Era uma manhã chuvosa. Eu estava em casa, arrumando as minhas coisas pessoais. As férias de verão estavam acabando e, na semana seguinte, já recomeçariam as aulas no colégio.
Seria meu último ano do ensino médio. Eu m*l via a hora de encerrar essa fase logo e começar a minha tão sonhada faculdade de Medicina Veterinária.
(Som de toque do celular.)
Olhei o visor: era o Léo me ligando.
Eu e o Léo éramos amigos desde os nove anos. Nos conhecemos no fundamental e, desde então, a nossa amizade só cresceu.
Ele, claro, cursaria Medicina — desde pequeno anunciava para o mundo inteiro que esse era o sonho da vida dele.
— E aí, o que me conta? — atendi.
— O que você me conta?! O que está fazendo nesse sábado chuvoso?
— Terminando de arrumar as coisas para começar as aulas sem bagunça. De bagunçado já basta o meu cérebro no último ano.
Ele riu.
— Vem para cá! Vamos aproveitar o nosso último fim de semana de férias.
— Ah, nem pagando! Você sabe que eu amo assistir Crepúsculo com esse tempo.
— Olha que top: podemos assistir CREPÚSCULO juntos! — Ele até enfatizou.
Eu sabia que ele não desistiria, então apenas cedi:
— Hm... tá! Vou me arrumar e já tô indo.
Desliguei e fui para o banheiro.
Não me arrumei demais — afinal, era a casa do Léo, zero preocupações. Coloquei um jeans claro, um casaco e finalizei com um cachecol, porque Seattle estava fazendo um frio de cortar a alma.
Em menos de dez minutos cheguei à casa dele e fui recebida pelo irmão mais velho, Lucas.
Ele abriu a porta e soltou:
— Ah, é você! Estava esperando alguém importante.
— Que pena, te decepcionei, né?
Ele riu.
— Léo tá no quarto!
Revirei os olhos e subi as escadas. Ao entrar no quarto, joguei a minha bolsa na cama.
— Cara, seu irmão é muito chato! Em quem ele puxou isso? Seus pais são incríveis. Será que ele é adotado?
Léo saiu do seu banheiro, rindo:
— Se for adotado, não sei! Mas sei que sou mais bonito e mais inteligente que ele.
Ri. E realmente: Léo era um gato. Cabelos pretos, olhos azuis, pele clara… impossível alguém não virar o pescoço quando ele passava.
Até hoje me pergunto por que nunca investi nele — seria um bom negócio.
Mas, apesar disso, nunca rolou malícia entre nós. Éramos aquele tipo de dupla que, para os outros, parecia suspeita… mas para a gente era só amizade mesmo.
— E aí, cadê meu Crepúsculo? Quero me afundar em lágrimas e perguntar para Deus por que não tenho dois gostosões me desejando.
— Ué, se esse for o problema, a gente resolve rapidinho — brincou.
Joguei uma almofada nele.
A minha vida s****l era um desastre. Aos meus 17 anos eu não tinha transado com ninguém, e aquilo me deixava encucada.
Eu não queria chegar na faculdade virgem. Não que eu quisesse casar com o primeiro cara, mas… queria que fosse especial.
— Ei, está pensando no que?
— Nada… só me perguntando por que ainda não consegui t*****r nos meus lindos 17 anos.
— Malu, desencana. Quando for a hora certa, você vai saber — disse ele, abrindo a porta para descer e pegar comida. — Mas se você quiser, eu já disse que posso resolver esse problema.
Bufei.
— Você sabe que é muito gostosa e linda. Pode ter qualquer cara do mundo na mão — continuou ele. — Eu amo você mais que tudo, e falo de verdade. Se eu não te visse como uma irmã, já teria ficado contigo.
E saiu rindo.
— Já volto, vou pegar comida!
— Melhor!
Ele desceu, deixando a porta meio aberta. De lá, dava para ouvir uma barulheira.
Curiosa, saí do quarto e vi quem era: os amigos de luta e faculdade do Lucas.
Toda vez que os pais do Léo viajavam, o Lucas se achava no direito de trazer aquele bando de maluco para ocupar a casa inteira.
Léo odiava quando eu ficava perto deles — sempre rolava um ciuminho.
Quando ele subiu as escadas, voltei correndo para o quarto, mas esbarrei no Theo, um dos amigos do Lucas.
— Opa! Olha por onde anda — disse ele, gentilmente.
— Desculpa! — respondi, desviando e entrando no quarto.
Léo entrou logo depois, fechando a porta com cara de poucos amigos.
— Meu, o Lucas nem avisou que ia ter esse social aqui em casa…
— Seu irmão sendo seu irmão, né?
Ele largou a comida na cama, bufou e finalmente colocamos Crepúsculo para rodar.
Assistimos uns minutos… e acabamos pegando no sono.