Yuri coloca Sofia na cama e observa o seu rosto sereno. A suas expressões estavam suaves, e o seu peito subia e descia tranquilamente, mostrando o quanto ela estava confortável. Yuri se inclina e remove as suas pantufas de coelho, colocando-as ao lado da cama e cobrindo-a com uma manta.
Os olhos de Yuri examinam o quarto de Sofia com interesse, tentando conhecê-la melhor. Ele observa as fotos na parede, onde ela brincava com os seus sobrinhos, o sorriso iluminando o seu rosto. Havia alguns itens pessoais e de maquiagem. Sofia era muito organizada, e tudo estava perfeitamente no seu lugar.
As paredes do quarto eram de um rosa queimado com detalhes em branco. Yuri sorri ao pensar que Sofia era discreta até mesmo na cor do seu quarto. Após examinar tudo, ele vai até ela e dá um beijo rápido nos seus lábios antes de fechar a porta e descer. Tinha contas a acertar com alguns seguranças e quanto antes fizesse isso melhor seria.
— Fiz comida para o senhor, Don — diz Nora ao vê-lo descendo. Yuri olha mais a frente e encontra a mesa arrumada.
— Obrigado. Poderia chamar o Felipe e o Nolan para mim, por favor, Nora? — pede ele.
— Claro, Don — responde ela, saindo rapidamente da sala.
Yuri se senta e espera que os seguranças apareçam. Tentava deixar de lado o fato de que aquelas pessoas foram escolhidas a dedo para proteger Sofia, mas sua possessividade contaminava qualquer pensamento coerente que pudesse ter. Ele observa quando os dois seguranças entram e caminham até ele, parando à sua frente. O mero pensamento de que aquelas mãos tocaram o seu presente precioso já era o suficiente para o deixar colérico.
— Queria nos ver, Don? — pergunta Felipe.
Yuri se levanta e vai até Felipe, o seu rosto uma máscara de indiferença. Felipe não estava preparado para o soco que levou no estômago e cai no chão. Antes que Nolan pudesse ajudar o amigo, sente o punho de Yuri chocar-se contra o seu rosto, derrubando-o. Em um canto, Nora olhava horrorizada para o que acontecia diante dos seus olhos.
— Isso é apenas um gostinho do que vai acontecer com vocês se eu ao menos sonhar que encostaram em Sofia novamente — diz Yuri, com firmeza. A suas palavras trazem compreensão ao rosto dos seguranças, e por mais que eles soubessem que aquele pensamento de Yuri fosse um tanto irracional, eles não o questionam.
— Nunca agimos com malícia, Don. Temos muito respeito pela senhorita Sofia — diz Felipe, levantando-se com a mão na barriga.
— Verdade, Don. Se o senhor Ricardo pensasse diferente, já estaríamos mortos agora — afirma Nolan, limpando o sangue que escorria do canto dos seus lábios.
— Não me interessa! Se colocarem essas mãos nela novamente, estarão enterrados antes que percebam! — dispara Yuri.
— Mas o que faremos quando ela dormir no escritório novamente? — pergunta Felipe.
— É bem simples. Quando eu estiver aqui, eu mesmo a levo para o quarto. Caso contrário, acordem-na — responde de forma ríspida.
Nolan e Felipe trocam olhares de alívio ao perceberem que haviam escapado da fúria de Yuri. Sabiam o quão possessivo ele era, mas não imaginavam que agiria daquela forma por algo tão trivial.
— Entendido, Don. Não faremos isso novamente — respondem, abaixando a cabeça.
— Ótimo, podem ir — diz ele, dispensando-os com um movimento de mão.
Yuri caminha até a mesa de jantar, e Nora o serve. Ele não estava com muita fome, mas queria saber mais sobre a rotina de Sofia, e a mulher à sua frente era a pessoa perfeita para responder as suas perguntas.
— Sente-se, Nora. Quero que me conte como Sofia tem passado — diz Yuri. A governanta se senta com um pouco de receio, mas não queria chatear o homem à sua frente. Se ela ao menos desconfiasse que ele agrediria os seguranças, jamais teria contado que eles carregavam Sofia.
Nas horas seguintes, Yuri aprende tudo sobre a rotina de Sofia. Ele já acompanhava de perto os seus passos, mas ouvir isso de alguém que a acompanhava diariamente era diferente. Nora preenchia lacunas que os seus funcionários deixavam, e, a cada coisa que ouvia, a sua admiração e amor por Sofia cresciam.
Yuri sabia que Sofia estava relutante em ficar com ele desde a sua brincadeira na última vez, mas estava decidido a ser sincero com ela. Já fazia isso todos os dias diante dos seus inimigos; não queria fazer o mesmo com Sofia. Desejava que o seu lar fosse um lugar de paz e descanso, onde pudesse aproveitar a companhia da sua esposa e não fingir ser algo que não era.
Naquela noite, sentiu-se tentado a dormir ao lado de Sofia, mas bastou lembrar da mensagem de Ricardo para mudar de ideia. Ricardo podia estar do outro lado do mundo, mas ainda mantinha os olhos de falcão sobre a irmã. Com um suspiro frustrado, Yuri caminha até o quarto que Nora preparou para ele. Pelo menos ficaria na mesma casa que ela, o que, para Yuri, já lhe dava uma vantagem no objetivo de conquistar o coração de Sofia.
A noite de Yuri não foi tão boa quanto ele desejava. O fato de o amor da sua vida estar dormindo no quarto ao lado não ajudava. Ele acordou de madrugada e perdeu o sono. Por sorte, a casa tinha uma pequena academia nos fundos. Foi ali que ele descontou a sua frustração e raiva. Yuri queria que Sofia entendesse por que ele agia daquela forma e, para isso, precisava ser sincero com ela.
Após horas de treino pesado, Yuri entra novamente na casa, o cheiro do café enchendo o ambiente. Ele cumprimenta Nora e sobe para tomar banho. No corredor, encontra Sofia saindo do quarto. Não resiste e a puxa para seus braços. Com um sorriso brincalhão, observa os olhos dela arregalados ao olhar para ele.
— Então, meu amor, acho que podemos continuar a nossa discussão agora — diz ele, com a voz rouca, enquanto coloca uma mecha de cabelo dela atrás da orelha.