Angela narrando Sabe quando você olha para uma pessoa e sente que ela precisa falar? Não porque ela quer. Mas porque tá sufocada. Era assim que eu via o Peixão naquele momento. Eu não conhecia ele direito ainda. Nossa troca era recente, a conexão entre nós ainda era frágil, nascendo aos poucos. Mas dava para sentir. Dava para ver nos olhos dele, no jeito que segurava o volante, no suspiro pesado que soltava vez ou outra. Ele tava no limite. Parecia alguém segurando um peso por muito tempo, acumulando, acumulando… E quando chega a hora de finalmente colocar para fora, não sabe nem por onde começar. Eu sabia exatamente como era essa sensação. Foi por isso que, quando nos sentamos na pracinha, enquanto Isabela corria para brincar, eu tomei coragem e perguntei direto: — Você quer

