Boa ideia - Cap 04

952 Words
Arthur Ford DIAS DEPOIS Após uma viagem mais proveitosa do que o esperado — graças à deliciosa companhia da Joana —, retorno para casa. Na verdade? Eu queria era ter ficado mais. Joana... que mulher. Elegante, sexy, poderosa. Diferente da Lisa. Aliás, nem tem comparação. Assim que entro em casa, sou recebido, como sempre, pela minha mãe. E como sempre, com reclamações. Viver aqui virou uma tortura entre as alfinetadas dela e a fragilidade da Lisa. Por isso prefiro mil vezes passar noites na empresa, mergulhado em processos. Muito mais produtivo do que lidar com esse inferno doméstico. — Meu querido — diz Antônia, com o tom dramático de sempre. — Sua esposa voltou a me desrespeitar. — O que foi dessa vez, mãe? — pergunto, já massageando as têmporas. — Aquela imprestável quase me matou! Acredita que colocou amendoim no bolo? Mesmo sabendo da minha alergia? — Mãe, deve ter sido um descuido. Lisa nunca faria isso de propósito. — Não seja ingênuo. Ela me odeia. Quer me ver morta. Sempre quis! Suspiro, tentando conter a irritação. — Mãe... por favor. Acabei de chegar de viagem, estou exausto, com dor de cabeça. Só quero tomar um banho e descansar. Pode ser? — Claro, meu filho. Mas quando aquela sonsa chegar, você precisa falar sério com ela. — Onde ela está? — Quem sabe? Desde que você viajou, ela vive na rua com aquela desocupada da amiga. — Certo. Quando ela chegar, eu converso. Dou um beijo apressado na testa da minha mãe e subo. Tomo um banho, visto uma calça de moletom e me jogo na cama. Preciso de silêncio. Algumas horas depois... Acordo com Lisa ao meu lado. Ela sorri, tenta me beijar. Viro o rosto. — Amor, como foi a viagem? — pergunta, com aquela voz mansa. — Onde você estava até agora? — No cinema com a Lou. — Engraçado… vive reclamando de dor nas pernas, mas basta eu viajar que você já tá batendo perna com aquela desocupada. — Arthur, você sabe que minhas pernas só doem quando chove. E eu não fico batendo perna... saí com a Lou só pra não enlouquecer aqui... — Chega, Lisa. Não quero ouvir desculpas. O que quero saber é por que colocou amendoim no bolo, sabendo que minha mãe é alérgica. — Foi um erro, eu juro. Eu esqueci. Jamais faria isso de propósito! — Pois ela acha o contrário. Disse que você queria matá-la. — Isso é absurdo! Eu passo a vida tentando agradá-la, e nada nunca é suficiente! — Cale-se. Vai preparar algo pra eu comer. Tô com fome. — Tá bom, Arthur… Ela sai em silêncio. Pego o celular e mando uma mensagem pra Joana, a convidando para jantar. Ela responde em segundos: “Claro, m*l posso esperar.” Levanto imediatamente, revigorado. Tiro uma roupa do armário. Quando Lisa retorna, me vê nu. Seus olhos me percorrem… mas logo mudam. Apagam. — O jantar está pronto. — Demorou demais. Vou comer fora. — Mas você pediu... — Mudei de ideia. Não posso? — Pode... eu só pensei que poderíamos jantar juntos. — Então jante com a minha mãe. — Com quem você vai? — Com ninguém. E mesmo que fosse com alguém, não é da sua conta. — Desculpa… Ela sai. Me visto com calma, coloco perfume, ajeito o cabelo e desço. Joana me espera. E eu não pretendo deixá-la esperando. No restaurante — Uau… você tá linda. — digo, encantado. — Obrigada. E você também está irresistível. Senti sua falta, Arthur. — Eu também senti a sua. Nos aproximamos. Roubo um beijo rápido. Ela se afasta, olhando discretamente ao redor. — Arthur, você tá louco? E se alguém nos ver? — Não resisti. Ter você tão perto é tortura. — Você também é… mas é um homem casado. — Um homem casado... que não ama mais a esposa. — Arthur... — É verdade. Não sei por que ainda continuo casado com a Lisa. Essa relação já morreu faz tempo. — Vamos mudar de assunto… Vamos entrar? — Vamos. Entramos e pedimos uma mesa reservada. A última coisa que quero é virar manchete. A verdade? Meu casamento é uma formalidade. Com a Joana, eu respiro. Desejo. Sinto vontade de crescer. Ela é inteligente, sensual, elegante. E, ao contrário da Lisa, não carrega o fardo de um passado quebrado. Com Joana, vejo futuro. Com Lisa... vejo culpa. De volta em casa Abro a porta com cuidado para não acordá-la. Não quero perguntas. Tiro a roupa e me deito. Apago em segundos. Na manhã seguinte Desligo o despertador, tomo banho e desço. Minha mãe já me espera na cozinha. — Bom dia, querido. — Bom dia, mãe. — Chegou tarde ontem… cliente? — Sim. Jantar com a Joana Ramos. — A herdeira da LUKS? — Ela mesma. — Arthur... essa sim seria a mulher perfeita pra você. E não aquela inútil que mora aqui. — Mãe… — Você sabe que eu tenho razão. Pede o divórcio. Dá algum dinheiro pra Lisa, algo que a faça calar a boca… e segue com a Joana. Isso sim é um bom negócio. — Divórcio? — Sim! A Joana é de uma família poderosa. Você como genro dos Ramos seria praticamente intocável nesse meio jurídico. Sua empresa cresceria ainda mais. Penso. É c***l. Mas é lógico. Minha mãe não erra nesse ponto. Casar com Joana seria um salto. Um novo capítulo. — Tem razão, mãe. Tá na hora de pensar nisso seriamente. — Maravilha. Fico tão orgulhosa quando você ouve a voz da razão. Dou um beijo em sua bochecha e saio. No carro, abro o e-mail. Peço que o estagiário me prepare os documentos preliminares. É oficial. Vou pedir o divórcio.
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