NO JATINHO DA FAMÍLIA MONTREUIL 2h da manhã
Eleonora estava afundada na poltrona de couro branco, a luz suave refletindo no rosto impecável ainda maquiado. Seus pais conversavam animadamente com o assessor alguns assentos à frente, mas ela não ouvia nada.
Tinha o celular na mão.
E na tela… a foto.
Ela e Adrian.
Os dois sozinhos.
Ele formal, elegante; ela radiante, impecável.
Um site de notícias de negócios havia publicado minutos atrás:
“HERDEIROS DO GRUPO MONTREUIL ASHBOURN: O FUTURO DO IMPÉRIO AUTOMOTIVO.”
Debaixo, os nomes dela e de Adrian.
Eleonora sentiu uma onda quente de irritação e outra de algo que ela não queria admitir.
Ela aproximou o zoom na foto.
Eles pareciam… um casal.
Pior: um casal poderoso.
Que absurdo.
Ela bufou baixinho.
Mas seus olhos continuaram presos à imagem.
Por que ele ficou tão perto?
Por que parecia natural?
Por que meu corpo reagiu daquele jeito quando ele me abraçou?
Eleonora fechou os olhos, irritada consigo mesma.
Ele é só um i****a arrogante. Popular demais. Inteligente demais. E irritantemente… bonito.
Abriu os olhos de novo.
— Ridículo — murmurou para si mesma, mas o incômodo que sentiu ao lembrar do perfume dele… não era tão simples.
Ela desligou a tela.
E reclinou a cabeça, tentando afastar o calor no peito.
Mas a verdade era clara:
Adrian estava começando a mexer com ela de novo e ela odiava isso.
NO JATINHO DA FAMÍLIA ASHBOURN— AO MESMO TEMPO
Adrian estava sentado sozinho, fone no pescoço, sem ouvir a conversa empolgada dos pais sobre o sucesso do evento. Ele encarava o tablet à sua frente, onde a mesma foto estava aberta.
A foto dele e Eleonora.
Os dois sob o foco de dezenas de câmeras, mas ainda assim parecendo… conectados.
A legenda brilhava embaixo:
Ele recostou a cabeça contra o assento, soltando uma risada curta um som incrédulo.
— Impressionante. — murmurou. — A gente quase se mata e ainda assim parecem que somos perfeitamente compatíveis.
Ele rolou a foto para o lado, vendo outras imagens individuais… mas sempre voltava para aquela.
A expressão dela…
A postura dele…
Por que diabos isso parece tão natural?
O estômago dele apertou ao lembrar da provocação final dela o jeito que apertou sua gravata.
O olhar frio, porém brilhando de satisfação.
Adrian passou os dedos pela gola, onde ainda parecia sentir a pressão.
— Ela faz isso de propósito — sussurrou. — E o pior é que funciona.
Porque funcionava.
E ele odiava que funcionasse.
Mas no meio da irritação, havia outra coisa que ele não queria encarar:
Ela era linda. Magnética. Indomável.
E quando ele tinha ela tão perto naquela foto, no abraço, ou no jogo verbal algo dentro dele despertava de forma intensa demais.
Ele fechou o tablet.
Respirou fundo.
Mas a imagem continuava gravada na mente.
Eleonora Montreuil era um problema.
E quanto mais ele tentava ignorar, mais esse problema o perseguia.
Em dois jatinhos diferentes, a quilômetros de altitude…
Ambos pensavam um no outro.
E a guerra silenciosa entre eles estava apenas começando.