Capítulo 02 - Destino.

1116 Words
Cheguei no consultório arrumando tudo para a chegada dos pacientes, aqui era eu e a Naira pra tudo, ela é a recepcionista daqui, mas acaba fazendo muito mais do que isso, mais do que meus braços e minhas mãos aqui ela se tornou uma ótima amiga, na verdade a única até hoje. Terminamos de organizar as coisas e eu entrei pra minha sala, liguei o meu computador e fui checar os pacientes que tinha pra hoje, por incrível que pareça isso aqui enche de “gente” na maioria das vezes. É tanta dondoca nessa vida que não sabe como cuidar nem de si mesma, os cachorros chegam aqui cheios de pequenos problemas pra tratar e bom, acaba sobrando pra mim. Mas não é uma reclamação do meu trabalho nunca, isso aqui pra mim é uma terapia. Fiz todos os meus atendimentos e sai pro meu horário de almoço, fui comer num restaurante que tinha aqui perto, eu já tinha feito ate amizade com a dona de tanto que vinha aqui. Depois de um almoço normal como o de todos os dias eu voltei pra clínica para terminar os atendimentos, quando olhei na minha agenda eu me espantei completamente. Atendimento a domicílio. Local, morro da Providência. Quando eu vi o nome daquele lugar eu até paralisei, prometi pra mim mesma que nunca mais colocaria os pés naquele lugar, só Deus sabe das coisas que eu já passei ali, mas a vida não é só feita das nossas escolhas. Respirei fundo e arrumei as minhas coisas. Chamei um uber e ele me deixou na barreira, eu já estava acostumada com isso, não achei que faria esse trajeto outra vez na minha vida, os vapores logo vieram ao meu encontro com fuzis na mão, cheios de marra. Vp1: Ta indo pra onde senhora? - Um baixinho perguntou assim que chegou perto de mim, ele parecia ter uns 12 ou 13 anos. Eu com certeza não sentia falta disso, de ver crianças que teriam tudo pra ser alguém na vida entrando no crime tão novos, na maioria das vezes por tão pouco. Gabriela: Eu sou veterinária, vim fazer uma consulta na casa da Kelly da rua 9. - Dei as informações que haviam sido me passadas. Talles: Deixa a mulher subir, ela ta indo lá pra casa, Kelly deu pra inventar essas graças agora. - Um cara alto se aproximou e falou com os caras que tinham me cercado. - Sobe ai doutora. - Apontou pra moto dele e eu revirei os olhos. Mas vou fazer o que, eu subi né, não vou reusar uma carona em um calor desses. Ele me deixou em frente a uma casa no final da rua 9, era extremamente perto da do dono daqui, pra morar aqui pouca coisa eu tenho certeza que essa mulher não é. Felizmente eu não tive o desprazer de conhecer o dono daqui, mas já ouvi o suficiente pra saber que quem se encontra com ele ou morre, ou acontece coisa pior. O homem que me trouxe abriu o portão e em frente a porta tinha uma mulher com uma cara de nojenta e fazendo um choro que provavelmente deve ser f*****o, mas como dizem por ai, não julgais o livro pela capa..bom, eu julgo pela cara mesmo. Gabriela: Prazer, eu sou a Doutora Gabriela, no que meus serviços podem lhe ser úteis. - Apertei a mão dela. Kelly: Doutora me ajuda por favor, a minha cachorrinha não para de chorar e de vomitar, ela ta inquieta e eu não faço ideia do que pode estar acontecendo. - Falou em desespero. Pedi licença pra entrar na casa e ela me levou até a cachorrinha, era uma York Shire que respondia pelo nome de Juju. Eu a examinei e como o esperado, era erro de principiante. Gabriela: Você por acaso deu chocolate pra ela recentemente? - Encarei ela que ficou sem jeito. Kelly: Sim, mas foi só uma vez, ela fez uma carinha de pidona e eu não resisti. - Não tenho paciência pra esse tipo de pessoa! Revirei os olhos e respirei fundo, no mesmo momento eu comecei com o processo de desintoxicação na cachorra que durou algumas horas, mas ao final do procedimento ela estava totalmente bem e correndo pela casa de novo. Esse era o meu prazer. A tal da Kelly ficou feliz da vida ao ver que a cachorra estava bem e morreu de me agradecer, bom, esse é o meu trabalho. Recebi e sai dali satisfeita com o que eu tinha feito, eram 17:00 da tarde e eu estava dando graças a Deus por ainda não ter escurecido. Desci a ladeira daquele morro pensando em inúmeras coisas. A minha cabeça não parava nenhum minuto. De repente escutei o barulho de fogos serem soltos e logo me espantei, isso agora não. Fiquei desnorteada e sem saber o que fazer. Entrei no primeiro beco que eu vi e me abaixei ali, tampei os meus ouvidos e fiquei até achar que aquilo tudo tinha acabado. Levantei apreensiva e andei até a calçada. Quando eu menos esperei ouvi um disparo perto de mim, me arrepiei toda, esperei a dor me invadir, mas não aconteceu. Só deu tempo de ver um homem que eu nunca tinha visto na vida caindo na minha frente com uma mancha de sangue se formando na blusa dele. Logo se formou um circulo de caras em volta e colocaram ele em um carro, eles estavam discutindo sobre onde levariam o homem, já que no postinho não tinha recurso e na pista eles não durariam dois minutos. Gabriela: Eu posso ajudar. - Falei involuntariamente, se o cara pulou na frente de uma bala pra me proteger, o mínimo que eu podia fazer era tentar usar a minha profissão a favor disso. Talles: E você por um acaso é médica? - Me olhou desconfiado. Gabriela: Não exatamente, mas eu sei o básico. - Disse a verdade. Ele pareceu pensativo, mas logo concordou e deixou eu entrar no carro. O homem estava desacordado e suando frio, eu precisava fazer alguma coisa pra ajudar. Pedi para irem mais rápido e assim eles fizeram, chegamos a uma casa enorme no alto do morro e descemos, os vapores estavam mais nervosos do que eu. Eles colocaram o homem em cima do sofá e pegaram o kit de primeiros socorros, que por incrível que pareça não tinha tudo, mas boa parte do que eu precisava. Todos saíram me deixando sozinha com o cara que eu descobri agora que se chama Talles. Respirei fundo mandando o meu nervosismo ir embora e comecei a prestar atenção no que deveria ser feito.
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