Capítulo 58

1250 Words
O casamento de Dimitri seria dali a dois dias, e ele havia tirado parte da tarde daquele dia para visitar Flora. Ele desejava saber o que ela queria para a decoração da casa em que iriam morar. Apesar de a casa ser nova e estar toda decorada e mobiliada, ele queria que ela pudesse deixá-la do seu jeito, tudo para que se sentisse confortável com a sua presença. Eles haviam apenas trocado algumas mensagens ao longo dos dias após Yuri ter formalizado a união dos dois. Dimitri estava aproveitando para dar tempo a ela. A mulher tinha passado muito tempo temendo o homem que chamava de marido, e ele não desejava que ela sentisse o mesmo em relação a ele. Dimitri era c***l, ninguém diria o contrário sobre isso. No submundo, ele tinha muito orgulho de ser daquela forma. Se não fosse, provavelmente estaria morto e enterrado. No mundo do crime, fazia-se o que era necessário para sobreviver e nada mais, e agora que teria uma família, ele sabia que mataria e morreria por ela. Assim que estaciona diante da casa velha de Flora, ele desce e toca a campainha. Como de costume, ela abre apenas uma pequena brecha da porta e observa quem estava do lado de fora. — Bom dia, Flora — diz ele, encarando o seu rosto. Os seus olhos estavam melhores, não totalmente curados, mas bem melhores do que antes. — Senh... Dimitri — corrige-se ela ao notar uma carranca se formando no rosto dele. — Como posso ajudá-lo? — Vim levá-la para conhecer a casa em que vamos morar — diz ele de forma tranquila. Flora agarra a porta com mais força, olhando para ele um pouco assustada. — Preciso mesmo ir? — pergunta, desviando os olhos dos dele. — Gostaria que fosse. Assim, pode ver com a decoradora o que quer mudar — responde ele, sem entender a sua recusa. — Está tudo bem? Aconteceu algo para que não deseje vir comigo? Dimitri percebe a mão de Flora tremer um pouco com a sua pergunta. A mulher estava apavorada diante dele, o que deixava claro que algo havia acontecido. — Flora, eu não gosto de mentiras. Se houve algo, me diga agora — a voz de Dimitri era como uma lâmina afiada indo direto ao coração de Flora, que se encolheu um pouco. — Posso entrar? Dimitri não desejava ter aquela conversa na rua, onde todos poderiam ouvir. Um tanto relutante, Flora abriu a porta e permitiu que ele entrasse. Ele a encarou, sem entender o que tinha acontecido. — O que houve? — insistiu, sabendo que aquele não era o comportamento usual dela. — Eu... eu ouvi algumas histórias — disse ela, torcendo os dedos entre as mãos como uma criança. Dimitri suspirou e, mesmo contra a vontade dela, pegou a sua mão e a levou até o velho sofá da sala. — Posso imaginar o que você ouviu, e não vou me justificar. Já fiz muitas coisas que, se te contasse, você não dormiria à noite — disse ele, olhando fixamente para ela. — Mas com você e Nina é diferente, Flora. Vocês serão minha família, e, pela família, eu mato e morro. Flora ficou surpresa; não imaginava ouvir aquilo de Dimitri. Contudo, o medo ainda estava presente, corroendo-a de dentro para fora. — Me desculpe — disse ela, a voz apenas um eco sem vida, perdido na sala vazia. — Flora, eu realmente gosto de você. Jamais teria pedido ao Don para me dar você se não fosse para cuidar de você e da pequena — Dimitri estava sendo sincero. Se esperava que ela confiasse nele, precisava esclarecer as coisas direito. — Mas... — O que o Don lhe disse no dia em que contou que você se casaria comigo? — perguntou ele. — Ele me disse que, se alguém me machucasse, era para contar a ele — respondeu ela, um pouco mais confiante. — Sim, e isso não me exclui. Por Deus! Ele me ameaçou depois que viu o seu rosto — aquelas palavras deixaram Flora em choque, mas, ao mesmo tempo, aliviada. — A lei da família é para todos, querida, e eu não sou exceção. Se algum dia eu machucar você ou Nina, vou pagar como qualquer outro. Mas isso jamais vai acontecer. Vou cuidar bem de vocês. A certeza de Dimitri tranquilizou Flora. Saber que estaria protegida caso algo desse errado a deixou mais aliviada. Ela tinha uma filha para cuidar, e por ela sobreviveria a qualquer provação que o destino lhe desse. — Mas você vai... — Querer sexo? Sim. Não vou negar. Eu a desejo como um louco, mas jamais tocarei em você sem que esteja pronta para isso. Podemos nos conhecer aos poucos antes de dar esse passo. — Você promete? — perguntou ela, com os olhos marejados. — Prometo, Flora, mas tenho uma condição. — Qual? — perguntou ela, já temendo o que ele iria dizer. — Você vai dormir comigo todas as noites, no nosso quarto, na nossa cama. Prometo que irei me comportar, mas você será minha mulher, e eu a quero por perto. Os olhos de Flora percorreram o corpo de Dimitri, e ela estremeceu. Não podia negar que ele era um homem bonito, mais velho, mas que se cuidava muito bem. — Tudo bem — disse ela, com um suspiro. — Então vá se trocar para irmos. Ela se retirou e retornou rapidamente com uma das roupas que ele havia comprado para ela. — Você está linda. Flora corou com o elogio, o que a surpreendeu. Eles entraram no carro, e ela admirou as ruas que, aos poucos, mudavam, dando lugar a uma paisagem diferente do seu bairro. Quando pararam diante de uma casa, os olhos de Flora se arregalaram. A casa era imensa, e ela já pensava no trabalho que teria para limpar tudo aquilo. — Venha, querida. Você vai gostar deste lugar — disse ele, abrindo a porta do carro e estendendo a mão para ela. Flora o acompanhou até a entrada, onde uma mulher os esperava. — Olá, Dimitri — disse a mulher, acenando para ele. Era uma designer talentosa da organização, casada com um dos aliados de Yuri. — Bom dia, Lana. Deixe-me apresentar a minha noiva, Flora — disse ele, sorrindo. Lana se aproximou e puxou Flora para um abraço. — É um prazer, querida. Espero que hoje eu possa atender às suas expectativas — disse ela, sorrindo. Flora apenas sorriu de volta, retribuindo o gesto. Quando entraram na casa, Flora ficou sem fôlego ao ver a beleza do lugar. Uma sala ampla se abria diante dela, com um design moderno e sofás claros. Ela amou aquilo, e o brilho nos seus olhos deixou Dimitri animado. Seguiram pelos corredores, conversando sobre possíveis mudanças. Flora tinha gostado da decoração, mas gostaria de adicionar mais cor, já que os tons eram bem neutros. — Este é nosso quarto, e você pode escolher qualquer um desses para a Nina — disse Dimitri, apontando para os outros três quartos vagos. Flora entrou no primeiro e observou a decoração simples, com paredes brancas. — A Lana vai decorá-lo de acordo com o que você quiser. Podemos mandar fazer móveis sob medida para ela, se preferir. Dimitri percebeu que Flora estava relutante em dar a sua opinião sobre a casa, e isso o incomodava um pouco. — Pode nos esperar lá embaixo, por favor, Lana — pediu ele. — Claro — respondeu ela, retirando-se. — O que está te incomodando?
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