Capítulo 48. Ela me engana ?

521 Words
Theodore entrou em casa batendo a porta com mais força do que pretendia. O som ecoou pelo amplo saguão, e ele soltou um suspiro frustrado, passando a mão pelo cabelo ainda bagunçado. A lembrança do beijo com Sophie vinha como uma tortura viva, nítida, impossível de afastar. Elizabeth estava sentada na sala, lendo um dos relatórios que o filho havia deixado sobre a mesa mais cedo. Assim que o viu, ergueu os olhos e bastou um segundo para notar a tensão no semblante dele. — Theodore... — a voz dela soou calma, mas firme. — Aconteceu alguma coisa? Ele desviou o olhar, pegando um copo e servindo whisky,como se o movimento pudesse disfarçar o desconforto. — Nada importante. — respondeu sem convicção, tomando um gole. Elizabeth o observou em silêncio por um instante, antes de apoiar o copo de chá sobre o pires. — É por causa da Sophie, não é? Ele se virou, o maxilar travado. — Mãe, não começa. Não quero falar sobre ela. — Claro que não quer. — ela rebateu, sem se abalar. — Você nunca quer, quando o assunto é ela. Mas o seu humor entrega tudo, meu querido. Theodore ficou em silêncio, o olhar perdido na lareira. Elizabeth se levantou, caminhando até ele com aquele ar sereno e calculado que sempre a acompanhava. — Escute o que vou te dizer, Theodore — começou, com a voz baixa, mas cortante. — Essa garota pode parecer doce, profissional... até vulnerável, se quiser. Mas não se engane. Sophie McGoldrick é ambiciosa. Ela aprendeu a jogar muito bem, e se você não tomar cuidado, vai acabar sendo a peça que ela usa para vencer. Ele respirou fundo, mas não respondeu. Elizabeth continuou, implacável: — Você precisa marcar esse casamento logo. Dentro de um mês, no máximo. Antes que ela perceba que pode assumir as duas empresas sozinha. — Isso é absurdo. — ele rebateu, a voz mais alta do que pretendia. — Sophie não é assim. — Ah, meu filho... — Elizabeth soltou um riso baixo, quase triste. — Você está se deixando enganar. Está confundindo charme com lealdade. Acredite em mim, mulheres como ela sempre querem mais. E, quando conseguirem, não vai sobrar nada para os Beaumont. Theodore desviou o olhar, apertando o copo entre os dedos. Por mais que quisesse defender Sophie, as palavras da mãe o atingiram em cheio. O lado racional dele, aquele que sempre desconfiava de tudo começou a sussurrar que talvez Elizabeth tivesse razão. Mas então, a lembrança do beijo voltou a forma como Sophie o segurou, como se também quisesse tudo aquilo. Ela não parecia uma mulher que planejava destruí-lo. Parecia... Confusa Ele soltou um suspiro, deixando o copo sobre o balcão. — Eu sei o que estou fazendo, mãe. — Espero que saiba mesmo. — Elizabeth respondeu, voltando a se sentar. — Porque se não souber, Sophie McGoldrick vai acabar levando mais do que o seu coração. Theodore subiu as escadas sem responder. Mas, enquanto se trancava no quarto, sabia que o que o perturbava não era o aviso da mãe era o fato de que, por um instante, ele acreditou.
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