Capítulo 33. Interclasse dos meninos

695 Words
O clima no campus era completamente diferente naquele sábado. Bandeiras coloridas, arquibancadas improvisadas, professores circulando com pranchetas, alunos uniformizados com as cores dos times… O internato inteiro parecia vibrar com a energia do torneio anual. Adrian estava no time de atletismo, como sempre não porque ele se achasse um atleta, mas porque era rápido demais para ser ignorado pelos treinadores. Usava a camiseta roxa do time, o número colado nas costas, e estava cercado pelos amigos que também participariam. — Hoje é o dia, meu filho — Miles bateu no ombro dele. — Vai correr e impressionar alguém aí. Adrian revirou os olhos, amarrando os tênis. — Não começa. Derek apontou discretamente com a cabeça. — Tarde demais. Adrian olhou na direção da arquibancada. Eleonora estava chegando. Com um moletom branco por cima do uniforme da torcida, short preto, r**o de cavalo alto e óculos escuros. Mesmo assim, parecia que todas as pessoas ao redor tinham ficado menos interessantes de repente. Ela não estava sozinha. Duas amigas caminhavam com ela, carregando cartazes. Um deles tinha o nome da equipe dele. — Meu Deus… — Adrian murmurou. — Elas fizeram cartazes? Miles riu. — Relaxa. Aposto duas barras de chocolate que o seu nome não está lá. E não estava. Mas quando Eleonora ergueu o cartaz que a amiga entregou, Adrian engasgou. "GO GENIUS!" E um desenho tosco de um falcão musculoso com óculos de sol. Eleonora não olhou pra Adrian imediatamente. Mas quando olhou… Foi só por um segundo. Um segundo suficiente. E ela desviou como se não tivesse acontecido nada. Primeira prova Corrida de 400 metros Os competidores alinharam-se na pista. Adrian alongou os braços, concentrado. Mas sua mente insistia em voltar para a imagem dela na arquibancada. Foca, Ashbourn. Não é hora pra isso. O apito soou. Ele disparou. Adrian corria como se estivesse sendo puxado por algo invisível rápido, estável, preciso. O vento cortava seu rosto, o barulho da torcida desaparecia, tudo se reduzia ao som de sua respiração. E então… — VAI, AD! Ele ouviu. A voz dela. Claramente. Ele acelerou, sem entender de onde tirou tanta força nos últimos metros. Cruzou a linha quase dois corpos à frente do segundo colocado. A arquibancada explodiu em gritos. Ele parou, respirando fundo, mãos nos joelhos. Seus amigos o cercaram imediatamente, vibrando. — Cara! — Miles gritou. — VOCÊ FUMEGOU A PISTA! — Foi a energia da sua musa — Derek zombou. Adrian fingiu não ouvir. Mas seu olhar procurou automaticamente. Eleonora estava batendo palmas. Contida. Elegante. Com um sorriso tão discreto que talvez só ele tivesse visto. Quando os olhos dos dois se encontraram, ninguém notou. Mas eles sentiram. Adrian estava bebendo água quando uma sombra se aproximou. Eleonora. — Parabéns, gênio — ela disse, com a voz mais baixa do que deveria. Adrian ergueu a cabeça, surpreso por ela ter vindo até ali. — Valeu. Ela balançou o cartaz dobrado que tinha nas mãos. — Não fiz isso pra você — disse rápido. — Fiz pelo time. — Claro — ele sorriu. — Mas gritou meu nome. Eleonora travou. — Gritei seu apelido na verdade. — Eu ouvi. Ela mordeu o canto do lábio irritada, exposta, e por alguma razão… linda. — Foi um incentivo educado. — Educado? — Adrian riu. — Você sabe gritar de um jeito muito… animado. O rosto dela ficou levemente vermelho. — Vai se ferrar, Adrian. Ela deu um passo para trás, pronta para fugir da conversa, mas antes que pudesse sair, Adrian chamou: — Eleonora. Ela parou. Olhou por cima do ombro. — O que foi agora? Ele segurou o olhar dela. — Obrigado. Ela piscou, surpresa com a sinceridade. E antes que a tensão se transformasse em algo mais perigoso, uma amiga dela gritou do outro lado: — LEO! A próxima prova vai começar! Vem logo! Eleonora respirou fundo, recobrando a pose. — Não perde a próxima, gênio — ela disse, como se estivesse exigindo. E correu de volta para a arquibancada. Adrian ficou ali parado por um instante. Com o coração correndo mais rápido do que na pista. E sem admitir para si mesmo… Que tinha gostado demais de ouvi-la torcer por ele.
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