, inclinando-se levemente em direção a ele.
— Então você realmente não vai resistir mais… — ela sussurrou, provocando ainda, embora a própria voz tivesse um tremor que a denunciava.
Theodore inclinou o rosto, seus lábios próximos dos dela.
— É isso que você queria, não é?
E, sem dar espaço para mais jogos, ele a beijou. Um beijo intenso, urgente, carregado de toda a tensão acumulada.
Sophie suspirou contra a boca dele quando sentiu a mão de Theodore apertando sua b***a com força, suas mãos subindo instintivamente para o peito de Theodore e depois para os ombros, puxando-o ainda mais para perto.
O beijo parecia não ter fim. Era como se todo o ambiente tivesse desaparecido. Só restava aquele toque, o calor, a explosão de algo que vinha crescendo silenciosamente desde os primeiros olhares trocados.
— Você me enlouquece, Sophie..— confessou em um sussurro rouco.
— É exatamente o que eu quero.