Bastidores do evento, após a coletiva de imprensa.
Os aplausos ainda ecoavam do salão quando Theodore e Sophie saíram pelos corredores laterais, seguidos por assessores, seguranças e repórteres tentando se aproximar.
— Senhor Beaumont, senhorita McGoldrick, olhem aqui! Só mais uma foto! — gritava um dos fotógrafos, enquanto eles seguiam em passos firmes até o camarim reservado.
Assim que a porta se fechou, o som abafado da multidão deu lugar ao silêncio tenso.
Um silêncio carregado de tudo que não fora dito em público.
Sophie largou o microfone sobre a mesa com um leve clang.
— Então é isso. — disse, virando-se lentamente para ele. — Você realmente fez isso. CEO da B&M, Theodore? Qual seu problema em dar o devido respeito a minha posição?
Theodore removeu o paletó, jogando-o sobre uma cadeira. O olhar dele era sereno, quase provocativo.
— Eu apenas fiz o que tinha que fazer.
— Tinha que fazer ? — Ela riu, incrédula. — Você usou o nome da minha empresa, o trabalho da minha equipe, e os créditos vão para você ?
Ele se aproximou um passo, a voz baixa, firme:
— Foi um gesto de poder, Sophie, meu nome estava afundando e eu tinha que fazer isso.No mundo dos negócios, o poder é o que mantém as pessoas vivas.
Ela cruzou os braços.
— E você acha que pode sobreviver me usando como escudo?
Theodore inclinou a cabeça, o olhar percorrendo o rosto dela com uma calma calculada.
— Eu não estou te usando. Estou te oferecendo algo que ninguém jamais pôde: o nome Beaumont. A tradição. A influência.
Sophie se aproximou um passo também, encarando-o de perto.
— Não confunda tradição com decadência, Theodore. O mundo mudou. Você só sobreviveu até agora porque eu aceitei essa fusão não o contrário.
Por um instante, o ar entre eles pareceu eletrizado.
Ela estava a poucos centímetros dele, o perfume delicado contrastando com o tom frio de desafio na voz.
Theodore arqueou um leve sorriso.
— Você fala como se não gostasse de estar aqui. Mas seu olhar diz o contrário.
Sophie respirou fundo, mantendo o controle, e respondeu com ironia afiada:
— Talvez seja só o prazer de ver um homem arrogante perder a vantagem que acha que tem.
Ele deu um meio riso, baixo, perigoso.
— Cuidado, McGoldrick. Às vezes, quem pensa estar no controle só está dançando conforme a música... e eu sempre escolho o ritmo.
Antes que ela pudesse retrucar, a porta se abriu abruptamente.
Um assessor entrou:
— Senhor Beaumont, senhorita McGoldrick… a imprensa quer vocês juntos para mais algumas fotos.
Os dois se encararam um silêncio de segundos que valia mil palavras.
Sophie ajeitou o cabelo, recuperando a postura impecável, e respondeu antes de sair:
— Então vamos dar a eles o show que esperam, não é?
Ela passou por ele com um leve toque de ombro, firme, proposital.
Theodore observou-a sair e murmurou para si, em tom baixo:
— Ah, Sophie… você ainda não entendeu que o show verdadeiro começou agora.