Ela sorri ainda de olhos fechados e entendo isso como um sinal verde.
Vou me aproximando enquanto ela abre os olhos de vagar. Paro quando estamos extremamente próximas, nos olhando.
Ela tira meu óculos, segura minha face com as duas mãos e passa o polegar em minha boca enquanto sorri se aproximando.
Sinto seus lábios quentes tocando os meus, sua língua percorrendo minha boca e suas mãos em meu pescoço puxando pra mais perto. Ela morde meu lábio inferior e se afasta rindo.
Enfio a mão entre seus cabelos e a puxo novamente pra perto. A beijo extravasando toda a vontade que estava reprimindo desde o primeiro momento que a vi no restaurante que assinamos o contrato. Com uma mão entre seus cabelos e com a outra percorrendo seu corpo, a beijo com todo o amor reprimido todos os anos.
Ela dá um leve gemido quando desço com a boca por seu pescoço. Mordo de leve sua orelha e sinto sua pele arrepiada sob minhas mãos.
- Você não brinca em serviço. - ela sussurra rindo.
- Desculpe! - digo me afastando.
- Não se desculpe - ela passa a mão no meu rosto - Eu gostei!
Ela sorri e volta a olhar o filme.
Coloco as mãos no rosto e começo a rir.
- O que foi? - ela pergunta.
- Esse é o melhor dia da minha vida! - digo olhando pra ela.
- Vou te contar uma coisa - ela diz em tom de segredo - Quero fazer isso desde a primeira vez que te vi no restaurante.
- Eu quero te beijar desde quando te vi pela primeira vez cantando pela tela do meu computador.
Passo a mão no cabelo dela. Ela sorri.
Beijo de leve seus lábios e ela me retribui com outro beijo.
Alguém bate à porta e entra.
Ela não se move muito, apenas deita a cabeça em meu peito e finge que estava dormindo.
As luzes se acendem e vejo que era a Helena.
- Tudo bem ai? - ela pergunta.
Faço que sim com a cabeça e ela percebe a Heloisa de olhos fechados escorada em mim.
- Pede pra assistir filme e dorme! - Helena diz balançando a cabeça - Vai entender essa minha irmã! - toca o ombro dela - Hora de acordar bonequinha!
Heloisa suspira e abre os olhos de vagar. Se eu não estivesse beijando ela segundos antes acreditaria que ela estava realmente acordando aquele momento.
- Dormi muito tempo? - pergunta Heloisa se espreguiçando.
- Não muito - digo.
- Temos que nos arrumar pro show! - diz Helena - cabeleireiro e maquiador chegam em 30 minutos!
- Pra que me acordar tão cedo? - ela diz levantando e abraçando a irmã - meia hora é uma eternidade que eu poderia estar dormindo!
- Vai tomar banho, Heloisa! - Helena dá um tapa na b***a da Heloisa - Se eu te acordo você reclama que queria dormir mais e se não te acordo você reclama que não deu tempo de se arrumar!
- Vou pro meu quarto! - digo saindo.
Chego em meu quarto eufórica. Não acredito que possa ser verdade. Só posso estar sonhando.
Meu sorriso está de orelha à orelha e não consigo contê-lo.
Me arrumo pro show e só saio do quarto quando Jana vem me chamar.
Sento novamente do lado dela, mas dessa vez o clima não está pesado. Nos olhamos de vez em quando, trocamos sorrisos e até me arrisco a tocar sua mão quando ninguém estava vendo.
Não quero pensar nas consequências que aquilo poderia ter, mas minha cabeça , sempre tão racional, não me obedece.
Chegamos ao camarim e eu me sento em um cantinho em que posso observar e conseguir imagens.
De vez em quando, ela me olha e sorri.
Passado o atendimento aos fãs e o show, voltamos pro hotel.
Vou pro meu quarto, mas não consigo dormir pensando... minha cabeça parece que vai explodir. Tenho medo de onde isso possa dar, mas não quero evitar que aconteça.
Alguém bate à porta e meu coração acelera. Será que era ela?
Quando abro a porta, vejo ela de pijama com duas latas de cerveja na frente do rosto.
- Me acompanha? - ela pergunta, abaixando as latas e sorrindo.
- Claro! - digo abrindo mais a porta e dando passagem para que ela entre.
Depois de fechar a porta, ela me entrega uma das cervejas e nos sentamos na cama.
- E ai, como vão as observações? - ela me pergunta.
- Tudo em ordem, chefinha! - respondo rindo e ela ri também.
- Tô curiosa pra ver o resultado desse livro.
- Eu também! - digo.
Ficamos em silêncio por um longo período, sem nos olhar. Meu coração acelera, minha respiração fica pesada e minhas mãos tremem.
- Você está bem? - ela me olha.
- Sim! - digo, tentando manter a calma.
Ela passa a mão em meu rosto.
- Você tá suando frio! - ela diz rindo.
- Não é fácil pra mim estar aqui com você. - digo.
- Por que? - ela me pergunta sem tirar os olhos de mim - Por que eu sou "famosa"? - ela faz o sinal de aspas com os dedos.
- Não é isso! - digo vendo que será difícil explicar- Se você questionar qualquer fã sua, ela vai dizer que te ama, então dizer que eu amo você seria um clichê enorme. Mas eu queria que você entendesse que eu faria qualquer coisa pra te fazer feliz, que o seu sorriso é a coisa mais linda que eu já vi, que os seus olhos brilham de uma forma mágica, que você é linda enquanto dorme, que sua alegria me contagia e que apenas em tocar sua pele meu corpo todo se arrepia... - as palavras saem com dificuldade porque as lágrimas que tento segurar entalam em minha garganta - Você é a melhor pessoa que eu já conheci e eu sei que estou aqui pra trabalhar, mas não pude evitar de me envolver com você. Sei também que pra você pode ser só um momento, mas pra mim, esses são os melhores dias da minha vida. - termino a frase com a lágrima escorrendo pela face.
Quando termino, vejo uma ponta de espanto em seu rosto, acho que ela finalmente pensou nas consequências do que estávamos fazendo.
Ela limpa a lágrima de meu rosto com as costas da mão e se levanta.
- Preciso ir! - ela diz.
- Depois de tudo que eu te disse você só vai dizer isso? - pergunto.
- É... - ela tenta falar mas não formula frase alguma, então repete - Eu preciso ir.
- Tudo bem. - digo me levantando para abrir a porta.
Já estava arrependida de ter dito tudo aquilo, eu estraguei tudo.
Ela permanece parada no meio do quarto enquanto eu seguro a porta aberta.
Ela me olha relutante e caminha em direção à porta, mas ao invés de sair, ela a fecha, me empurra contra a parede e me beija com vontade.
Sua boca voraz explora cada canto da minha. Suas mãos percorrem meu corpo e ela me aperta contra si.
Desce a boca por meu pescoço e dessa vez sou eu que gemo, mas não discretamente igual ela antes, meu gemido é alto e expressa o desejo intenso que sinto.
Ela sobe a boca e para em minha orelha onde sussurra.
- O que você está fazendo comigo menina? Nunca quis alguém como eu quero você!