Capítulo 2

1460 Words
A jovem saiu a cavalo, levando a comida para o pai que passaria todo o dia vendendo por lá. Tudo estava normal o vento agitava seus cabelos como ela tanto amava sentir, até que ouviu o som de um cavalo se aproximar cada vez mais. Senti meu coração acelerar, todos por essas bandas me conhecem e denunciam logo sua presença para não me assustar sabendo da minha deficiência, mas essa pessoa ficou em silêncio até chegar perto, perto demais... – Será que pode me dar a honra de lhe falar um instante? – Diz Atílio surpreendendo-a no meio do caminho. Guadalupe ficou tensa de medo daquela voz grossa e desconhecida, sabia que pelo som dos passos do cavalo ele a estava seguindo. Não respondeu, apenas bateu as rédeas do cavalo delicadamente para fazer ele ir mais rápido. – Não te ensinaram que que deixar alguém falando sozinho é descortês? Já basta a recusa de seu pai ao meu convite, assim vou achar que isso é um atributo da sua família, estou certo? – Ele a olhava dos pés à cabeça, não se importava com o que a jovem poderia pensar, era da sua natureza agir assim. Atílio atravessou-se com o cavalo no caminho da moça e fez com que Raio de sol parasse bruscamente com ela pela primeira vez no meio do caminho. – Por favor...vamos, Raio de sol! – Ela clamava em sussurros. Guadalupe tentava fazer o cavalo andar, mas Atílio sempre atravessava seu caminho e fazia o cavalo parar. – Calma moreninha, por que está tentando fugir? Eu só quero conversar um instante, me chamo Atílio e me mudei a uns dias para cá. – Ele esticou a mão ao lado dela, mas a jovem sequer olhou por motivos óbvios. – Me deixe sair moço, preciso levar isso para o meu pai na cidade. – Guadalupe, está tudo bem? – Gabriel viu a movimentação suspeita dos dois e logo se acercou dando um olhar de fúria para seu rival. Ele surgiu como uma providência divina montado em seu cavalo e segurou as rédeas do cavalo dela acalmando os dois. – Gabriel? É você? – Sim, sou eu...vou te levar para a cidade. E você, deixe-a em paz, não sei quem é e já não gosto de ti! – Diz ele preparando-se para leva-la para longe. Aos poucos ela foi se acalmando. – Eu não fiz nada demais, ela se assustou por nada. Parece que nunca viu gente! – Responde ele sorrindo para deixar o rapaz ainda mais irritado enquanto levava Guadalupe dali. Atílio ficou sem entender aquela tamanha confusão por uma simples aproximação com aquela jovem, voltou para casa e ficou pensando com seus botões. Tantos defensores, arredia, medrosa, pais ciumentos e eu adoro um bom desafio! Perto dali... – Sabe quem é esse tal Atílio? – Pergunta Guadalupe curiosa sobre aquele homem que a abordou. – Dizem que é o novo dono das terras do comendador, não gosto do jeito dele contigo. O que ele queria com você? – Eu não sei dizer Gabriel, não dei chance para quele falasse muita coisa. – Vou pedir a dona Ester que não permita mais esses seus passeios, onde já se viu uma donzela vagar sozinha por ai? – Gabriel deixou transparecer o grande ciúme e medo de perder sua amiga para qualquer homem que pudesse atravessar seu caminho. – Se fizer isso eu nunca mais falo com você! – Gritou Guadalupe. –Eu quero te proteger Lupe (respiração ofegante) não quero esse tipo, ou qualquer outro olhando para você daquele jeito nunca mais. – Mesmo que queira, você não pode me proteger do mundo! – Eu só quero te proteger dele. – Eu sei me defender sozinha. – Diz ela ainda irritada. Os dois chegaram na cidade, algum tempo depois foram para casa, mas Gabriel não arredou de lá enquanto não deu seu recado aos pais dela e é claro contou da abordagem de seu rival com ela. – Guadalupe já foi se deitar, estava cansada pobrezinha! – Diz Ester se sentando ao lado de Gabriel. – Não quero que deixem aquele homem chegar perto dela de novo.... – Diz ele ainda furioso. – Acha que ele queria mais do que apenas conversar? A um dia nos convidou para jantar em sua casa, mas Leonel recusou. – E ele fez bem (levantou-se pensativo) aquele homem olhava para ela de um jeito, aposto que deve ser acostumado a desonrar as moças da cidade e acha que Guadalupe é uma dessas tolas. – Sempre existirão homens como ele, mas nossa Guadalupe sabe se defender. Deus não deu a ela menos do que precisa para viver, você a ama demais e como eu gostaria que ela o correspondesse. – Ester se compadecia do sofrimento de Gabriel, faria muito gosto que ele fosse o marido de sua filha única. – No coração não se manda dona Ester, mas eu acredito que algum dia ela possa me querer como marido. – Quem me preocupa é seu tio Leonel, já está velho e agora anda bebendo feito um pato e caindo por ai como se não tivesse família. – Prometo que vou pedir ao meu pai para falar com ele. ­– Responde Gabriel ao se sentar ao lado dela e segurar sua mão. – Eu lhe agradeço muito filho, significa muito para mim o seu carinho e preocupação com nossa família. Gabriel voltou para casa, ficou intrigado e pensando naquele forasteiro. Com certeza havia gostado e muito de Lupe, era rico e galanteador e com certeza sabia como dizer coisas bonitas para enganar as mocinhas da cidade, seria ainda mais fácil enganar as donzelas do campo como a sua amada. – Se ele cruzar mais uma vez seu caminho, será a última coisa que fará nessa vida. Se vou te perder que seja para Deus mas, nunca para um homem mesquinho como aquele! – Dizia ele cerrando os próprios punhos. – Falando sozinho filho? – Perguntou Saulo. – Conhece o herdeiro das terras do comendador papai? – Dizem que é um jovem rapaz de trinta e poucos anos, ainda sem esposa ou família. Deve ter vindo para se estabelecer ou quem sabe se casar? – Ele que procure mulher longe daqui! – Gabriel deu um soco na cômoda. – Por que a raiva? – Ele estava seguindo Guadalupe enquanto ia para a cidade! Se eu não chego a tempo, sabe-se lá o que faria com ela! – Não julgues para não ser julgado Gabriel. Como pode afirmar que ele a estava seguindo? – Pelo modo p********o como a olhava. – Gabriel fechava os olhos e ainda podia se lembrar da expressão do oponente. – Lupe é cega, mas não deixa de ser uma linda jovem. Você é homem assim como esse tal filho do comendador, um olhar mais incisivo é natural. – Saulo tentou acalmar os ânimos e fazer com que o filho mantivesse a razão. – Eu sinto papai, assim como sinto que ela nunca vai ser minha. – Gabriel se sentou na cama e suspirou. – Tente olhar ao seu redor filho, há de existir alguma moça que lhe ame... – De jeito nenhum! Se eu não tiver Guadalupe não quero nenhuma outra. Saulo saiu daquele quarto de coração partido, saber que o filho jamais seria feliz no amor era terrível. Queria ter netos e que sua família continuasse, via Gabriel sofrer ano após ano com aquele amor que sufocava seu coração. – Gabriel já chegou da casa de Lupe? – Perguntou Luíza comendo uma maçã. – Sim filha, está no quarto sofrendo mais do que antes. – Respondeu Saulo. – Lupe ainda vai fazer com que ele cometa uma loucura. – Seu irmão é que não percebe que essa batalha já está perdida a muito tempo. – Eu sinto muita pena dele viver assim sofrendo pelos cantos papai e ao mesmo tempo me dá raiva de ver ele no pé dela o tempo todo feito um burro! – Luíza se revoltava com a postura do irmão ao se colocar submisso ao amor que sentia por Guadalupe. Na casa de Atílio... – Parece meio perdido em pensamentos... – Diz Amélia se aproximando dele enquanto olhava pela janela. – A caipirinha dos olhos verdes, que morena tão linda Amélia! – Ele fechava os olhos e sorria ao se lembrar do encontro na estrada. – Já encontrou um bom motivo para ficar aqui na janela. – Se ela passasse agora mesmo, acho que eu não responderia pelos meus atos. – Aqui vai encontrar muitas como ela, belas e inocentes. Logo se encanta por outras te conheço bem até demais filho. Ele sorriu e cruzou os braços. – Guadalupe, o nome da virgem (risos) muito sugestivo e excitante! ­– Ele mordeu os próprios lábios.
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