Capítulo 7

2159 Words
Quando Ju decidiu dormir, fiquei pensando em tudo que aconteceu e no que eu quero. ‘Como vou conseguir me aproximar dele?’ Foi a pergunta que não saiu da minha cabeça. Eu não faço ideia do que fazer, afinal nunca fiz isso. Então decidi tentar dormir, afinal queria que o amanhã chegasse logo. (...) Dormi super m*l, acordei várias vezes principalmente porque ouvi as brincadeiras e risadas dos meninos do lado de fora da casa durante a madrugada, o que deixou claro que eles se divertiram bastante. De manhã, após me arrumar e arrumar minhas coisas, segui para a área do café da manhã sentindo o meu estômago revirado. Então me direcionei para frente da casa a fim de olhar o mar, quando ouvir uma voz familiar… — Não vai comer morena de Niterói? ‘É sério que ele vai ficar me chamando assim?’ Olhei para trás e vi o Fernando com seu sorriso maroto. ‘Era só o que me faltava, será que ele vai ficar me cercando?’ — Não estou com fome. — Mas tem que comer gatinha, como vai manter esse corpo delicioso que você tem? Não acreditei no que ouvi, mas não precisei falar nada porque Noah e o amigo inseparável dele que descobrir ontem ser chamar Lúcio apareceram e logo se manifestaram: — Deixa a garota em paz! Vai tomar seu café da manhã Fernando. Disse o Lúcio em tom de repreenda. — Qual é, pensei que vocês fossem meus parças. Noah não disse nada, apenas observou a situação, deixando o seu colega segurar Fernando pela nuca, guiando-o pela área das refeições. Mas antes dele se afastar percebi o costumeiro sorrisinho singelo de canto de boca. Eu ainda o observava o seu sorriso quando levei um susto ao ouvir a voz da Evelyn chamando a minha atenção enquanto se aproximava: — Pode comer alguma coisa, dona Sol. Minha mãe deixou bem claro que se você não comer é para avisar a ela. E é bem capaz dela vim te buscar! Quando ela chegou mais perto o Noah falou com ela. — Bom dia Évelyn! —Voltou a olhar pra mim e continuou —Não deixa ela sozinha ou o Fernando não vai sair de cima dela. — Ah, oi. É, já percebi qual é a dele. Vou manter ela por perto. — Faz bem, ela não merece aguentar a chatice dele. Dá licença que eu vou tomar café. Ele simplesmente saiu andando e não falou diretamente comigo. E eu fiquei parada, igual uma bobona, sem me manifestar. ‘Qual o meu problema?’ A primeira oportunidade que tive de falar com ele, e eu fico parada igual um dois de paus. — O que aconteceu antes de eu chegar, Sol? — O Fernando estava falando pra eu não deixar de tomar café. — Tem certeza que era só isso? Noah não costuma falar nada, ele deve ter visto alguma coisa além do que você está falando. — Deve ser e eu não notei. — Sei … Olha os garotos podem ficar em cima de você, o Fernando é um deles. Você é novidade aqui, desperta interesse. Ele é legal, mas é bobo. Tem 17 anos, mas a cabeça é de menos. — Percebi. Mas não quero nada com ele, pode deixar. — Então você tem que dizer isso a ele, senão ele não vai parar. — Vou falar. — Agora vamos comer … — Mas eu tô sem fome e meu estômago tá revirado. — Não começa Sol, facilita meu dia que tá só começando. Ela me olhou desconfiada e me abraçou para me levar para comer. (...) Comi uma banana para tapeá-la e bebi um suco de laranja, mas isso só piorou meu estômago. ‘Porque será que eu estou assim?’ Após o café da manhã tivemos um culto na área externa da casa, e foi muito diferente do que eu já tinha vivido. Um diferente bom, embora não entendesse muito bem o que se passou. Quando o culto acabou fomos liberados para um momento de diversão, e foi uma algazarra. Se formou uma fila gigantesca no banheiro feminino para colocar os biquínis, as meninas impacientes correram para os banheiros da parte externa para agilizar o processo porque naquela altura do campeonato todos já estavam mais que desejosos em estar na praia. (...) A descida até a praia foi rápida porque a casa fica apenas alguns metros de distância. As meninas acharam um local e começaram a estender suas cangas na areia, e embora eu não curta tostar no sol como elas, fiquei junto delas, é lógico. A parte mais engraçada foi notar a diferença entre nós, enquanto as meninas chegavam na sutileza, procurando um local para ficar. Os meninos chegaram na animação que beirava ser infantil, só se via blusas sendo tiradas e lançadas na areia sem nenhum cuidado, alguns não se preocupavam nem em deixar perto dos seus chinelos. A Maioria saiu correndo em direção a água, pulando feito crianças, nadando e jogando água uns nos outros. Eu observava sentada na minha canga e pensava: ‘Onde estava minha coragem para tirar minhas roupas?’ A maioria das meninas já tinham tirado as suas e eu permanecia como cheguei. — Sol… tá com vergonha de tirar a roupa? Perguntou a Lizi deitada lindamente na cadeira de praia que ela levou. — Um pouco. Sorri sem graça. — Não fica não, estamos todos no mesmo barco —Disse a menina que na minha opinião era a mais bonita esse grande grupo de meninas. — Dá um tempo para ela, logo ela vai tirar —Falou Evelyn, já sem roupa, também sentada, passando bronzeador, querendo ficar com a marquinha bem aparente. — Vamos Sol, todas já tiramos. Só falta você, aproveita que os meninos estão na água. Quando eles voltarem vai ser pior —Disse Ju. — Você tem razão. Respondi buscando coragem onde não tenho. Mas ao olhar para trás vejo duas figuras inseparáveis junto com o pastor se aproximando e só então constatei que definitivamente eles eram diferentes dos outros garotos dali. Noah, Lúcio e o pastor vêm em nossa direção, caminhando tranquilamente em meio a conversa. ‘Como pode ser tão lindo assim?’ Eles pararam próximos da gente, tiraram suas blusas, dobrando-as, deixando em cima dos seus chinelos e sentaram na areia um do lado do outro. Olharam para o mar, conversando algo que eu não conseguia ouvir. Depois de um curto tempo o pastor foi ficar junto com a esposa dele, deixando os dois. Pronto… agora que eu fiquei mais nervosa ainda, mas o que eu podia fazer? Ficar de roupa o dia todo na praia? É lógico que não, né. Respirei fundo e tirei a blusa primeiro, sentada mesmo. Em seguida e com muita dificuldade me levantei, e foi aí que eu vi o amigo dele cutucando ele discretamente e incentivando ele a olhar na minha direção. Ele virou a cabeça e aí já era tarde demais para desistir, ainda olhando na direção dele abri os botões do short jeans que eu estou usando, o descendo-o, encontrando um pouco de dificuldade em passá-lo pelo meu quadril que é um pouco mais largo do que o normal. Totalmente sem jeito, deixei o short cair na areia, me curvando para pegá-lo, conseguindo notar que em nenhum momento os olhos dele deixaram o meu corpo. Eu ainda olhava para ele quando me assustei ao sentir a presença de um corpo magro e molhado se aproximando e pedindo permissão para sentar na minha canga. — Fala morena de Niterói, posso sentar na ponta da sua canga? —Pediu Felipe, irmão da Lizi. ‘Pelo jeito o apelido pegou! Era só o que me faltava.’ — Claro! Eu me ajeitei e sentei dando espaço pra ele. Olhei para o lado e Noah olhava sério em nossa direção, mas não demonstrava nada. ‘Isso já está me incomodando’. Em seguida ouvi uma enxurrada de perguntas… — Porque você nunca visitou nossa igreja? Não quer morar em São João? Assim poderia congregar com a gente. Você realmente gosta de morar em Niterói? Eu ri com tantas perguntas. — Eu vou pouco na casa das minhas primas, se pudesse eu moraria sim, mas eu gosto de Niterói também. — Niterói tem várias praias, né? É uma cidade bonita, se eu pudesse também moraria lá. — Tem. É bonita mesmo. É mais fresco que São João. — Você fala pouco hein, vou fazer você falar mais. Não entendi o que ele quis dizer, só vi ele levantando rapidamente, se agachando do meu lado, colocando uma mão nas minhas costas e enfiando a outra mão na parte de trás dos meus joelhos, os prendendo. Para em seguida levantar comigo no colo e correr para a água. Levei um susto ao notar que estava sendo erguida rapidamente, olhei para ele incrédula, balançando a cabeça negativamente encontrando-o fazendo ao contrário, balançando a cabeça positivamente e sorrindo largamente. Por alguns segundos não acreditei no que ele demonstrava interesse em fazer até que me vi em seu colo, sendo carregada para o mar. Ele entrou da água até a altura do quadril, sorriu e me fez prometer que iria falar mais. Meu corpo ainda não tinha entrado em contato com água quando ele perguntou: — Você tem medo da água, morena de Niterói? — Não! Respondi em meio a risadas. — Que bom, porque eu não ia te levar de volta sem te molhar. Ele riu e me jogou pro alto, me fazendo afundar na água refrescante, que foi muito bem vinda diante do calor absurdo que faz. Eu caí na água rindo e quase me engasguei, mas levantei rapidamente. Olhei para ele rindo e joguei água no rosto dele, fazendo ele devolver várias vezes. — Você é doido, garoto! — Quero que você se sinta à vontade com a gente, Sol. Gostamos das suas primas, elas estão a pouco tempo conosco mas são legais. E com você, não é diferente! — Eu estou gostando de vocês também, todos me tratam bem e me dão atenção. — Que bom. — Agora mudando de assunto, no que a gente tá pisando? Não é areia e é nojento. Perguntei sentindo um nervoso estranho por não estar acostumada com a ausência da areia no fundo do mar, ele riu e me pegou no colo de novo falando: — Vou resolver o seu problema. — Me levou mais para o fundo e ficou me segurando —Isso é lodo. — Como assim lodo? Nunca fui à praia assim antes. — As de Niterói são todas com areia? — As que eu fui, sim. Isso parece nojento. — É um pouco sim. Fomos interrompidos por gritos femininos ao nosso redor pois aparentemente Felipe incentivou outros garotos a fazer a mesma coisa com as meninas. Em pouco tempo, a maioria das pessoas estavam dentro d'água, rindo e brincando. Foi um tempo gostoso que passamos. Mas depois de algumas horas a galera começou a ficar com fome e essa foi a deixa para voltarmos para a casa. (...) Ao chegarmos na casa tinha um almoço delicioso nos aguardando e foi aquele tumulto de jovens falando, rindo e tentando furar fila. — Ju, deixa a gente entrar aqui? A fila tá enorme. —Pediu Luís junto com o outro cara de p*u do Breno. — Sinto muito, mas já deixei a Lorena e Juliana entrar, daqui a pouco o pessoal de trás vai reclamar. — Que isso Ju, o pessoal nem vai notar. A gente fica aqui conversando com vocês e acompanha a fila. — Tá, fica aí, mas se alguém reclamar, vou dizer que eu não deixei. Eles só riram e entraram na nossa conversa. (...) Depois do almoço, tivemos outro momento livre durante a tarde e à noite mais um culto com louvores e palavras. Quando o culto acabou não deixei de notar, Noah pegou o violão e ficou dedilhando parecendo estar no seu próprio mundinho. Logo os caras da idade próxima a dele se juntaram e ele formando uma rodinha. E eu me dei conta que estou cada vez mais encantada com esse rapaz misterioso, que não facilita a minha aproximação e nem se aproxima. Claro que eu notei que não era nada diretamente ligado a mim, porque ele se mantinha afastado de todas as meninas de forma geral. Conversando quando todos se juntam, mas não passa disso. Eu olhava para ele quando o seu olhar encontrou o meu, instintivamente, ele sorriu, mas para o meu desespero quem se aproxima de mim, jogando seu braço por cima do meu ombro? Ele mesmo, Fernando e seu bando. ‘Não é possível!’ Logo se iniciou uma conversa ao meu redor, as meninas mais novas assim como eu se achegaram e quando olhei, Noah tinha saído de onde estava. ‘Fala sério!’ Em pouco tempo o toque de recolher foi feito e nosso dia se encerrou me fazendo sentir uma azarada. Só espero que amanhã eu consiga pelo menos chegar perto dele!
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