Quinto Dia por Diva: Heróis não Choram

2563 Words
Standing here in front of you Em pé aqui a sua frente A wave of joy and sadness fills the room Uma onda de alegria e tristeza enche a sala Your soul has crashed into a wall Sua alma se chocou contra a parede Your world just broke to pieces after all Seu mundo se partiu em pedaços depois de tudo The days of your life Os dias da sua vida Leave the world standing outside Abandonam o mundo esperando do lado de fora You find the strength for a smile Mas você acha a força para um sorriso Because heroes like you wouldn't cry Porque heróis como você não chorariam Heroes Don't Cry — Scorpions “I'll come like a hero and heroes don't cry for love” Finalmente encontrara a alma de Dante. No entanto, o homem que via na frente não era nem sombra do presunçoso e famigerado Dante. No lugar era um homem extremamente fraco e ferido; suas roupas estavam rasgadas, espinhos perfurando e dilacerando a pele dele e prendendo-o na cruz, havia uma espada semelhante ao Santo Graal penetrando seu peito. Uma cena de cortar o coração. Era insuportável ver o homem que amava sofrer daquele jeito. Olhei para mim mesma procurei cuidadosamente, e para minha alegria encontrei quase que imediatamente, meus olhos seguiam a extensão do fio.; Um cordão prateado anexado ao dedo mindinho de Dante que se esticava até... O meu. O que eu desconfiei estava certo, eu era ligada a Dante. Ligada de uma forma que somente os verdadeiros amantes são. Minhas emoções explodiram violentas como uma correnteza de água. Não percebi quando estava chorando, apenas senti minhas lágrimas deslizando pelo meu rosto. Um soluço escapou pela minha garganta enquanto meu corpo tremia de dor angustiante — embora uma parte minha se enchesse de alegria por enfim estar com Dante. Coloquei as mãos sobre minha boca para abafar meus soluços e gemidos. Nero colocou a mão no meu ombro dando-me conforto. Estava tão envolvida no meu casulo de tristeza que o ignorei completamente. Juntei todas minhas forças e corri. Meus passos eram trôpegos e vacilantes, mas cada movimento em falso dava-me impulso para prosseguir. Podia ouvir gritos atrás de mim, tanto de Alexander quanto de Nero. Continuei a correr ainda mais rápido e firme, vendo apenas o que estava na minha frente, um único objetivo fixo em minha mente. Alguns demônios correram para me atacar, mas estava tão empenhada que milagrosamente consegui desviar de cada golpe que desferiam contra mim. Eles estavam perto o suficiente para sentir o bafo, que tinha um cheiro repugnante de carne podre. A onda de coragem que me tomou foi poderosa a ponto de não temer o esgotamento — afinal eu não estava morta e meu corpo estava cheio de energia. Quando me aproximei de onde Dante estava, surgiram serpentes de espinhos que travaram a passagem impedindo que chegasse até ele. Elas apanharam minhas mãos, roçando os espinhos em mim a ponto de tirar sangue — como ainda estou viva, minha forma espiritual sangra. Um tremor de raiva passou por mim enquanto tentava soltar-me da prisão de espinhos, que pareciam se apertar mais quando lutava para tira-las. A dor lancinante não iria me parar. O sangue quente escorreu das minhas feridas abertas, as plantas espinhosas se atiçaram e envolveram minhas pernas. Lutei freneticamente como um animal, com meus dentes e unhas, balançando minhas pernas para que não as alcançassem, mas elas conseguiram e fizeram cortes profundos nelas. Parecia que tudo era em vão, com o tempo, fui completamente detida e presa ao chão. Havia mais plantas que se enroscaram em mim. Elas subiram pelo meu abdômen e se apertaram ao redor do meu pescoço, levando-me ainda mais para baixo. Respirava com um pouco de dificuldade, com inspirações escassas e tentava sugar um pouco mais de ar. Mais do que o aperto me permitia. E com outro corte, soltei um grito involuntário. Nessa batalha para chegar até Dante, fiquei totalmente arrasada; sangrando a mercê de plantas assassinas. Nero apareceu ao meu lado e cortou rapidamente as plantas que seguravam minhas pernas e aproveitei para tirar as que prendiam meus braços. Alexander pegou minha mão para me impulsionar com eficácia aceitável para que eu saltasse. Assim que peguei impulso atirei-me para onde Dante estava. Consegui me pendurar nos pés dele, usando-os para subir. Ele ainda tinha o mesmo cheiro que me lembrava; pólvora e um leve aroma de álcool. Usei minhas pernas para me agarrar a cintura de Dante e apoiei a mão na cruz. — Oh, Dante! — gemi pateticamente, os soluços saiam descontrolado — Eu tinha te prometido ser forte e não chorar, mas não pude! Queria ter sido forte por você, ser digna de estar com você. Agora estou aqui para te salvar, essa é a minha vez de te proteger. Com a mão livre sequei minhas lágrimas. Pressionei com firmeza minhas pernas ao redor de Dante, agora usaria a força das minhas pernas para me sustentar no lugar e com as mãos tiraria a espada do peito dele. E, então segurei a lamina da espada e a puxei, o primeiro movimento de retirada fez o sangue espirrar. Parei quando vi uma grande quantidade liquido escarlate escorrer pela bainha da espada. Olhei para minhas mãos ensopadas de sangue. Não podia fazer uma mera ação sem machucar ainda mais Dante. — Me desculpe — chiei, agarrando firmemente e ao mesmo tempo forçando a espada com tudo para fora. Ela praticamente evaporou em minhas mãos, como se na verdade fosse feita de pó e que o toque tenha a destruído. Agora sobrara um enorme corte no peito de Dante, um buraco ensanguentado e profundo. Conseguia até mesmo ver o coração pulsar. Ergui minhas mãos cuidadosamente pousando-a no ferimento delicado. Analisei por um breve instante, cada respiração dele com demasiado esforço. Dante estava livre de ao menos um tormento. — Dante! — o abracei esperançosa. Esperei e nada diferente aconteceu. E, de repente, surgiu uma estranha e condensada energia. Ela vinha diretamente de Dante, a onda fez pressão no ar e atirou-me para longe. Eu caí com muita truculência no chão e por cima de um emaranhado de plantas espinhosas. Era como deitar em uma cama de pregos — bem, pelo menos é o que acho. Permaneci deitada atordoada, incapaz de levantar, de respirar, incapaz de qualquer coisa que não fosse sentir muita dor. Estava toda quebrada e dolorida. Pisquei os olhos continuas vezes, até me certificar que estava viva. Forcei todos os meus membros a se moverem, demorou a todos captarem os comandos, mas consegui. Meus braços se moveram — o que foi um bom sinal — assim como minhas pernas que estavam meio fracas. Enchi meus pulmões de ar, que desciam queimando. Alexander me ajudou a sentar e Nero começou a procurar algum problema em mim. Ele me apertava em praticamente todas as partes que mais doíam, sabia que era apenas por precaução, porém isso não aliviou a dor. — Estou bem! — grunhi, afastando as mãos de Nero. — O que foi isso? — Parece que foi uma força repelente vinda de Dante. — Dante nunca iria me repelir! — retruquei. Uma sombra caiu sobre nós e instintivamente olhei para cima, abalada. Encarei desconcertada a figura que parecia muito familiar, mas que emanava iminente ameaça. Meus olhos encontraram duas gemas vermelhas carregada de desejo e fúria, algo que poderia associar ao predador encontrando sua presa. Então, ele ergueu a enorme espada e sorriu. Nero o bloqueou com Yamato e Alexander me teleportou para longe. — Você esta bem, Diva? Apenas assenti. Quando a figura virou para mim foi quase uma luta para não ofegar de choque. Dante! Não poderia, pois ainda tinha o Dante pregado na cruz. Aquele era Dante, ou pelo menos parecia; as roupas eram idênticas, mas eram completamente pretas assim como o cabelo. Os olhos não eram o azul perfeito e límpido, eram rubro intenso e cheio de malícia. — Dante? — Dante relaxou o golpe sobre Nero. — Parabéns, não é tão ingênua quanto parece doçura! — ele ralhou, dando um sorriso de escárnio. — Qual é o seu problema? Por que nos atacou? — Nero vociferou, ainda mantendo a posição de ataque. — Meu alvo não era vocês, mas já que estão aqui podem me entreter um pouco — bocejou, pousando Rebellion sob os ombros — Foi entediante esperar, você demorou muito para me achar doçura. Estou decepcionado! — Dante o que houve? — indaguei preocupada, me soltando dos círculos protetores dos braços de Alexander. Dante ignorou Nero, passando diretamente por ele e vindo em minha direção. — Não houve nada, apenas senti sua falta — o sarcasmo dele enviou um arrepio na espinha e meu coração se apertou. — Não sabe o quanto queria fazer isso... — Dante desferiu um ataque com a Rebellion, teria me acertado em cheio se não tivesse me jogado para a direção oposta. Ele estava jogando comigo. É claro que se estivesse lutando a sério, eu não teria chance nenhuma de escapar. Ele sabia bem disso. Alexander e Nero foram a meu socorro, mas me adiantei: — Parem! Isso é entre mim e Dante! — Diva! — Nero grunhiu. — Deixe que eu faça isso sozinha! Alexander aceitou e ficou apenas observando, Nero não estava muito satisfeito, mas permitiu que eu fizesse tudo sozinha, a minha maneira. — Então o que vai ser doçura? — Acho que o modo difícil — Sabe que isso é uma das coisas que mais gosto em você... — ele declarou, entediado — Sua capacidade de arcar com a própria estupidez! — É mesmo? Pelo menos tenho algo bom em ser estupidamente corajosa! — Tenho que concordar. Eu não podia usar muitas das minhas habilidades por causa do anel que suprimia minha aura, então tinha que me virar com o que dá. Dante começou uma sequencia de golpes, não muito rápidos mais eficientes. Somente consegui a façanha de desviar por que ele dava brechas, caso contrario cada golpe teria me feito em pedaços. Mesmo com todo cuidado adquiri alguns cortes. Dante parecia se deleitar com minha dor, tanto é que dada a oportunidade — por distração minha —, ele fazia uma nova lesão. Não parecia em nada o Dante que conhecia. Recuei alguns passos depois de sentir a ardência na minha coxa, onde Dante feriu. Cambaleei e acabei tropeçando, e desmoronando para trás. O sorriso de Dante se alargou e quando ele estava pronto para desferir o ultimo golpe — o fatal. Nero chegou a tempo usando novamente Yamato para parar Rebellion e impedir o impacto, assim me protegendo. A força do impulso que Nero exerceu, levou Dante para trás, que saltou arrogantemente para longe. — Acho que você não ouviu a moça quando ela disse que queria lutar sozinha — E deixar você mata-la? Nunca. — Acha que não percebo, garoto? Você olha Diva da mesma maneira que eu. A mesma vontade de possuí-la, não é? — Dante zombou, indiferente — Sabe, Diva precisa de um homem, não um menino! — Menino, huh? Desta vez, Nero foi para cima de Dante. Ele golpeou pela direita, que logo foi inibida. Tentou uma sequencia de ataques por cima e pelos lados, quase não pude acompanhar. As faíscas das duas espadas se chocando eram perceptíveis em meio aos rápidos movimentos. Com dificuldade, me levantei e posicionei-me para um ataque surpresa. Dante conseguiu pegar o braço de Nero e joga-lo violentamente no chão, soltando uma nuvem de poeira no processo. Com Nero caído, Dante pisou no abdômen dele estancando-o no chão e fincou Yamato no braço de Nero, fazendo-o soltar um grunhido de dor. — Espero que isso seja o suficiente para você, garoto. Antes que Dante o acertasse mortalmente, lancei um raio psíquico. Ele se protegeu com Rebellion, contudo se afastou de Nero. — Nero! Tudo bem? — perguntei tocando o rosto dele. — Sim, não se preocupe! — Ele tem razão doçura — a voz rouca de Dante soou atrás de mim — Você tem algo muito mais importante para se preocupar! Abruptamente, senti-me sendo puxada com uma velocidade desumana, até ficar diretamente em frente a par de olhos vermelhos. — Você sabe o que é isso? — Dante tocou meu peito e puxou o cordão vermelho que havia ali. — Sabe o que acontece se por um acaso esse fio se romper? Meu corpo tremeu de medo, um temor avassalador. Tentei afastar as mãos dele de mim. — Se você morrer estará propensa às regras do Inferno. — Não faça isso, Dante! — Terei o prazer de ser seu carrasco, doçura! Dante sorriu e com um rápido movimento cortou a Ponte do Coração, minha única ligação com o mundo dos vivos. Sem ele... Estava oficialmente morta. Eu não tiver mais certeza do que aconteceu comigo, quando o fio se partiu. Minha garganta doía, meu peito estava, ao mesmo tempo, se apertando e expandindo. Cada batimento do meu coração soava através dos meus ouvidos, um pulsar quase débil. Não consegui respirar não importava meu esforço para fazê-lo, não adiantava. Meu coração deu uma batida sôfrega e fraca, e pesava. Muito. Ele estava parando o mundo girou ao meu redor. Dante me segurou, quando minhas pernas cederam. Não havia mais nenhum sinal de escárnio em seu semblante. Toquei o rosto dele, enquanto as lágrimas quentes banhavam minhas bochechas. Quem diria que morreria nos braços de Dante, e morta por ele mesmo. No entanto, não era tão r**m. O que aconteceria com minha alma? Eu ficaria no Inferno? Eu estaria com Dante? — Dante... — dei um ultimo sorriso antes do derradeiro pulsar do meu coração, até ele parar completamente. Ouvi gritos chamando meu nome, mas pareciam distantes, lembranças de um sonho. Eu não sei se era uma ilusão ou se era real, mas vi uma lágrima solitária escorrer quase discreta pelo rosto de Dante. Talvez só a estivesse vendo por causa da nossa aproximação. Isso é tão engraçado. Heróis não choram. Não devem chorar. Não, demônios não choram. Sem resistir, resignei-me a penumbra. [Rain] Rain observou a figura pálida, com uma expressão mórbida. Ela parecia como se estivesse dormindo serenamente. Tinham passados muitos dias desde que a jovem partiu para o Inferno e não voltará. Isso deixou Rain ainda mais preocupada. Será que algo r**m tinha acontecido?, pensou ela inconformada. O corpo se contorceu, a respiração cerrou e se lançou para frente. Alarmada, Rain tentou leva-la a deitar novamente. Diva ainda não tinha voltado, mas o corpo se movia como se algo estivesse errado. Instintivamente, Rain pousou a mão sob o peito dela e esperou para sentir os batimentos de um coração vivo. Não sentiu nada, absolutamente nada. Diva abriu os olhos e inspirou violentamente, dava para ver que esse movimento era um impulso de seu corpo que buscava desesperadamente ar. Rain segurou-a firme, ainda esperando sentir o coração, este deu apenas uma batida antes de parar completamente. O corpo caiu para trás, nos braços da jovem guardiã. Então foi assim que tudo terminou. Isso que diriam quando vissem o corpo da jovem desfalecia sem pulsação, que Ivy Valentine, morreu em uma missão suicida para salvar o amado do Inferno. Rain usou sua aura para ver se o cordão qua ligava o corpo a alma, ainda estava conectado. Ela tocou o fio e havia um fim, cortado. Isso significava que Diva estava definitivamente morta.
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