Capítulo 01 Elisa

1946 Words
Elisa narrando Optei por morar na Penha porque, aqui no Rio, sei que vou ficar em paz. Duvido muito que alguém vá procurar a herdeira dos Andrades em um morro. Aqui, vou ficar tranquila. Não quero e não vou trabalhar em nenhum hospital ligado à minha família. Jamais. Publiquei nas minhas redes sociais que estava procurando uma vaga de emprego no Rio de Janeiro, como recém-formada. Logo entraram em contato comigo e me mandaram procurar por Antonela. Imediatamente, entrei em contato com ela, que me disse sobre uma vaga no Hospital da Penha. Não perdi tempo. Assim que ela falou o dia que eu poderia começar, já me enviaram o contrato. Preenchi tudo no mesmo dia e enviei de volta 30 minutos depois, por e-mail. Com tudo resolvido, arrumei apenas duas malas grandes: levei poucas roupas, sapatos, tênis e alguns produtos de higiene, porque não queria gastar com o que já tinha. Peguei uns seis jalecos que mandei fazer — uma economia para o início. Com tudo pronto, liguei para a rodoviária e comprei a passagem para o mesmo dia. Opa! Deixa eu me apresentar. Eu sou Elisa Andrade, tenho 28 anos, sou baixinha (1,58 m), com cabelos longos e cacheados até a cintura, e um corpo no estilo violão. Não sou feia, sou apresentável. Sou enfermeira e... viúva. Sim, viúva. Sofri um acidente de carro há dois anos, e meu marido faleceu. Também sou herdeira de uma fortuna que só me traz vergonha. Mais à frente conto os detalhes. Vivo sozinha desde que Paulo morreu. Nós éramos mais amigos que um casal, mas recomeçar depois de perdê-lo, após dois anos de casamento, foi difícil. Fui forçada a sair da minha zona de conforto. A única coisa que me prendia onde eu estava era o casamento. Não havia amor, mas aprendi a conviver com a situação. Era mais uma dependência mútua do que um casamento de verdade. Desci do ônibus sob o sol escaldante do Rio de Janeiro, peguei um Uber e fui observando cada prédio, cada casa, os morros. Sem saber ao certo se estava pronta para essa nova etapa, segui para um hotel. Sabia que, antes de qualquer coisa, precisaria falar com o dono do morro. Então, fui para um hotel perto da estação do metrô, não muito longe da Penha. Quando cheguei, fui direto para a entrada. Farelo: — Quer o quê aqui, cacheada? — perguntou um rapaz assim que passei por uma barreira. Ele me parou e disse: — Ei, bonita, não é assim que chega na Penha, não. Qual é a tua? — Ele passou o fuzil na minha frente, me fazendo parar de vez. Antes que ele avançasse, já fui me explicando. Elisa: — Bom dia! Vim de São Paulo e estou contratada como enfermeira no hospital daqui. Começo na segunda, daqui a uma semana, para ser exata — falei, e ele arqueou uma sobrancelha. — Quero ver uma casa aqui pra mim — despejei tudo de uma vez. Paciência não é uma das minhas maiores virtudes. Rádio ligado Farelo: — Aê, chefe! A enfermeira nova chegou — falou o rapaz no rádio, virando de costas para mim. — Ela quer ver uma casa — continuou, enquanto eu tentava ouvir a conversa. Já estava me contorcendo de tanto esperar. Granada: — Vê o que tu pode fazer, c*****o! Não acredito que tu me atrapalhou no meio de uma f**a com uma das melhores que eu tenho, por causa de uma enfermeira nova. Putä que pariu, Farelo, vai se fuder, c*****o — respondeu o chefe, claramente de péssimo humor. Farelo:— Já é, chefe. Vou ver a casa azul da 24. Se estiver de boa e a moça agradar, instalo ela lá. Falou — disse o rapaz, desligando o rádio sem nem esperar resposta. Esse cara é sinistro. Rádio desligado Farelo: — Elisa, né? — ele perguntou, e eu apenas balancei a cabeça. — Eu sou o Farelo. — Que porrä de nome é esse, Jesus? Elisa: — Prazer, Farelo — falei, e os outros que estavam por perto começaram a rir. — Falei algo errado? — perguntei, já intrigada. Farelo: — Fica sussa, Elisa. Só não fica falando pra geral que é um prazer, porque senão, tu vai arrumar problema pro teu lado — ele diz com um palavreado que me deixa de cabelo em pé. — Satisfação, linda. Prazer só na cama mesmo — agora entendi do que eles estavam rindo. Meio sem graça, passo pela entrada, ficando atrás das barricadas. Elisa: — Entendi, desculpa. Não estou acostumada com esse tipo de palavreado — tento me esquivar. — Farelo, né? — ele balança a cabeça confirmando. Farelo: — O chefe não vai poder te receber agora, então vamos lá ver a casa. Ela estava fechada há muito tempo, e não sei se vai agradar a patroa — ele me olha de cima a baixo, e eu sigo andando ao lado dele. — Sobe aí que chegamos mais rápido — agora vou ter que ficar pendurada num homem que nem conheço, e que acabou de dizer que prazer é só na cama. Elisa: — Estou de boa — ele para a moto com uma expressão de quem me partiria ao meio se pudesse. — Tá bem — ele me estende a mão para me ajudar a subir, e eu, segurando o vestido, subo na moto. Ele arranca, e eu, sem opção, acabo abraçando ele. Ah, Elisa, cada coisa que você tem que passar… Farelo: — Chegamos, patroa — já estou irritada com esse "patroa". — A casa é essa. Mas espero que tenha vindo preparada, porque deve estar suja pra c*****o — ele fala enquanto abre o portão. Elisa: — Uai — olho a casa de dois andares. — Não precisava ser tão grande. Na verdade, nem sei se terei dinheiro pra pagar isso — falo, e ele cai na gargalhada. Farelo: — Vê se tu gosta primeiro. O valor a gente vê depois. Como vai trabalhar aqui, não tem como fugir sem pagar o aluguel. E se tentar fugir, paga com a vida — ele fala, brincando, mas eu mantenho uma expressão séria, e ele engole o riso. — Como te falei, tá sujinha — é a minha vez de rir. A casa parecia um castelo m*l-assombrado, cheia de teias de aranha e poeira. "Sujinha" estou eu, que nem tive tempo de tomar um banho. Elisa: — Nada que água e sabão não resolvam — vou entrando e observando cada cômodo. A casa é ótima, tem até piscina, ar-condicionado e hidromassagem. Aí sim, gostei! — Esses móveis, eu posso usar tudo? — ele balança a cabeça, concordando. — Então está ótimo. Agora preciso de um lugar para comprar tudo: vassoura, sabão e umas coisinhas para começar a faxina — vou falando enquanto ele pega o rádio. Rádio on Barrão: — Fala aí, Farelo — alguém responde assim que o rádio apita. Farelo: — Traz uns bagulhos da mercearia pra mim aqui na casa azul da 24 — ele começa a listar tudo o que falei, e eu balanço a cabeça, negando. Barrão: — Chego em dois tempos, Farelo — o rádio apita de volta. Rádio off Elisa: — Não precisava, Farelo. Eu ia até lá — falo enquanto bato duas almofadas do sofá, e a poeira sobe na hora. Farelo: — Acho que vou chamar umas três tiazinhas pra te dar uma mão. Tu não vai terminar isso hoje não — ele fala, e logo alguém grita no portão. Ele sai e volta com várias sacolas, colocando-as no chão. — Tá aí. Vou precisar voltar pro meu posto. Quando acabar, é só me chamar que venho buscar a senhorita — ele diz, girando a chave da moto e saindo. Eu tiro o tênis, enrolo a barra da calça e faço um coque no cabelo. Começo a jogar água com sabão em tudo. Depois de 5 horas, com a casa brilhando e cheirosa, eu me sento no sofá e acabo dormindo de cansaço. Farelo: — Ih, pronto! Já vi que nem vai sair daqui hoje — me assusto com a voz grossa dele e me levanto num pulo, sentindo uma dor terrível. — Não precisa disso tudo, não, pô. Fica sussa aí. Se quiser, pode dormir. Trouxe umas roupas de cama e toalha, minha coroa mandou pra você — fico meio sem jeito, mas agradecida, porque era a única coisa que eu não tinha trazido. Teria que comprar. — Tá tudo limpinho e novinho. Ela vende roupa de cama e banho. Disse que é presente pra nova enfermeira — ele coloca as coisas no sofá, e eu olho no relógio. Já são 15h, e eu ainda estou sem almoço. Elisa: — Vou lá pro hotel e volto amanhã, com as minhas coisas, se puder, é lógico. Já dava pra ficar, né? — digo, e ele concorda com a cabeça. — Não tenho nada aqui. Se soubesse que arrumaria a casa tão rápido, já teria trazido minhas coisas, mas vacilei — falo, e ele me olha, passando a mão na barbicha de bode que tem no queixo. Farelo: — Fica tranquila, pô. Quando chegar, é só me chamar — diz ele. Subo até o quarto, guardo as roupas de cama que ele trouxe, desço, calço meu tênis, solto o cabelo e saímos os dois. XXX:— Fala, Farelo. Depois cola lá na boca, quero trocar uma ideia contigo — disse um cara bonitão. Na hora, lembrei da voz no rádio. Eita p***a, é ele! Nem olho. Seguro firme, e ele só buzina. Descemos o morro e Farelo me deixa na entrada. Chamei o Uber, que não demorou, e já entrei, pedindo a Deus pra me proteger. Respiro aliviada por sair da mira dos olhares deles. Chego no hotel, tiro a roupa e vou direto pro banheiro. Tomo um banho digno de uma hora, lavando o cabelo. A casa ficou limpa, mas ainda me sinto suja e fedida. Elisa: — Elisa, Elisa, agora não tem mais volta. Na Penha, ninguém te acha — falo olhando no espelho enquanto penteio o cabelo. Passo hidratante por todo o corpo, que está com a sensação de ter passado o dia numa obra de construção, de tão áspero que ficou. Passo desodorante, visto um camisão e uma calcinha, e vou até o frigobar. Pego queijo, presunto e um Activia de 500ml. Faço um sanduíche com quatro fatias de pão de forma, como e tomo 500ml de iogurte. Coloco o celular para carregar, ligo a TV, e me deito, sentindo meu corpo todo quebrado. Não cheguei nem a ver o título do filme, apaguei às 17h da tarde... RECADINHO DA AUTORA 💋 Se você ama um romance proibido, cheio de desejo, tensão e reviravoltas, então esse livro é seu lugar. Vem comigo viver essa aventura. De uma humilde autora pra você, leitora quente e corajosa. Te espero nas próximas páginas. AVISO LEGAL Esta obra é fruto da imaginação da autora. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, lugares ou situações reais é mera coincidência. 🚫 Proibido para menores de 18 anos. Contém cenas de viølência, sexø e linguagem imprópria. Todos os direitos desta obra estão reservados. A reprodução, distribuição ou compartilhamento em formato digital (PDF, ePub ou qualquer outro), sem a autorização expressa da autora, é proibida por lei. A viølação desses direitos é considerada crime, conforme a Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que regulamenta os Direitos Autorais no Brasil, podendo resultar em sanções cíveis e criminais. A distribuição não autorizada desta obra é crime. Respeite o trabalho de quem cria com amor, suor e dedicação. 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