Capítulo 24

1096 Words
Sofia olhava para Yuri, tentando segurar o riso ao ver a sua cara chateada. Pelo visto, o russo não era tão imune ao seu irmão quanto parecia. Quando os olhos dele se voltaram para ela, Sofia desabou em uma gargalhada como nunca ao olhar para Yuri. — Está rindo de mim? — perguntou ele, olhando fixamente para ela. Yuri raramente via Sofia rindo, e ao ouvir o som de sua risada, ele ficou extasiado. — É bom saber que tem medo do meu irmão — disse ela, antes de passar por ele. Mas Sofia sentiu quando uma mão a envolveu, puxando-a novamente. Yuri não tinha gostado daquilo. Por mais que soubesse que ela estava apenas brincando, aquilo parecia colocar em dúvida sua masculinidade, algo que ele jamais permitiria. Yuri prendeu o corpo de Sofia contra a parede, pressionando-a com o seu. Os seus olhos tinham um brilho sombrio enquanto a encarava. Sofia olhava para Yuri, surpresa com a sua ação. Ali, com ela, ele não tinha nada do homem carinhoso e paciente que ela conhecera no jantar. Apenas olhar para ele fazia um arrepio subir por sua espinha. Yuri estendeu a mão e retirou uma mecha do cabelo de Sofia, colocando-a cuidadosamente atrás da sua orelha. Olhando nos seus olhos, inclinou-se na sua direção. Era divertido para Yuri ver o pavor nos olhos de Sofia. A forma como seu peito subia e descia com a respiração descompassada era algo que ele jamais esqueceria na sua vida. — Não tenho medo do seu irmão, Sofia — disse ele, com os lábios colados à orelha dela. — O que tenho por Ricardo é respeito. E, no momento, isso é a única coisa que me impede de fazer uma besteira. As palavras de Yuri mexiam com o corpo de Sofia, algo que ela jamais pensou que aconteceria. A sua pele se arrepiou, e o seu ventre se contraiu. Ela sentiu quando a língua dele percorreu a sua orelha, dando uma pequena mordida antes de se afastar. — Vermelho combina com você — disse ele, piscando para ela antes de se afastar e descer as escadas. Sofia respirou aliviada. Sentia-se como se um caminhão a tivesse atropelado. A sua mente estava a mil, pensando no que acabara de acontecer. Sem perceber, a sua mão moveu-se até a orelha, como se ainda sentisse os lábios de Yuri percorrendo-a. Ao lembrar-se das palavras dele, a suas mãos subiram até as suas bochechas, imaginando que deviam estar coradas. — Que cara é essa, irmã? — perguntou Mel, aproximando-se dela. — Não é nada — respondeu Sofia, disfarçando. Com toda a certeza, ela não queria ter aquela conversa com Mel. O espírito livre da irmã era demais para ela. — Aposto que isso tem a ver com um certo russo de olhos azuis — disse Mel, rindo. — Mel! — exclamou Sofia, corando ainda mais. — Acertei, não foi? Não faz essa cara, irmã. Aquele homem é um arraso — disse Mel, abanando-se. — Deixa o Xavier te ouvir falando assim — disse Sofia, olhando incrédula para a irmã. Mel nunca aprendia. — Não é o que você está pensando. Não troco o meu marido por nada, mas também não sou cega para não apreciar o meu cunhado. — Mel! — A voz de Xavier interrompeu, fazendo os olhos de Mel se arregalarem. Ao virar-se, viu o marido encarando-a com olhos sombrios. Mas, para Mel, vê-lo parado ali com o filho nos braços era a coisa mais linda do mundo. — Oi, amor — disse ela, correndo até ele e dando-lhe um beijo antes de pegar o pequeno dos seus braços. — Que pena que ele não está dormindo, ou íamos ter uma conversa, meu Dom. Sofia olhava aquilo sem acreditar no que estava ouvindo. Perguntava-se como a irmã conseguia ser tão descarada. — Não pense que esqueci o que você estava dizendo — respondeu Xavier, com o maxilar trincado. — Não leve a m*l, amor. Você sabe que o único que desejo é você — disse ela, deslizando a mão por seu peito e apertando a frente da calça dele. — Mel! — ralhou Xavier, ao ver Sofia mais à frente. — Não fiz nada demais. — Procurem um quarto, vocês dois — disse Sofia, virando-se e saindo. — Ela pode estar certa — comentou Mel, com um brilho malicioso nos olhos. — Não faça isso na frente dos outros, pimentinha — respondeu Xavier, relaxando um pouco. — E não quero ouvir você falando de outros homens. — Vou tentar me controlar. Assim que Sofia desceu as escadas, encontrou Ricardo sentado no sofá, com os olhos fixos em Antonela, que brincava no tapete. Aquela era uma visão do seu irmão que Sofia jamais esqueceria: a forma como ele olhava para a filha, com tanto amor e carinho. — Está de babá? — perguntou Sofia, aproximando-se e sentando-se ao lado dele. — Estela está cansada, então gosto de dar uma folga para ela — respondeu ele tranquilamente. — Daqui a alguns dias, a sua folga acaba — disse ela, referindo-se ao filho de Ricardo, que nasceria dentro de um mês e pouco. — Não imagina a animação que estou. Tenho tanto a ensinar para esse menino — respondeu ele, rindo. — Tenho dó desses meninos da Fênix — disse Sofia, rindo. — Não tenha, Sofia. Os nossos pequenos serão letais quando crescerem — disse Síria, entrando na casa. — Quero dizer, eles sempre terão uma escolha. Mas, se quiserem seguir os nossos passos, os ensinaremos como se deve. Síria não tinha ilusões sobre a vida que os seus filhos levariam, mas ainda assim deixaria que escolhessem o seu caminho. — Exatamente. Estamos prontos para tudo — disse Klaus, aproximando-se com os gêmeos. — Quer que eu leve Antonela para o berçário? A professora de natação já deve ter chegado. Às vezes, Ricardo se esquecia de que as crianças não ficavam paradas no berçário; elas tinham aulas bem específicas durante o dia. — Se não for um problema, Klaus, eu havia me esquecido — disse ele, passando a mão pelos cabelos. — Sem problemas, chefe — respondeu Síria, abaixando-se para pegar a pequena e saindo com Klaus. Sofia olhava para Ricardo, curiosa. — Por que está me olhando assim, querida? — Gosto de te ver assim, irmão. Tranquilo, aproveitando o seu tempo como pai — respondeu ela, dando de ombros. — O tempo passa muito rápido, Sofia. Temos que aproveitar ao máximo. Aquelas palavras do irmão tocaram fundo no peito de Sofia, que se perguntou se realmente estava fazendo o melhor com a sua vida.
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