O jantar seguia, entre aromas de massa fresca, taças de vinho e risadas ocasionais a maioria delas vinda de Jenny e Emma. Sophie, por outro lado, mantinha o sorriso contido e os dedos firmemente entrelaçados no guardanapo sobre o colo, como se fosse a única coisa mantendo-a centrada.
Jenny, recostada na cadeira, observava Theodore com genuíno entusiasmo.
— Eu preciso dizer, Theodore, é tão bom ver minha filha feliz novamente.
Theodore, que acabara de dar um gole no vinho, precisou fazer um esforço sobre-humano para não rir. Ele pousou a taça, ajeitando-se na cadeira.
— Feliz?
— Claro! — Jenny continuou, animada. — Sophie anda mais leve, mais… radiante.
Emma concordou, balançando a cabeça.
— Totalmente! Antes, ela vivia tensa, mergulhada no trabalho, parecia carregar o mundo nas costas, desde que papai faleceu, Sophie virou uma pedra. Agora… — ela gesticulou entre eles, sorridente. — Olha só pra vocês. Um casal de revista.
Sophie forçou um sorriso, os olhos faiscando na direção de Theodore.
— É, um verdadeiro conto de fadas moderno. — ela diz.
Ele cruzou o olhar com o dela, os cantos dos lábios ameaçando subir.
— Sophie é uma mulher forte. Imagino que assumir o comando de uma empresa depois de uma perca tão intensa, não foi fácil. Isso a tornou forte e um pouco seria demais. Mas estou trabalhando nisso — Ele diz de forma provocativa, mas genuíno.
Sophie escorrega a mão da mesa, e coloca na coxa de Theodore apertando com força.
— Obrigada, meu bem. Sempre sabe o que dizer. — Sophie diz apertando sua coxa, como forma de lembra-lo para não passar dos limites.
Theodore sorri. Não ligando para a pressão da mão de Sophie em sua coxa.
— Sempre, meu amor. — ele responde
— Ah, vejam só como ele fala calmo! — Jenny suspirou, encantada. — Um homem sereno, seguro, maduro… isso faz toda diferença.
Sophie quase engasgou com o vinho. — MÃE!
— Alguns homens você reconhece o caráter de longe.— Respondeu Jenny sorrindo.
— E o relógio ajuda — Emma completou, travessa. — Um homem que usa Patek Philippe não é qualquer um.
— EMMA! — Sophie exclamou, tentando conter o riso e o constrangimento. — Você está inflando demais o ego dele já.
— Eu só admiro bom gosto — Emma rebateu, rindo. — E ele tem de sobra.
Theodore limpou discretamente o canto da boca com o guardanapo, tentando manter a compostura.
— Vocês duas sabem deixar um homem encabulado.— Respondeu tentando não rir.
— Encabulado nada — Jenny comentou. — Está adorando a atenção, eu vejo nos olhos dele.
Sophie apertou os lábios, fingindo ajeitar o cabelo.
— Mãe, talvez a gente mude de assunto?
— Tem razão — Jenny concordou, mas logo completou: — Vamos falar do casamento!
Theodore e Sophie se entreolharam no mesmo instante, sincronizados na surpresa contida.
— Claro, o casamento — repetiu Theodore, no tom mais neutro que conseguiu. — Está tudo… em andamento.
— Vocês já escolheram a data? — perguntou Emma, curiosa.
— Ainda estamos ajustando agendas — Sophie respondeu rápido, antes que ele pudesse abrir a boca. — Há muitos compromissos da empresa, e… bom, queremos algo discreto.
— Discreto? — Jenny pareceu decepcionada. — Mas vocês são um casal importante! A cidade toda vai querer ver.
Theodore respirou fundo, disfarçando um sorriso.
— Prometo que, quando definirmos tudo, a senhora será a primeira a saber, Jenny.
— Quero ser mais que a primeira a saber — ela riu. — Quero ajudar a planejar!
— Ah, ótimo — Sophie murmurou baixo, entre dentes.
Theodore inclinou-se ligeiramente na direção dela, sussurrando: — Adoro jantar com as mulheres McGoldrick..
Ela lançou-lhe um olhar fulminante por baixo dos cílios. — Se você fizer minha mãe rir mais uma vez, eu te mato..
Ele sorriu, calmo, servindo mais vinho para disfarçar.
— Eu jamais.
Jenny os observava, sonhadora.
— Olha só… até quando provocam um ao outro, têm química. Muita
Emma suspirou teatralmente. — Casal do século.
Sophie levou as mãos até o rosto e não conseguiu segurar a risada dessa vez.