Helena Greevey’s Point of View
Estava ignorando completamente a presença da minha mãe naquele camarim, eu mantinha toda a minha concentração no meu celular, ou pelo menos fingia isso. Os gritos histéricos dos fãs lá fora chegavam até a mim e sem sombra de dúvidas aquela era a melhor coisa que já havia ocorrido, e está ocorrendo no dia de hoje. Eu finalmente ia subir em um palco e tentar dar o meu melhor, quando na verdade eu não estava me sentindo a melhor.
– Eles vem aqui, Helena. - minha mãe me avisou e eu tirei minha concentração do celular para olha-la. – Ethan e alguns amigos. - avisou.
Entortei a minha boca e suspirei pesadamente tentando controlar qualquer instinto de grosseria que eu poderia agir com ela hoje.
– Não tem mais importância, você definitivamente resolveu controlar todas as partes da minha vida. - falei ainda sem direcionar meu olhar pra ela.
– Eu estou fazendo o que é o melhor pra você, Helena.
– Mentir não é o melhor pra mim, mãe. – afirmei rudemente.
A porta do meu camarim se abriu e eu olhei para a mesma tendo no meu campo de visão Black e outros dois rapazes, ambos riam de algo que eu tinha total certeza de que não havia a mínima graça.
– Quem deixou você entrar aqui? - fui direta e grossa com Black ignorando os outros dois.
– Olá pra você também queridinha, tudo bem com você? - ele mantinha o sorriso sarcástico no rosto e eu uma expressão séria no rosto. – Ganhei ingressos pro seu show, isto é épico, concorda? - o moreno alto, com óculos escuros - sem o menor motivo -fechou a porta atrás de si, minha mãe permanecia calada.
– Épico e desagradável. – afirmei, sustentando o meu tom de voz arrogante. – Ainda estou esperando sua resposta.
– Ah, claro. - Black coçou a garganta. – Com ingressos eu quero dizer passagem pelos bastidores, dar um beijinho na atração principal. - riu e fez um toque estranho com o rapaz da direita. – Inclusive, esse é Fred Baynes e esse é o Ted Duncan.
– Olha, quando o Ethan me contou que ia namorar com você, eu não acreditei mina. - Scott falou de uma forma engraçada, seus movimentos também acompanhavam essa graça, mas eu não me permiti rir. Ele era completamente s*******o e só confirmou mais isso ao fazer o comentário: – Você é muito gostosa.
Fred depositou um tapa na nuca de Ted e o repreendeu.
– Ei, para com isso, é a mulher do Ethan, cara. – disse baixinho.
Revirei meus olhos tão violentamente que poderia ficar cega.
– Escutem. - me levantei. – Saiam daqui. Eu preciso me preparar. – gesticulei para a direção da porta indicando que eles deveriam sair agora. – E que fique bem claro, eu NÃO sou a mulher do Ethan. – bradei antes de fechar violentamente a porta na cara deles.
Fechei meus olhos e respirei fundo, quase aliviada de ter me livrado daqueles dois s*******o. Mas como nem tudo é ouro, quase que no mesmo instante a mínima paz que me preencheu, se esvaiu.
– Você esqueceu do principal. - me virei de lado dando de cara com Ethan com a boca cheia de morangos e suja de chocolate, falando de boca cheia em um ato completamente nojento. – Ou você quer que eu fique?
– Ethan! - minha mãe o repreendeu sendo pela primeira vez útil ali. – Não a irrite, ela tem um show a fazer, por favor querido, vá lá pra fora e se posicione no seu lugar, certo? - ela concluiu indo até a porta e saindo junto com homem.
Agradeci mentalmente pela saída dos dois, era realmente necessário que eu ficasse longe de tudo e de todos que me levassem há um grande nível de estresse. Ethan sempre foi esse cara e minha empresária, ou melhor dizendo, minha mãe no momento estava se juntando a ele no mesmo nível.
– Helena. - Charity bateu e abriu a porta colocando apenas seu rosto pra dentro do camarim fazendo seus cabelos vermelhos se bagunçarem um pouco. – Você está pronta? - assenti me levantando.
Charity entrou no camarim, eu olhava cada um dos seus atos diante do espelho enquanto eu reforçava o batom e arrumava o meu cabelo fazendo alguns preparativos vocais.
– Você e o Ethan são amigos agora? - ela perguntou e eu permaneci calada, apesar de Black ter contado o acontecido pros seus amigos, eu não sabia se seria bom contar esse tipo de coisa pra muitas pessoas, mesmo que seja pra Charity. – É que eu vi ele com uns amigos, eu suponho que seja Fred e Ted.
Respirei fundo e peguei o meu microfone em cima da mesa.
– Estamos em um processo de aceitação.
– Ah, entendi. - Charity disse, mas ela não havia entendido, nem eu havia entendido.
Charity e eu nos juntamos ao resto da equipe e fizemos tudo o que sempre costumávamos fazer antes dos shows, eu realmente amava aquela adrenalina e saber que todas aquelas pessoas estavam esperando por mim era eletrizante, uma verdadeira loucura. Era sempre uma grande responsabilidade, mas hoje principalmente, era o último show da turnê e eu queria fazer dele o melhor, mesmo que eu não estivesse no meu melhor dia.
– Helena. - ouvi a voz de Ethan atrás de mim, mas ainda sim a gritaria dos fãs e o volume alto do interlúdio ainda era mais intenso. – Quebre as pernas. - me assustei com suas palavras e ele riu. – Quebre as pernas quer dizer boa sorte.
– Ah, sendo assim obrigada. - virei as costas pra ele e subi as escadas até onde me levaria até meu paraíso particular.
O show se decorreu de forma perfeita, eu realmente estava satisfeita não só com a minha performance como a de todos lá, os fãs gritaram de uma forma tão intensa que se dependesse de mim eu jamais sairia dali.
– Meu amor, você foi incrível. - minha mãe se aproximou me abraçando de forma intensa, apesar de ainda estar chateada com ela eu retribui. – Eu estou orgulhosa de você.
– Nós vamos sair pra comemorar, certo? - um dos dançarinos perguntou e eu assenti o abraçando com força.
– Com toda certeza.
Black e os outros dois se mantinham quietos no canto ambos mexendo em seus celulares, eles estavam ignorando completamente toda aquela confraternização.
– Black. - eu o chamei e me aproximei dele enquanto passava a toalha no meu rosto que estava completamente suado devido a todo esforço que eu havia feito. – Não que eu goste da sua presença, mas...
– Você quer que a gente vá com vocês? - ele perguntou sorrindo de maneira irônica.
– Não, não quero que você vá, mas você é livre pra ir se quiser. – sem graça, falei.
Ethan sorriu e assentiu positivamente.
– A gente vai decidir pra onde nós vamos e depois te informo, tá certo? - ele assentiu novamente e mordeu os lábios de forma petulante. – E manda seus amigos pararem de olhar pra mim como se eu estivesse pelado, é perturbador.
Estávamos no restaurante há mais de duas horas, as risadas eram constantes e até mesmo Black ria, as suas piadas eram completamente sem graça, mas a forma i****a e enrolada da qual ele as contava faziam com que elas tivessem uma graça que na verdade não existia.
É um pouco confuso eu sei, mas naquele momento eu já estava fora de mim, não completamente bêbada, eu estava levemente alterada.
– Helena, eu acho que é melhor alguém te levar pra casa. - ri da fala de Charity e mostrei a língua em um ato completamente infantil, ela riu. – Você está bem bêbada. - balancei a cabeça negativamente.
– Eu estou legal, só passei um pouquinho da conta. - gesticulei fazendo um espaço pequeno entre os meus dedos.
– Eu a levo pra casa. - Ethan se pronunciou e todos olharam imediatamente pra ele, afinal para todos, já era estranho o suficiente ele estar conosco naquela noite, imagine garantir a minha segurança até em casa. – Eu não vou estuprar matar a chefinha de vocês, estamos de boa. - sorriu, mais uma vez de forma sarcástica.
Todos riram e acabaram concordando.
Eu continuava calada e me levantei ajustando a cadeira no seu lugar de origem naquele restaurante, Ethan me ajudou e passou meu braço envolta do seu ombro me ajudando a ficar de pé, andamos para fora do restaurante, tropecei algumas vezes sobre os meus pés.
– Você tá muito louca. - ele afirmou rindo, eu acabei rindo também. – Fica quieta. - pediu tentando me ajudar, tudo bem, eu estava muito bêbada.
– Oh! Ethan Black você é chato pra c*****o. - saímos do restaurante e Black ficou quieto se virando um pouco para fechar a porta de vidro atrás de si.
Fechei meus olhos imediatamente ao sentir todas aquelas malditas luzes se encontrando com meu rosto e aqueles flashes com barulhos altos fazendo meus tímpanos vibrarem, era tortura.
Ethan me puxou para si escondendo meu rosto de toda aquela claridade dolorosa que aqueles flashes causavam as minhas vistas e a minha cabeça, nos aproximamos do seu carro. Ethan empurrou um dos paparazzi que estavam impedindo a nossa passagem, ele caiu imediatamente no chão e lançou um olhar raivoso para Ethan.
– Eu mandei você sair da minha frente, c*****o. - Ethan gritou e abriu a porta, entrei rápido.
O loiro correu rapidamente pro outro lado e entrou no carro batendo a porta com força. Escondi meu rosto com o cabelo e com as mãos, meu coração estava acelerado de acordo com a minha respiração, eu tinha verdadeiro pavor desse tipo de situação.
Não importava quantos anos eu estivesse nessa indústria, eu jamais iria me acostumar com esse tipo de atenção.