A semana que Sofia havia passado com a sua família tinha sido libertadora. Os amigos da família haviam partido depois de dois dias, restando apenas ela. Yuri também tinha ido embora; depois do que ele havia falado, ela o estava evitando um pouco, não queria que algo de r**m acontecesse.
O seu noivado seria mais à noite, e, novamente, a casa estava cheia. Para sua sorte, Ricardo faria a cerimônia de noivado em um dos seus hotéis, o que a deixava mais tranquila, caso quisesse fugir de toda aquela bagunça. Sofia olhava para seu vestido em dúvida. Azul, com mangas que iam até os cotovelos, ele era comprido, arrastando pelo chão, sendo de um azul mais escuro no b***o e clareando à medida que descia até os pés. Várias pedras davam a impressão de que ele brilhava quando ela se movia.
Ela havia decidido usar as joias que o seu irmão lhe dera para a ocasião, e a combinação havia ficado perfeita. Nos pés, uma sandália preta de tiras completava o look. Os seus cabelos castanhos estavam presos em um coque frouxo, com mechas soltas caindo sobre os ombros. Alícia havia feito uma maquiagem simples, como Sofia gostava, destacando apenas a sua beleza natural.
Ao se olhar no espelho, pensava se estava fazendo a coisa certa, mas só de se lembrar da forma como Yuri a segurara, o seu ventre se contraía. O russo era fogo puro, e Sofia estava descobrindo que queria conhecer mais aquele lado dele.
— Está pronta? — perguntou Mel, entrando no quarto. Quando viu Sofia, os seus olhos se arregalaram. — Você está incrível, Sofia!
— Não está exagerado? — perguntou, virando-se para ela.
— Não mesmo, você está parecendo uma princesa — disse Mel.
— Ela está certa — disse Ricardo, olhando-a da porta. — Você está maravilhosa, querida.
— Obrigada — respondeu ela, corando.
— Parece que estou vendo um certo russo enfartando quando te ver — brincou Mel, rindo, mas Ricardo não achou graça.
— É bom ele manter aquelas mãos longe de você, se quiser continuar com elas — disse Ricardo, com uma expressão séria, enquanto Mel ria ainda mais da cara brava do irmão.
— Sabe que ele não vai fazer isso, Rick. Dá para ver nos olhos de Yuri que o que ele mais quer é justamente colocar as mãos em Sofia.
— Mel! — exclamou Sofia, corando.
— Não dê ideias, Mel — disse Ricardo, passando a mão pelos cabelos. — Está bem com isso, Sofia?
Durante aquela semana, sempre que Ricardo tinha uma oportunidade, perguntava a Sofia sobre o arranjo entre ela e Yuri. O que ele não entendia era que Sofia não desistiria. Ao menos Yuri ela conhecia e sabia que o seu irmão o colocaria na linha, caso ele aprontasse. O medo de Sofia era se envolver com alguém que não conhecesse. Mas seu irmão tinha sido cuidadoso com isso.
— Estou, irmão. Sei que, se ele aprontar, você me defenderá — respondeu ela, com um sorriso no rosto.
— Pode apostar nisso. Ninguém jamais fará m*l a você, Sofia. Vou garantir isso.
Olhando nos olhos dele, Sofia sabia que aquilo era verdade. Uma das coisas que aprendera vivendo com o seu irmão era que ele nunca dizia algo que não pudesse cumprir.
— Parem com isso, vocês dois — disse Estela, entrando no quarto. — Vai dar tudo certo. E sei que aquele russo morreria por você, se fosse preciso, Sofia.
— Nisso, tenho que concordar com ela — disse Oksana, entrando no quarto. Sofia olhou surpresa para ela, achando que ficaria em casa cuidando dos trigêmeos.
— Não sabia que viria — disse ela, indo abraçá-la.
— Não perderia isso por nada — respondeu Oksana, rindo.
— Aurélio está de babá? — perguntou Ricardo, rindo.
— Ele vive tirando sarro de Klaus. Agora está sentindo na pele — respondeu ela, rindo.
— Se já está pronta, podemos ir — disse Ricardo. Sofia apenas assentiu, e eles partiram para o local da festa.
Todos já haviam ido antes, restando apenas eles por último. As mãos de Sofia suavam quando chegaram ao hotel. O seu irmão desceu com Estela, acompanhando-a para dentro, antes de voltar para buscá-la. Os flashes das câmeras quase cegaram Sofia ao descer do carro.
Por mais que o seu irmão fosse alguém que vivia no submundo, ele tinha muitos negócios dentro da lei. Quando a notícia do noivado da sua irmã se espalhou, o máximo que conseguiu foi criar uma barreira em torno do hotel para evitar que repórteres entrassem de penetra.
— Apenas os ignore — disse Ricardo, caminhando até a entrada do hotel com Sofia nos seus braços. Quando cruzaram as portas do hotel, ela respirou aliviada, feliz por escapar de toda aquela atenção indesejada. — Quer esperar um pouco?
— Não, podemos entrar, irmão — respondeu ela, preparando-se para encarar os olhares das pessoas no salão de festas.
— Estarei ao seu lado. Não precisa ficar nervosa — disse ele, dando-lhe um beijo na testa.
Sofia segurou firme o braço de Ricardo enquanto os seguranças abriam a porta. O salão estava cheio, com pelo menos uma centena de pessoas. Sofia sabia que, por ser da máfia Algustini, todos os aliados do irmão precisavam comparecer para legitimar o seu compromisso com Yuri.
Os seus olhos observaram a decoração do salão, surpresa por estar no mesmo tom do seu vestido. Ela sorriu ao pensar que aquilo devia ser obra das mulheres da Fênix. Se havia algo que elas gostavam, era de uma festa, e Sofia havia deixado que elas planejassem tudo, mudando apenas alguns detalhes que achou necessário.
À medida que avançavam, Sofia sentia todos os olhares voltados para eles. Havia um, em especial, que prendia a sua atenção, mesmo que ainda não o tivesse visto. Quando Ricardo se aproximou da mesa principal, Sofia avistou Yuri. Os seus olhos estavam admirados com o quão bonito ele estava. Para ela, era como se estivesse vendo outra pessoa, mas a maneira como ele a encarava ainda era a mesma de dias atrás. Havia, neles, o mesmo desejo marcado.