Capítulo 17. Confronto

787 Words
A música vibrava suave no fundo, mas para Adrian, cada passo em direção a Eleonora parecia abafado, como se o salão tivesse mergulhado em silêncio. Ele avançava com aquela expressão típica dele quando alguém cruzava seus limites: focado, tenso, e perigosamente calmo. Eleonora percebeu que ele vinha claro que percebeu. E, em vez de recuar, ela se virou inteira para ele, deixando o vestido deslizar num movimento suave, exibindo mais ainda as costas nuas. E ainda inclinou a cabeça de um jeito que dizia claramente: “Vem. Vamos ver até onde você aguenta.” Quando Adrian finalmente parou diante dela, os dois se encararam. Pela primeira vez naquela noite, Eleonora ficou totalmente quieta. Só olhando, com aquele sorriso provocador brincando no canto da boca. O garoto que estava ao lado dela o mesmo que tentara tocá-la arregalou os olhos ao ver Adrian se aproximar. — Adrian? — Eleonora disse num tom doce demais para ser real. — Não achei que você fosse de aparecer em festinhas como essa. Ele respirou fundo, tentando manter o controle. — Não achei que você fosse de… — ele a olhou de cima a baixo, irritado — …vir assim. Ela abriu um sorriso vitorioso. — “Assim”? — inclinou o corpo de leve, como se estivesse desafiando ele a repetir. — Como, exatamente? — Fantasiada de problema. — ele respondeu firme. Alguns dos que estavam por perto soltaram um “uuuuh”. Mas Eleonora não se abalou. Na verdade, ela parecia ainda mais interessada. — Você continua mandão, né? — comentou, cruzando os braços. — Não mudou nada. — E você continua se colocando em situações idiotas. — Adrian rebateu. — Pode dar r**m se te pegarem aqui. — Vai me dedurar, gênio ?— ela deu um passo para mais perto, chegando a apenas alguns centímetros dele. — pode dedurar, mas não esqueça de avisar que o prodígio da escola também estava presente hein. O garoto ao lado dela observava tudo de boca aberta. Eleonora notou e se virou para ele por um instante. — Pode ir, Noah. — ela disse num tom quase gentil, mas firme. — Depois conversamos. O menino sumiu num piscar. Quando ela voltou a olhar Adrian, o sorriso estava mais… afiado. — Então? — ela provocou. — Vai continuar me olhando com esse olhar de “não deveria estar aqui”? Ele deu uma risada curta, incrédula. — Eu não estava te olhando. — Estava me olhando como se eu tivesse cometido um crime. — ela rebateu. — ou talvez...— Eleonora deixou no ar. — Você adora uma atenção né . — Adrian respondeu, direto. —Veio assim porque sabia que olhariam. Eleonora deu de ombros. — Não é minha culpa se eu sou… impactante. Ele cerrou o maxilar. — Você faz isso de propósito. — Claro que faço. — ela sussurrou, aproximando-se mais um pouco. Adrian congelou. O perfume dela, o brilho da pele, a boca ligeiramente curvada… Tudo isso era uma provocação calculada. E funcionava. Ele baixou a voz. — Por que você tá fazendo isso? Ela piscou devagar. E respondeu com absoluta honestidade e provocação: — Porque você me da atenção assim. Adrian sentiu o coração bater forte não de paixão, mas de puro conflito. Uma parte dele queria virar as costas. Outra queria responder à altura. E então, Eleonora deu o golpe final: Ela deslizou a mão até o ombro de Adrian, tocando sua camisa de leve, fingindo tirar um fiapo inexistente. — Relaxa, Ashbourn. Eu só vim me divertir. Ele capturou o pulso dela com os dedos gentil, mas firme afastando a mão do próprio ombro. — É exatamente isso que me preocupa. Ela sorriu. Um sorriso lindo. Perigoso. Desafiador. — Então tenta me impedir. Adrian abriu a boca para responder — Opa! — Miles apareceu do nada, esbaforido. — Desculpa atrapalhar o duelo de titãs aqui, mas temos companhia. Vigilante vindo pelo corredor norte! Adrian e Eleonora se olharam por um segundo. A tensão só aumentou. — Ótimo. — Eleonora murmurou. — Agora é você hora do gênio entrar em ação, ou você quer que eu saia de arrastando como nos velhos tempos? Adrian respirou fundo. — Vamos. — ele pegou o braço dela, puxando-a levemente para trás de uma coluna. — Se te pegarem, você tá expulsa em quinze minutos. Ela riu. — Ah, então você se importa… — Eu me importo com a confusão que isso vai dar pra mim depois. — ele rebateu, mas o tom não tinha tanta convicção. Ela percebeu. E o sorriso dela cresceu. A perseguição pelo internato estava prestes a começar. E, pela primeira vez, os dois estariam correndo juntos mesmo que fosse só para não serem pegos.
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