Casamento entre amor e ódio

Encontro

Lívia Miller

O jardim ficou em segundo plano por causa daquela presença que me fazia tão m*l.

-Lívia... – Gregório parou na minha frente.

Infelizmente sabia que isso iria acontecer em algum momento, que nós dois teríamos essa conversa.

Não podia ignorar ele a vida toda, mesmo que essa fosse a minha vontade depois de tudo que vivi em suas mãos.

- O que deseja, Gregório? – Perguntou sem olhar para trás, sem olhar para onde vem aquele cheiro amadeirado que tanto me marcou.

Gregório era a lembrança que um dia eu dei meu coração para um i****a, um menino no corpo de homem.

- Quero que pare de fugir de mim. – Acabo rindo sem humor.

Gregório foi direto ao ponto, pena que eu não tinha mais tempo e espaço em minha vida para as suas palavras vazias.

Queria dizer para ele o quanto me magoou, o quanto ele me destruiu com as suas ações, mas eu não daria o gostinho para ele ver que eu ainda estava muito envolvida com tudo que vivemos.

Eu podia falar que não, mas meu coração ainda amava esse i****a. Por mais que não devesse ter esse sentimento tão puro por ele.

-Não estou fugindo, sou filha de um homem que não foge e me ensinou a ser forte e determinada. A verdade, e que eu não quero contato com você, Gregório. Sabemos muito bem que eu prefiro me jogar de uma ponte, ao invés de ter a sua presença ao meu lado. – Digo tudo isso sem olhar para ele, Gregório somente iria ganhar o meu desprezo.

Ouço seus passos mais próximos e logo seus olhos estão cravados em mim.

Não abaixo da cabeça, não recuo ou muito menos abaixo do olhar. Seria forte para lidar com tudo que vinha dele, e suas ideias idiotas.

- O que aconteceu com a mulher que eu me apaixonei? – Ele diz sério, com sua postura inabalável, seu jeito decidido e suas falsas promessas.

Era como se o tempo parasse, ele tentava me empurrar para aquela noite de amor, a manhã de tristeza.

Gregório me marcou para sempre, e ainda se acha no direito de me questionar?

- A mulher que você diz que se apaixonou, viveu uma desilusão, sofreu por muito tempo, e agora não quer mais ser enganada, humilhada e destruída. – Digo firme.

- Se entregar a mim foi uma desilusão? – Acabei rindo de verdade agora. - Me acusa de um monte de coisas que não faço ideia do que sejam, e ainda se acha no direito de me negar a palavra?

- E não foi? – Pergunto o óbvio. – Você me jurou amor em uma noite, e quando o sol estava alto no céu, me apunhalou pelas costas sem pensar duas vezes, Gregório. Tenho as minhas razões para querer distância de você. – Digo com todo desprezo que habita meu coração.

Gregório me olha como se fosse inocente na trama que ele mesmo fez questão de me colocar.

Como se não soubesse o que tinha feito, mas eu sabia, eu vi com os meus próprios olhos quem era a verdadeira mulher do seu coração.

Doeu em mim ver que ele não era nada além de mais um homem cafajeste que traí, rouba e destroça quem entra em seu caminho.

Eu era uma aposta.

Um jogo.

Um lembrete que ele sempre tinha exatamente o que desejava.

Quem queria, e o pior de tudo, sem medir as consequências.

Era mais uma na sua cama.

- Do que você está falando, Lívia? Eu me entreguei para você naquela noite também. – Tento sair dali porque não queria ouvir mentiras e mais enganações. – Você pensa que vai haver onde? Vai fugir como tem feito durante todos esses anos?

Aquilo me acendeu de uma forma negativa, eu não estava fugindo dele, estava evitando que a minha família fosse prejudicada por atos impensados meus.

- Vai ser covarde mais uma vez? Aquela gota foi o suficiente para transbordar o copo.

- Não tenho que te provar nada! - Grito sem medo de ser ouvida. - Nada Gregório! - Me colocou na defensiva. - Me deixa em paz! Vai viver a sua vida com quem você acha que pode dominar, enganar e manipular. - Ele tenta pegar o meu braço. - Vai para o raio que o parta, mas nunca mais tente falar comigo novamente.

Gregório perder a compostura também, como eu já sabia, ele não era aquele cara tranquilo e pacífico que tenta pintar para os outros.

- Lívia, você precisa falar comigo! - Mexe nos cabelos tentando se controlar novamente. - Temos que conversar... – Eu me afasto, mas ele não deixa.

Porque ele não deixa?

Porque ele não some e me deixa em paz?

– Tem que parar de fugir e enfrentar as consequências dos seus atos, Lívia. “Se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim o único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...” - Fala o que me disse no dia que nós conhecemos.

Era um i****a mesmo, usando as minhas palavras contra mim.

- Jura que você vai me recitar um trecho do Pequeno Príncipe? – Gregório ri pela primeira vez desde quando começamos essa conversa embaraçosa. - Vai usar a frase do nosso primeiro encontro?

- Luto com as armas que eu tenho... – Olho para ele com mágoa.

Gregório não fazia ideia do que ele estava mexendo dentro de mim, ele não calculava direito os seus atos e com eu tive que me restruturar para poder prosseguir.

- Por isso inventou o casamento? – Gregório confirma. – Está jogando sujo, Gregório. Até para você, isso é jogar sujo. - Ele n**a.

- O que eu fiz para receber esse olhar de você?- Gregório suspira. - Lívia, você nunca me deixou saber o que aconteceu entre a gente. Acordei no dia seguinte sem você na minha cama. E pior, meses depois eu descobri que você estava de caso com aquele marginal do México. – Eu suspiro porque é uma grande confusão.

- Estava com ele para esquecer cafajeste que prometeram não me quebrar, mas fizeram isso na primeira oportunidade. - Gregório fecha os olhos sem paciência.

- Pode conversar comigo como uma pessoa normal, e não como uma menina de cinco anos? - n**o.

- Já disse que não vou conversar com você. - Digo dando meia volta com meus saltos finos e altos. - Há, vou conversar com o meu pai amanhã sobre o casamento. Vou negar, não quero me casar com você. - Gregório me olha como se fosse louca.

Ele se aproxima e me encara não acreditando.

- Repeti por favor, porque eu não entendi

- NÃO VOU ME CASAR COM VOCÊ! - Repito de forma pausada e didática.

Gregório sorri, não era um sorriso de felicidade, era algo mais cru e até tenebroso.

- Há você vai se casar comigo, ou casa comigo, ou eu vou contar para todos que você já é minha, sua primeira vez foi comigo, e no meu mundo. A virgindade tem mais poder que muito pacto de honra... - Meu corpo gela com a informação.

Será que ele tem razão?

Obrigada pelos comentários e bilhetes lunares 🥰