02

1447 Words
Klaus me olhava com esperança de que a resposta fosse não, eu queria tanto gritar que era não, mas nada falei. Ao invés disso, abaixei o olhar e cruzei as mãos em frente ao corpo. — Aproveitem a festa — ele falou com raiva. — Esta noite há muitos motivos para comemorar! Klaus saiu com um olhar de raiva para todos, mas era o de tristeza que me cortava. — Precisava disso? — Questionei a minha mãe. — Ele não merecia isso! — Não me diga o que fazer, querida. — Sorriu. — Você acha que ele tem sentimentos por você, mas ele só quer te usar. Ingênua acreditar que gente como ele pode amar uma bruxa. — A mãe dele é uma bruxa! — Uma corrompida por pecados sujos! Desfaça essa cara de choro e sorria para os convidados. Deixei ela reclamando da minha postura e fui procurar James. Ele era o único que poderia me ajudar naquele momento. Encontrei ele rindo com Francis como se fossem amigos de longa data. — James — chamei ignorando Francis —, podemos conversar a sós? Ele concordou e Francis saiu, mantendo o olhar em mim. — Vejo que está amigo de Francis. — Ele é legal, Mary. Falávamos sobre grimórios e... — Não me importo — cortei. — Preciso que vá até a aldeia e diga para o Klaus que é tudo mentira isso, que eu vou fugir com ele pela manhã, se assim ele quiser. Pode fazer isso? — Farei porque realmente consigo ver o quanto isso te machuca. — Beijou minha testa rapidamente. — Eu volto já, até lá tente não arrancar a cabeça da nossa mãe. Ela é louca, má e até egoísta, mas é nossa família. — Família é poder, lembra? — Sorri de lado, cruzando meu mindinho no seu. — Apesar de todos os seus terríveis atos, compartilhamos o mesmo sangue. James segurou sua espada presa em um cinto em sua cintura, e saiu correndo para voltar a tempo. — Aonde seu irmão foi? — Minha mãe não saía mais do meu pé. — Como eu saberia? — Tentei ser educada. — Não cuido da vida dele. Aliás, é contra a etiqueta ficar cuidando da vida dos outros, não é? Eu aprendi isso com você. — Aprendeu direitinho. Você sabia que é f**o mentir e planejar fugas? Como ela sabia? Só contei ao James, mas ele nunca contaria. — Não sei do que está falando. — Tentei parecer calma. — Vou refrescar a sua mente: você tem alguma lembrança que mandou James planejar sua fuga com Klaus Mikaelson? — Eu não fiz isso. — Sabe que eu esperava exatamente isso. — Sorriu. — O que vai fazer? — Eu não. Você vai. — Eu não vou fazer nada. — Cruzei os braços. — Não manda em mim e não vai conseguir me deixar com medo! Minha mãe segurou meu braço e me empurrou com força até o jardim. Estava escuro, apenas algumas luzes acesas entre os arbustos. — Assista. — Ela disse e com alguns movimentos de dedos, projetou uma imagem idêntica à minha em nossa frente. — O que vai fazer? — Meus olhos se arregalaram, assustada com aquilo. Ela não disse nada, apenas fez um outro feitiço que me deixou imóvel, sem poder falar ou mexer um músculo. Em minutos, James, Klaus e seus irmãos estavam à frente, correndo em direção ao jardim. — Eles nem vão perceber nossa presença aqui. E quando eu finalmente conseguir acabar com todos, você se casará com Francis e continuará a linhagem. Tentei falar algo, mas a cada movimento, meu corpo era pressionado ainda mais. — É melhor esperarmos Mary aqui. — James parou e os outros também. — Estou aqui. — A minha imagem projetada ficou na frente deles, agindo exatamente como eu. — Vamos o quanto antes. — Klaus tentou pegar em sua mão, mas ela se afastou. — Você acha mesmo que eu fugiria com um bastardo? — Mary, o que aconteceu? — James perguntou confuso. — Mate e deixe viver, esse é o meu lema. — Ela pegou uma estaca. — A estaca de Carvalho Branco... — Rebekah falou incrédula. — Como você a tem? — Essa estaca não é a de Carvalho Branco, mas assim que ela atravessar o coração de qualquer original, vai surtir a mesma dor que estaca verdadeira. — Minha mãe sussurrou em meu ouvido. — Um ótimo truque. — Mary... — Klaus segurou o braço dela, porém ela o empurrou, e com um movimento ágil e rápido, cravou a estaca no centro de seu peito. Klaus cambaleou para trás antes de cair com as mãos no peito. A projeção desapareceu, deixando apenas fumaça no ar. — Você está livre. — Minha mãe desfez o feitiço e corri para onde eles estavam. — O que está acontecendo aqui?! — Elijah gritou, arrancando a estaca de Klaus. — Eu juro que se em 30 segundos eu não tiver resposta, vou arrancar seu coração, bruxa! — Apontou o dedo para mim, com as mãos sujas de sangue. Klaus se levantou e me olhou incrédulo. — Não vai encostar um dedo na minha irmã! — James gritou, ficando em minha frente. — Mary? — Klaus me olhou, com a boca suja pelo sangue que havia escorrido. — Não, eu não fiz isso! — Tentei segurar sua mão, mas ele se afastou abruptamente. — Foi a minha mãe, ela criou uma imagem de mim! Klaus, acredite em mim! — Eu não acredito! — Kol gritou. — Bruxas mentem! Ela queria nos m***r! — É verdade. — Esther apareceu ao lado da minha mãe. — Mary nos odeia, filhos, e queria m***r cada um de vocês. Era tudo um plano desde o início. — Para salvar a própria pele, ela arranjou um casamento com Francis — completou minha mãe com mentiras. — A família Valois é poderosa o suficiente para protegê-la. — Não!! — Gritei com lágrimas nos olhos, sentindo minha garganta fechar. — Ela me pediu a estaca de Carvalho Branco — Mikael falou —, claro que eu não lhe entregaria a única coisa capaz de nos m***r. Então, com magia, ela criou sua própria estaca. — A Mary não é assim! — James ficou em minha frente quando eles se aproximaram. — É tudo mentira! Rebekah empurrou James, que caiu e bateu a cabeça, sangrando logo em seguida. — Acha que é melhor que nós com sua magia fútil? — Ela colocou as duas mãos em meu pescoço, apertando com força. Tentei fazer algum feitiço, mas foi como se a magia tivesse saído completamente do meu corpo. Minhas veias pulsavam com tanta força sob a pressão. — Eu bloqueei seus feitiços — Esther falou. — Não vai ser mais uma ameaça. Rebekah cortou seu pulso e colocou em minha boca, me obrigando a engolir o sangue amargo e pegajoso. — É mentira!! — Gritei, engasgando com o sangue. — Eu nunca faria algo contra vocês!! Eu te amo, Klaus! — Olhei para ele. — Você sabe a verdade! Mas ele não fez nada, continuou me encarando com os olhos incrédulos. Rebekah me soltou e, em um movimento quase imperceptível, Kol quebrou meu pescoço. [...] Acordei com uma forte dor de cabeça, e percebi que ainda estávamos naquele jardim escuro, todos me olhavam com desprezo e raiva. James não estava mais lá, apenas seu rastro de sangue foi deixado. Não sei o que acontecendo. Não consegui resistir ao desejo e encostei em seu sangue, passando o dedo pela minha boca seca. Minha gengiva se rasgou e caninos nasceram dela, juntamente com veias abaixo dos meu olhos. — O que vocês fizeram? — Levantei-me tonta, tentando entender o que acontecia. — Se tornou o que tanto tem nojo — Kol respondeu com um sorriso. — É uma de nós agora. Tentei um feitiço simples, mas nada consegui. Eu não sentia mais a magia em minhas veias. — Mate-a! — Esther gritou para Klaus em tom de ordem. — O que vocês fizeram comigo? — Perguntei com lágrimas caindo por todo meu rosto. — Klaus... A dor da traição era pior do que a de saber que não sou mais uma bruxa. Klaus se aproximou com raiva nos olhos e lágrimas caindo também. Ele segurou meu braço com força e enfiou seu punho em meu peito, rasgando a pele e atravessando a carne, até segurar meu coração com a mão. — Klaus... — Segurei seu braço na tentativa de tirá-lo do meu corpo, mas foi inútil, era forte demais. Ele olhou no fundo dos meus olhos e arrancou meu coração lentamente. — Por quê? — Questionei antes da minha visão ficar escura.
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