Capítulo 72

1020 Words
As palavras de Sofia trazem alívio a Ricardo. Finalmente, eles teriam algo para buscar sobre a pessoa que a tinha machucado. Havia uma promessa de dor nos olhos de Ricardo. Fosse quem fosse, a pessoa pagaria, e com juros, pelo que tinha feito. — Diga, Sofia. Do que se lembrou? — insistiu Ricardo. — Ele tinha uma marca na mão — respondeu ela, com olhos assustados. — Lembro-me de vê-la quando ele tapou a minha boca. Fica na mão esquerda. Ricardo suspirou com um pouco de alívio. Finalmente, tinham algo para usar, uma pista para encontrar a pessoa que a tinha levado. — Como era essa marca? — perguntou Hideo. — Parecia de nascença, uma mancha escura entre o polegar e o indicador. — Isso é bom, Sofia. Se lembrar de algo mais, nos avise — disse Ricardo, com a esperança de resolver aquilo borbulhando em sua mente. — Ricardo? — chamou Sofia. — Sim? — E a Estela? — Depois que o frenesi do ocorrido havia passado, Sofia lembrou-se de que tinha um sobrinho a caminho e que seu irmão não deveria estar ali. — Está em casa com Vito e Isabel — respondeu ele. Ricardo viu os olhos de Sofia se escurecerem com as suas palavras. — Não o quero aqui. Volte para Estela, Ricardo. O meu sobrinho não vai nascer sem você por perto — disse ela com um olhar determinado. — Você precisava de mim, e Estela insistiu para que eu viesse — respondeu ele. — Eu sei que você e ela se preocupam comigo, mas Yuri está aqui e pode cuidar de mim. Você cuide dela, irmão. Ela precisa mais de você do que eu — disse ela com a voz mais suave. — Já está me trocando por ele? — perguntou ele, emburrado. — Jamais. Você sabe que o seu espaço no meu coração nunca será preenchido por outra pessoa. Ele é seu — respondeu ela com um pequeno sorriso. — Quando foi que a minha irmãzinha cresceu tanto? — disse ele, puxando-a dos braços de Yuri e apertando-a contra o seu peito. — Você é que nunca percebeu antes — respondeu ela, sorrindo. — Vamos ouvir o médico primeiro. Se ele disser que você está bem, eu volto — disse ele, cedendo. — Não se preocupe, Ricardo. Temos um casamento para ir hoje, e ela vai ficar bem — disse Yuri. Ricardo apenas resmungou, abraçado a Sofia. Ricardo lembrava-se de uma época em que Sofia se afastava dele e não gostava muito de contato, mas, para ele, era tão natural chegar em casa e dar um beijo na testa de cada uma das suas irmãs que ela acabou relaxando com o tempo e percebeu que essa era a forma dele demonstrar afeto. Tê-la naquele momento, vulnerável, nos seus braços, fazia todas as tentativas de aproximação valerem a pena. — Pelo que vejo, a minha paciente está melhor — disse o médico, entrando alguns minutos depois. — Sim, doutor, já estou bem — respondeu ela. — Quem vai dizer isso sou eu, Sofia — disse Ricardo. O médico se aproximou, fez um exame rápido nela, verificou o seu prontuário médico e percebeu que tudo estava normal, sem nenhuma alteração. — Pelo que vejo, o tombo que você teve foi apenas um susto. Os seus exames estão bons, e os seus reflexos também — disse ele, por fim. — Então posso ir embora? — perguntou ela, animada. — Se me prometer que vai tomar os remédios e fazer o curativo na cabeça de forma correta, eu posso liberá-la — respondeu ele, para alívio de todos. — Temos uma viagem, doutor. Há alguma restrição? — perguntou Yuri. — Não, Don. Desde que ela siga o que acabei de dizer e descanse como deve, ficará tudo bem — respondeu ele. Yuri respirou aliviado, com um largo sorriso se formando no rosto. — Obrigado, doutor — disse Yuri antes que o médico se retirasse. — Viu, irmão? Estou bem. Já pode voltar para minha cunhada — disse Sofia. Ricardo fechou a cara ao ver o sorriso de Yuri. — Vou quebrar os seus dentes se aprontar, Yuri — disse ele, fulminando-o com o olhar. — Qual é, Ricardo? — respondeu Yuri, frustrado. Ele ainda tinha vários hematomas no rosto do encontro com Ricardo na noite anterior e não desejava repetir a dose tão cedo. — Vá e se divirta, irmã — disse Mel, animada. — Mas não se divirta demais — disse Ricardo. — Irmão! — respondeu ela, corando. — Falo sério. Já decidi que vou adiantar o casamento de vocês — disse ele, surpreendendo a todos. — Mas precisa contar a ela nossa condição. Ricardo olhou atentamente para Yuri e sabia que o russo ainda não tinha contado a Sofia sobre o combinado entre eles. — Eu vou contar. Não se preocupe — respondeu Yuri. — Ótimo. Assim que fizer isso, voltamos a conversar — disse Ricardo. — Já que não me quer aqui, Sofia, eu já vou. Lembre-se de que estou a uma ligação de distância. — Eu sei, irmão. E obrigada. Cuide bem de Estela e do meu sobrinho — disse ela, abraçando Ricardo. — Espero que aquele garoto resolva aparecer logo. Ele está me matando de ansiedade — respondeu ele, com um olhar frustrado. — Ele vai. Só está esperando por você — disse Sofia. — Cuide-se, irmã. E divirta-se — disse Ricardo, abraçando-a. — Vou ficar bem — respondeu ela. — Cuide-se, Sofia — disse Xavier de longe. Sofia apenas assentiu para ele. Ela sabia que havia uma regra não dita entre eles: nenhum homem tocava a mulher de outro, e, para Xavier, fazê-lo seria apenas caso a vida dela estivesse em risco. Assim que saiu do quarto de Sofia, Ricardo não foi para a pista de pouso. Pelo contrário, ele e Xavier deixaram Mel na casa de Sofia e partiram com Hideo para a cidade. Estava na hora de deixar um recado para quem tinha tocado em Sofia, e não foi nenhuma surpresa encontrarem Yuri esperando por eles perto do primeiro alvo. Ricardo sorriu. É claro que o russo não perderia aquilo.
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