Sexto Dia por Dante&Diva: Um Coração que se Recusa a Desistir

4406 Words
How can you see into my eyes like open doors? Como pode olhar dentro dos meus olhos como portas abertas? Leading you down into my core Guiando você até o meu interior Where I've become so numb? Onde me tornei tão insensível? Without a soul, my spirit's sleeping somewhere cold Sem uma alma, meu espírito está dormindo em algum lugar frio Until you find it there and lead it back home Até você encontrá-lo ali e guiá-lo de volta pra casa Wake me up inside Me acorde por dentro Call my name and save me from the dark Chame o meu nome e me salve da escuridão [...] Bid my blood to run Faça o meu sangue correr Before I come undone Antes que eu me desfaça Save me from the nothing I've become Me salve do nada que eu me tornei [...] Got to open my eyes to everything Tenho que abrir meus olhos para tudo Without a thought, without a voice, without a soul Sem um pensamento, sem uma voz, sem uma alma Don't let me die here Não me deixe morrer aqui [...] Bring me to life Traga-me para a vida Bring me to Life — Evanescence Dante Um raio cortou o céu. O chão tremeu por causa do pesado trovão que ecoou devastadoramente. Dante se afastou de Nero desviando de um golpe, e olhou para as nuvens cinzentas a procura de algo incomum. E para assim provar a si mesmo que não houve som algum, que não passava de sua imaginação lhe pregando uma peça. No entanto, ele viu que havia um fluxo anormal nas nuvens que formara um redemoinho de cores. De repente houve um trovão ainda mais forte. O estrondo que pareceu tremer a terra, juntamente com um flash incessante de luzes iluminou o céu tornando-o uma suave laranja. Era uma mistura de dourado, branco e azul. A energia tomou forma de uma bola e se expandia gradativamente, então explodiu. O brilho fora tão intenso que era como se o sol explodira diante de seus olhos. Pequenos feixes e plumas caíram. Dante percebeu que algo saiu da enorme carga de Poder, a luz o impediu de ver com clareza o que era. Em meio ao clarão, ele viu uma figura caindo. Ele tomou impulsionou-se e pegou gentilmente a pequena pessoa que permaneceu encolhida, tremendo como se estivesse com frio ou o mais provável, com muito medo. Parecia uma garota. Não qualquer garota, mas Diva. A pele pálida levemente corada, os cabelos castanhos curtos e os olhos grandes e curiosos que o encaravam sempre em contemplação, estavam fechados. Sem duvida a menina era Diva. Ela estava envolvida por uma aura dourada que crescia para fora de seu corpo. Ela estava viva. A constatação fez um estranho sentimento crescer dentro dele. Uma parte dele ficou feliz em vê-la e outra não queria que ela estivesse ali. Tentou afastar qualquer sentimento que envolvia a garota, não ousaria sequer pensar nisso. Seus sentimentos por ela eram perigosos e destrutivos. Diva se encolheu ainda mais, respirando pausadamente. Ele se pegou ouvindo cada respiração suave que ela dava, sentira o calor e cada batida de sua pulsação. Então, ela ergueu a cabeça lentamente, olhando ao redor como se procurasse algo. E quando enfim percebeu nos braços de quem ela estava, o olhar neutro e confuso deu lugar ao choque. Diva relaxou nos braços de Dante, para mostrar lhe que não se sentia ameaçada. Diva A pior parte de estar caindo do céu era exatamente o que me esperava lá embaixo. A desastrosa queda. Reparei, com um nó na garganta que estava caindo rápido demais, m*l podia ver em meu entorno. Tudo passou num borrões e as únicas que podia diversificar eram as cores; vermelho e marrom eram as principais. Não podia evitar, e nem sequer adiar um pouco o impacto. Nesse momento desejaria que tudo fosse apenas um sonho e que quando estivesse perigosamente perto do chão, acordasse e de preferência com Dante ao meu lado como se nada tivesse acontecido. A cada minuto o chão parecia mais e mais perto. Estava mergulhando de cabeça no ar. O que restava fazer era encontrar uma posição que seria a menos dolorosa enquanto o vento chicoteava meu rosto. Coloquei meus braços na frente do rosto para poder protegê-lo. Fechei os olhos esperando pela dor. Nada aconteceu. Eu não estava mais caindo. Senti um braço quente e forte me envolver, e a leve respiração bater em meu rosto. A sensação era familiar, que despertou uma onda de sentimentos em meu interior. Lembrei o momento em que cheguei a esse mundo, quando Dante me salvou. A acolhedora e incrível emoção de estar segura. Lentamente abri meus olhos, e encontrei os olhos vermelhos do meu algoz. Eu estava nos braços de Dante. Meu coração se apertou fortemente em meu peito e meu estômago se revirou. Dante me encarou momentaneamente, com um ligeiro sorriso perverso. Ele emanava uma indefinível aura de ameaça. Os olhos rubros cortantes e gélidos dele me alertaram para o que tinha que fazer. Não cai do céu sem um propósito. — Pensei que tinha me livrado de você — disse friamente. Apesar da hostilidade que ele emanava, continuei firme. — Um homem nunca poderá se livrar facilmente de uma garota apaixonada — rebati, dando um sorriso mordaz. — Principalmente se essa garota tiver habilidades excepcionais, e que com elas possa caçar qualquer um até nos confins do mundo! — Talvez não tenha feito meu trabalho direito — antes que me preparasse, Dante com uma mão livre apertou meu pescoço. Era um aperto forte, capaz de quebrar minha jugular se estivesse viva — e um corpo mortal. Experimentei pela primeira vez a pavorosa sensação de ser sufocada, isso era um pouco estranho. Não devia sentir, afinal estava morta. Finquei minhas unhas nos braços de Dante com toda força que possuíam, rasgando a carne e deixando um rastro de vermelho carmesim na pele morena. No entanto, nem mesmo a profunda ferida afrouxou o aperto em meu pescoço. Como se não tivesse o efeito desejado. O ar ficou um pouco escasso e tive consciência que não precisava respirar, mas meus pulmões estavam acostumados com ele. Sentir o ar entrar e sair eram uma forma de me ligar à vida — ainda que instintivamente lutasse com a dolorosa verdade de que estava morta, nada podia mudar isso. Enviei uma corrente elétrica para a ponta dos meus dedos. Aos poucos, Dante desapertou meu pescoço. Embora suas mão não estarem mais pressionando minha garganta, aquele presságio, a dor que conservava-se latejando foi o suficiente para lembrar que ele não estava para brincadeira quanto a sua intenção de me matar. Eu ainda mantive minhas mãos agarradas em seus braços e em um impulso impensado, o beijei. Dante ficou surpreso e tenso e não retribuiu, ele ficou paralisado como se nada de importante estivesse acontecendo. Eu já esperava uma reação dessas, mas isso não me impediu de continuar com ímpeto. Mesmo não consentido, apreciei aqueles preciosos minutos antes de ser rudemente puxada para longe. Os olhos vermelhos estavam semicerrados e em chamas. — O que estava tentando fazer? — ele cuspiu rispidamente. — Te dando o melhor beijo de sua vida! — lancei a ele um sorriso desafiador. Eu tinha esperança que a fagulha do verdadeiro Dante despertasse com isso. No fundo, sabia que não passaria disso; uma tola esperança. — Sinto te dizer que não foi o melhor... Pode até ter sido o mais desesperado. Dante queria abalar minha confiança, queria me quebrar. Não me permitiria se tragada pela escuridão e não me abalaria por nenhuma palavra que sair da boca dele. Esse Dante não era o meu Dante. A sufocante tensão ficou no ar, tornando-o pesado. Aproximei-me dele, sem hesitação ou medo. Estava preparada para um ataque surpresa, porém ele nada fez. Por algum motivo, Dante ficou apenas me encarando fixamente. Eu vi por trás daquela mascara de indiferença, o genuíno Dante. O quente, sarcástico, badass e o homem que amava profundamente. — Não queria que chegássemos a esse ponto! — sussurrei abatida. Dante também caminhou em minha direção, tão calmo e despreocupado que nem parecia estar de frente com um inimigo — apesar de eu não ser uma inimigo propriamente dito. Nenhum de nós ousou quebrar o contato visual. Eu tinha finalmente a chance para usar minhas novas habilidades. Deixei o poder fluiu pelos meus olhos, tentando ardentemente sair. Podia sentir a dor em meus olhos e só tinha certeza de uma coisa; ser mais rápida possível e não errar. O Poder crescente moldou meus lábios para nomeá-lo enquanto pulsava em meus olhos. Canalizei sua energia para minha pupila. — Olhar de Redenção — gemi sôfrega. A dor foi quase imediata, tive que piscar algumas vezes para alivia-la. As minhas veias ardiam e todo meu rosto queimava. Por um segundo temi que o controle me escapasse, que acabasse não conseguindo usa-lo adequadamente e ficasse cega. E percebi que tudo parou. O tempo parou. Mas, me concentrei exclusivamente nas duas gemas vermelhas sem me importar com nada que não fosse ele. Fechei os olhos e quando os abri novamente, não havia mais nada além de uma insondável escuridão. Vaguei as cegas pelo breu, atraída por uma força que não compreendia. Desamparada, continuei caminhando vacilante sem saber ao certo por onde devia ir somente usando minha intuição. Estava completamente sozinha — e isso já era bem desesperado. E eu precisava sair daquele lugar agora. Não podia fazer muita coisa sem poder ver. E era assustador. Muito assustador. Cercada por nada além do silêncio, por uma infinita e assustadora escuridão. Concentro minha mente me nada que não fosse à paz que irradiava como sol, aquecendo e tomando tudo com seu poder, pois se ficar pensando continuamente em coisas que podem me confundir ou me fazer enlouquecer não ajudariam em nada. Sem contar que era capaz de estragar tudo. Confiando na força desconhecida para me guiar, me levar onde deveria estar. A determinação inundou meu corpo, e um caminho começou a se formar enquanto mostro a mim mesma por onde deveria ir. Levada somente pelos minhas intuições e o Poder que não reconheci de onde vinha. Será que esse Poder era Dante me conduzindo até ele? Andei cada vez mais rápido, pela passagem em meio as sombra, que acabara ficando para trás. Agora estava perdida em um bosque. Era uma longa caminhada; por entre antigos carvalhos e diversificação de vegetação, pisando nas folhas secas e mortas. Encontrei uma pequena casinha destruída no final do bosque. Ouvi um grito estridente e cheio de agonia. O instinto me fez correr para ajudar quem tivesse em perigo — normalmente faria o oposto, daria a meia volta e cairia correndo. Entrei na casa, e encontrei o cenário de um verdadeiro m******e. Mas enquanto me aproximava, minhas narinas inflaram com o odor pungente e enjoativo de carne humana. O cheiro de morte impregnava o ar. Além das ruínas, sangue respingado por todas as paredes havia um corpo ensanguentado e dilacerado no chão. Caminhei cautelosamente até ele, tirando os cabelos dourados do rosto e foi um choque vertiginoso ver quem era. O corpo era Eva. Os olhos dela estavam vazios — totalmente sem vida —, e tinha sinal de lágrimas neles. A visão foi degradante e angustiante. Afastei-me, respirando fundo. Só então pude entender onde estava. Eu tinha penetrado a parte mais profunda das memórias de Dante. A memória mais dolorosa, a da morte da mãe e o sumiço do irmão. Naquele instante, eu queria muito chorar. Por mim, por Dante, por Eva. Simplesmente queria aplacar aquela dor que apertava meu coração. Esmagando e dilacerando. Sentei no chão, abraçando meus joelhos. E ouvi, mesmo que bem vagamente, sons de alguém chorando. Engatinhei até onde vinha o choro. Havia um pequeno armário, ele estava um pouco destruído e quase caindo aos pedaços, porém as portas permaneciam fechadas. Com esforço, abri a portinha que acabou cedendo. Os olhos azuis familiares me encararam com pavor e revolta. O garoto me empurrou e correu para uma parte distante do pequeno cômodo. Se escondendo em uma parte escura. Vendo-o tão indefeso e assustado, senti que deveria amar e proteger aquele garoto de tudo que poderia feri-lo. Segurá-lo e acalentar sua dor, enquanto o apertar gentilmente em meus braços. Que seria capaz de enfrentar o mundo para mantê-lo seguro. E era justamente isso que faria. Quase involuntariamente, as lágrimas brotaram em meus olhos, era um misto tão forte de emoções que não sabia o que fazer. E nem ao menos, entendi a razão do choro que tentava a custo reprimir. Tinha tantos tipos de sentimentos para simplesmente escolher em palavras. E naquele momento elas estouram como vulcão: intensa e dolorida. Pareciam se ampliar-se cada vez mais enquanto tentavam bravamente se dissolver em mais lágrimas. Queria mais do que qualquer coisa deixar aquela sensação esmagadora se libertar em um choro de consternação. E a resposta veio tão rápida e simples; eu estava sofrendo pelos olhos de Dante e isso desencadeou essa confusão dentro de mim. Solucei alto e meu corpo tremeu. — Dante? — chamei minha voz embargada pelo choro. O garoto levantou a cabeça, confuso. Toquei a testa dele, tirando os cabelos de seu rosto. — Como sabe meu nome? — ele indagou num lampejo de voz. — Eu sei muita coisa sobre você — dei um sorriso de conforto — Estou aqui para ajuda-lo! — Me ajudar? — mecanicamente concordei. Dante se afastou das sombras, e vi que segurava um cordão vermelho que dava algumas voltas em seu braço. — O que é isso? — perguntei apontando para o cordão. — É de alguém muito importante para mim e minha mãe disse que tenho que segurar firme e não soltar — explicou. Ah, meu Deus! Eu já tinha me ajoelhado e tomado o menino em meus braços, e ele estava gelado. Não era de estranhar, as roupinhas que usava estava rasgada e suja. Queria usar meus braços e todo imenso amor que sentia para consolar e acalmar aquela pequena criatura. Abracei o pequeno corpo balançando-o suavemente, enquanto cantarolava bem baixinho. Esfreguei as mãos nas costas do menino para, de algum modo, aquecê-lo. A principio, ele pareceu desconfiado e relutante. Aos poucos, ele relaxou se aninhando contra meu corpo. Dante se encolheu, afundando o rosto em meu peito. Ele fungou. — Chore meu amor — Não, tenho que ser forte! Mamãe disse que tenho que ser forte... Se eu fosse mais forte ela não teria morrido... — Não é sua culpa, e sua mãe não iria gostar que pensasse assim. Dante deu um beijo de agradecimento na minha bochecha. Sorri contente. — Esta com frio? — Um pouco. Recolhi uma manta e coloquei por cima da cabeça do pequenino Dante. Ele encarou-me seguindo cada movimento meu. Como se quisesse ter certeza que não iria embora e o deixasse sozinho — algo que nunca faria. — Vamos? Dante assentiu. Peguei a mão dele, guiando-o para fora da casa. Fomos recepcionados pelo ar frio de inverno. Andei com o máximo de rapidez que me era permitido. A vegetação chacoalhava e farfalhava sem parar, e as folhas pendentes voavam sem rumo. O vento bateu violentamente em meu rosto, deixando-o sem sensibilidade. Minha respiração formava vapor pela queda brusca de temperatura. A mão de Dante me apertou. — Não fique preocupado, logo o frio passa — confortei, com os olhos fixos no caminho à frente. — Frio? — ouvi uma suave risada, quase sarcástica. A voz não parecia mais de um garotinho. Abruptamente, fui puxada indo de encontro com algo duro e quente. — Pelo contrario, estou mais aceso que nunca — arregalei os olhos quando vi que o no lugar da versão infantil de Dante, estava a versão que aparecia no Devil May Cry 3. Ele serpenteou minha cintura, me apertando contra si. — D-Dante! Solte-me! — Relaxa que a melhor forma de nos aquecer através do calor humano, — Pisquei confusa, sentindo o rubor esquentar meu rosto — Esta dando certo, você até ficou vermelha. Se bem que isso é mais pelo meu poder sobre as mulheres — ele deu um sorriso arrogante e sensual — Talvez eu te esquente como ninguém, não é? Tentei me afastar, mas ele me apertou ainda mais. Arfei, e o calor em meu rosto ficou pior — como se estivesse em chamas. — Dante! — O quê? — A voz era como veludo, quente e aconchegante. Senti um arrepio interior que parecia derreter — igual gelo ao sol. Dante não afrouxou o modo que me segurava, pelo contrario, manteve-me firme em seus braços. — Solte-me! — pedi roucamente. Dante se inclinou sobre mim, roçando seus lábios levemente contra os meus. — Te soltar? — Dante estreitou os olhos, lambendo os lábios — Acho que não! No momento seguinte, quase que automático dei lhe um tapa. O ruído foi um forte estalado. Minha mão ardeu, e a chacoalhei para aliviar um pouco a queimação. Foi uma atitude impensada e até rude, mas acabou que Dante me largou. — Essa doeu! — massageou o local que bati, movendo o queixo. — Você tem uma boa de direita, baby — Uh, você não viu nada! Peguei na mão de Dante, praticamente arrastando-o. — Olha, poderia ir para qualquer lugar que você quisesse — ele parou, e eu revirei os olhos — e com minhas próprias pernas. Mesmo gostando de mulheres com atitude, não acho que precise ser arrastado. — Tanto faz, vem ou não? — retruquei, soltando a mão dele e andando calmamente. — Mulheres... *** O ar ficou abafado e sufocante. Decididamente, ele esta me observando. Podia sentir olhos nas minhas costas, perfurando-me. Meus passos pareciam estudados milimetricamente pelos olhos do meu seguidor. Rodei em meus calcanhares para encontrar Dante agindo como se nada tivesse acontecendo. Ele voltou sua atenção inocentemente para o outro lado. Eu entendia que essa versão de Dante era uma verdadeira explosão hormonal — capaz de exalar testosterona por todo ar. Mas, acho exagerado ele agir assim. Nossos olhares se encontraram, consegui ver que ele se divertia em me incomodar — portanto um perfeito i****a. No entanto, o modo como ele me encarou fora tão intenso, senti-me corar com o calor subindo para meu rosto. Ele me olhava como se estivesse me despindo com os olhos famintos de um predador. Que bizarro. A raiva borbulhou dentro de mim, e cruzei os braços usando-os como bloqueio. — Faça o favor de parar de me olhar! — Não sei do que esta falando — deu de ombros. — Você esta me vigiando e me olha como se fosse me devorar! — Bem, — ele tomou a frente, dando uma risadinha dissimulada — a visão estava ótima. E você parece bem apetitosa. Corei furiosamente. — i****a! — apertei os passos. — Não fique brava, apenas fiz que qualquer um faria no meu lugar. — E o que seria? — indaguei revoltada. — Admirando a paisagem! Dante continuou andando calmamente, e propositalmente fiquei para trás. E repentinamente, o jovem Dante do Devil May Cry 3 tornou-se o quase incógnito Dante do Devil May Cry. Era estranho ver a mudança na aparência dele. Contudo, tinha que considerar que estava na mente de Dante utilizando os poderes de Anjo consentidos a mim por Eva. E a variação, poderia ser, na verdade as fases da vida — da alma — de Dante. — Dante? Você está bem? Ele se virou para mim. A expressão dele era indiferença e confusão. Cautelosamente, me aproximei. — Algo errado? Ele não me respondeu. — Beleza! Prefere ficar sem falar comigo... Tudo bem! Dante segurou meu braço. — Onde a princesa pensa que vai? — Sair daqui? — não era para ser uma pergunta, mas soou como se fosse. Fiquei com um pouco de medo que ele tentasse me fazer algo. Eu conhecia Dante bem o suficiente para saber que ele nunca me machucaria — pelo menos, não propositalmente. Tinha que levar em consideração que estava enfrentando uma projeção da alma nua de Dante e ela esta em constante mudança e isso pode implicar em mudar até a personalidade. — Ah, Dante? Pode me soltar, esta me machucando — pedi, sentindo meu braço doer com a força que ele apertava. — Sinto muito — ele sussurrou apático. Eu ouvi direito? Dante disse sinto muito? Acho que estamos no caminho certo. Ou não... Ficamos em um silencio desagradável. — Tem alguma ideia de onde estamos? Ele me ignorou. Não estávamos no bosque. E o cenário era completamente desconhecido por mim. Porém Dante parecia reconhecer o lugar. Ele estendeu a mão para mim, fiquei apenas olhando desconfiada e depois de um longo tempo e percebendo que nada de r**m iria acontecer, a peguei. Eu nunca me imaginei andar de mãos dadas com Dante e por mais que fosse muito — muito mesmo — bom, era também estranho. Um bolo subiu a garanta quando percebi onde estávamos. Um cemitério. Por que estávamos em um lugar assim? Essa era alguma memória? Um lugar que desperte algo em Dante? Silenciosamente, seguimos para dentro daquele lugar ameaçador. Uma rajada gelada de vento soprou pelo cemitério, fazendo com que as folhas se agitassem no chão lamacento. Agora meu coração batia tão descompassado que parecia que iria sair pela boca. Nunca fui muito fã de cemitério, por que eram assustadores e me deixavam enjoada. Principalmente com a ideia da morte. O caminho estava cheio de fileiras de amedrontadoras lápides de granito decadente, arbustos e ervas daninha que cresciam por entre as sepulturas. A visão só me fez apertar a mão de Dante e o seguir ainda mais rápido que podia. Vez ou outra tropeçava em pedras ou protuberâncias de gramas enroscadas. Houve uma agitação repentina nas arvores próximas, paralisei de medo. Ok, eu detesto cemitérios mas isso é ridículo. E uma punhalada de dor corroeu meu abdômen, soltei minha mão que estava entrelaçada com a de Dante e toquei minha barriga. — Algum problema? — Sim, — choraminguei — esse lugar me assusta. — Não se preocupe que nada vai te acontecer comigo por perto. Permaneci imóvel, incapaz de me mexer e Dante pegou novamente minha mão e sem resistência de minha parte me guiou para longe do cemitério, descendo uma pequena colina. As laterais da colina estavam cobertas por grossas lápides, algumas já desgastadas e em destroços e outras tão intactas que dava para ver as escrituras nelas. Arregalei os olhos quando vi uma lápide com o nome de Eva e outra com Vergil. Então isso também faz parte... Agora compreendia. O céu estava meio morto, sem uma cor definida. Uma mistura de cinza com branco. E estava terrivelmente frio. Fixei meus olhos no chão, tomando todo cuidado para não escorregar e quando voltei minha atenção para Dante, ele estava diferente. Agora era o Dante do Devil May Cry 4 — o primeiro e originalmente conhecido por mim. Talvez essa fosse a última mudança. A última e definitiva, a alma verdadeira. Tremi quando uma brisa passou por nós. Dante tirou o longo casaco e colocou em mim e me encarou, indulgente. — Finalmente te achei! — disse soando inesperadamente calma demais. E ficou ali, parado me olhando por tempo demais. Nada, porém, parecia ter importância. E eu não perdi tempo, e o afrontei com mais intensidade, admirando sua beleza selvagem. Perdi-me nos azuis intensos que me faziam lembrar o céu límpido e perfeito. Os olhos de Dante eram como um pequeno pedaço do paraíso que parecia pertencer somente a mim. Com um suspiro, ele me trouxe para perto. Eu queria mostrar e fazê-lo sentir toda emoção que me tomava quando o encontrei, mostrar todos os meus pensamentos e que, apesar das circunstâncias, confiava plenamente nele. — Agora que te achei, posso resgatar sua alma — e não precisaria usar o outro poder. Dante não disse nada. A escuridão tomou conta dos meus olhos, tentei lutar contra ela. Eu sabia que significava, meus poderes estavam me deixando, não tinha muito tempo. A queimação começou a consumir e queimar dolorosamente meus olhos. Era como se tivessem jogado ácido em meus olhos. Ainda consegui sustenta-los em Dante e com um ultimo apelo, gritei: — Olhar da Salvação! Uma forte e miraculosa luz tomou minha visão. Não houve mais nenhum som, nem mesmo ouvia minha respiração. — Diva? A voz chamou, me trazendo para a realidade. Tentei usar meus sentidos para descobrir quem era que me chamava, mas não consegui reconhecer a voz. Minha visão estava borrada, em uma cegueira vertiginosa. Havia algo que escorria pelas minhas bochechas como lágrimas, porém quentes e mais densas. Não podia dizer o que era. Elas deslizaram até chegar perto dos meus lábios, e usei minha língua para saborear o que quer que fosse. O gosto era desagradável de ferrugem. Minhas lágrimas eram de sangue. — Diva pode me ouvir? Fiz um gesto positivo com a cabeça. — Pode ver? Sabe quem esta falando com você? — Hm, não... — era uma resposta direta para ambas as perguntas. — Sou eu; Alexander. — Onde está Nero? — indaguei preocupada. — Estou aqui — senti Nero tocar meu ombro. — Eu consegui? — pisquei e a nebulosidade começou a se dissipar. E mesmo sem poder enxergar cem por cento, olhei ao redor à procura de Dante. Vagando cada canto daquele lugar, até para na cruz onde Dante deveria estar. Não havia nem sinal dele. Não o encontrei. Tentei levantar e percebi que meu corpo cintilava. O brilho cresceu para fora de mim, como a luz do sol; dourada e enérgica. Olhei mecanicamente para onde o anel que Alexander me deu deveria estar. A pequena pedrinha púrpura estava quebrada. Isso significava que minha aura estava livre. — Merda! — resmunguei. E entendi o motivo da preocupação de Alexander em relação a minha aura, e principalmente quando surgiu um verdadeiro batalhão de demônios que marchavam em nossa direção. Eu, sem querer, os estava atraindo. — O que faremos? — Só nos resta lutar! — Nero se posicionou para atacar. — Tem razão garoto, — uma voz enunciou alto o suficiente para voltarmos à atenção a ele — mas não comecem a festa sem mim. Afinal, sou o convidado principal. Dante pousou teatralmente na nossa frente, e me olhou por cima dos ombros. — Eu te devo essa doçura — ele deu um sorriso e juntamente com Nero, foi em direção ao enorme grupo de demônios. — Isso sim que chamo de diversão.
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