COLISÃO DE DINASTIAS

Capítulo 11. Adrian vê Eleonora

O refeitório estava cheio naquela noite. O barulho de conversas, talheres e bandejas se misturava ao cheiro de comida, nada parecido com os jantares de gala que Eleonora estava acostumada.

Adrian estava sentado com Miles, Ethan, Derek e Ryan, terminando de comer quando a porta dupla do refeitório se abriu.

E, como se alguém tivesse apertado um botão invisível, o ambiente inteiro ficou em silêncio por um segundo.

Eleonora entrou.

Impecável.

De vestido escuro grudado ao corpo ,que não deveria existir num internato.

Cabelo perfeitamente arrumado.

Perfume caro que parecia deslocado entre bandejas de metal.

Ela caminhava como quem desfilava numa passarela postura reta, olhar altivo, passos precisos.

E pela primeira vez naquela escola…

Todos olhavam.

Meninas cochichavam.

Meninos endireitavam a postura.

Até os professores erguiam a cabeça.

Miles assobiou baixo, impressionado.

— Aí está a tal novata… Caramba… eles não estavam exagerando.

Ethan ficou sem palavras.

— Ela...ela parece uma… sei lá… princesa perdida no meio dos plebeus.

Ryan riu.

— Essa mina aí não é normal. Quem entra pra jantar assim, p***a ?

Derek completou:

— Só falta voar, um anjo desse.

Mas Adrian…

Quando levantou os olhos e finalmente a viu realmente a viu.

Seu garfo caiu no prato.

O choque percorreu o peito dele tão rápido que ele nem conseguiu disfarçar.

Aquele andar.

Aquela postura arrogante.

O perfume francês específico.

Ele conhecia aquilo tudo desde criança.

— …não é possível—murmurou.

Miles imediatamente percebeu.

— Opa. Você… a conhece a boneca aí ?

Adrian piscou, como se tivesse levado um tapa.

— Eu… — limpou a garganta, tentando se recompor — eu, sim, nós crescemos juntos, ela é Eleonora Montreuil

Os amigos arregalaram os olhos.

— Montreuil? — Ryan riu. — Você quase derrubou a bandeja, cara.

Eleonora ainda não tinha visto Adrian.

Passava diretamente pela mesa dele, o que fazia seu coração acelerar sem ele entender o porquê.

Talvez fosse surpresa.

Talvez fosse medo.

Talvez fosse só… memória.

Ele observou enquanto ela caminhava pelo refeitório como se estivesse acima de todos ali o que, sinceramente, ele sempre achou que ela acreditava mesmo.

Miles inclinou-se para mais perto:

— Então? Vai contar ou não ?

Adrian passou a mão pelos cabelos, tentando parecer relaxado, mas era impossível disfarçar a tensão no olhar.

— Eu… — ele respirou fundo — Contar o que ? É só uma conhecida da Europa, faz tempo que não nos falamos.

Os amigos se entreolharam, claramente interessados.

— “Só uma conhecida”? — Ethan levantou a sobrancelha. — Mano, você ficou estático .Achei que ia desmaiar.

Ryan riu:

— Ele perdeu até o fôlego, ficou tipo… ‘meu Deus, um fantasma do meu passado’.

Derek completou:

— E ela é absurdamente gata, compreensível.

Adrian fechou a cara.

— Eu só me assustei, ok? Faz muito tempo que não a vejo, já disse.

Eleonora se sentou numa mesa mais afastada, carregando ainda aquele ar de realeza irritada que sempre teve.

Ele a encarava de longe, sem conseguir olhar para outro lugar.

— É ela mesmo— pensou—

Eleonora Montreuil.

E naquele momento, enquanto tentava disfarçar o impacto…

Ele sabia:

A presença dela ali não seria simples.

Nem para ele, nem para a escola inteira.