O carro parou suavemente diante da casa de Jenny. A fachada era elegante, iluminada por luzes quentes que davam um ar acolhedor um contraste gritante com a tensão silenciosa dentro do veículo.
Theodore desligou o motor e respirou fundo, como se precisasse recompor o autocontrole antes de enfrentar o próximo ato daquela encenação.
— Pronta? — ele perguntou, o tom calmo demais para não ser ensaiado.
Sophie assentiu, deslizando os dedos pelo cabelo antes de abrir a porta.
— Sempre, querido.
Assim que os dois desceram, a porta da frente se abriu e Jenny, uma mulher de sorriso caloroso e olhos atentos, apareceu no alto dos degraus.
— Sophie! Querida! — exclamou, descendo para abraçá-la. — Você está linda, meu amor.
— Obrigada, mãe — Sophie respondeu, abraçando-a com carinho. — Você também está maravilhosa.
Jenny afastou-se um pouco, o olhar percorrendo o vestido da filha e depois parando em Theodore. Um sorriso discreto surgiu em seus lábios
— Theodore, que bom que veio. É ótimo recebê-los aqui. — A voz de Jenny é tão doce, maternal.
Theodore se aproximou, polido como sempre.
— É um prazer voltar aqui, Senhora McGoldrick. — Theodore diz com um sorriso aberto, encantador.
— Oh, nada de formalidades, por favor — Jenny disse, dando um leve toque no braço dele. — Me chame de Jenny. — Ela lançou um olhar curioso para o pulso dele. — Belo relógio.
Sophie conteve um sorriso. Claro que a mãe notaria.
— Obrigado — Theodore respondeu, cordial. — Um pequeno capricho.
— Imagino — Jenny comentou, em tom leve, antes de voltar-se para a filha. — Espero que ele tenha bom gosto pra vinho também, porque abri uma garrafa especial pra hoje.
— Ah, ele tem. Pode ter certeza — Sophie disse, provocando, enquanto os três entravam.
A casa tinha aroma de jasmim e madeira, a mesa já posta com taças, guardanapos finos. Jenny os guiou até a sala de jantar.
— Fiquem à vontade. O jantar já está quase pronto. — Ela olhou para os dois, com aquele olhar de mãe que lê além das palavras. — E… vocês parecem cada vez mais unidos.
Sophie desviou o olhar, e Theodore limitou-se a um leve aceno, a expressão neutra demais para ser natural.
Assim que Jenny saiu para buscar algo na cozinha, Sophie apoiou uma das mãos na cadeira e comentou, em voz baixa:
— Parece que você ja conquistou minha mãe, e essa é o que ? A quarta vez que ela te vê ?
— Diferente de você — ele respondeu, ajeitando o paletó e sentando-se. — Ela é mais fácil, você há meses fica nessa de me odeia e me quer ao mesmo tempo.
Sophie se inclinou ligeiramente para ele, sussurando baixo.
— Vai se ferrar, Beaumont.
O sorriso de Theodore foi lento, perigoso.
— Sempre assim, McGoldrick.