capítulo 03

1198 Words
Maria Teresa Narrando Sol : Quando você me mandou mensagem eu nem acreditei, rapidamente me reorganizei aqui e abri um espaço pra você, que bom minha menina que você veio. - ela fala me dando um abraço e me puxando pra dentro da sala dela. A Sol já é uma coroa, ela e o meu pai se envolveram por um tempo, mas, não foi pra frente porque ela dizia que não tinha sangue de barata por ver as pu.tas rodeando ele e ela não queria ser mais uma. Eles se pegavam volta e meia até ela decidir dá um basta em tudo e ficar só na amizade. Quando eu cheguei aqui ela foi a única que ele permitiu chegar perto pra cuidar de mim, a Mirela chama ela de Mãedrastinha e as crianças de vovó, ela fica boba e ela depois da Mi e do Chico são as únicas pessoas em quem eu confio aqui no morro. Mt : Deixa do teu drama aí e me conta como estão as coisas e o seu filho? Notícias? - pergunto pra ela enquanto ela prepara o meu corpo pra receber a cera quente da depilação. Sol : Até então sim, ele está saindo de férias e vamos nos ver, ele segue “protegendo” o morro como pode, mas eu tenho muita saudade dele aqui pertinho de mim. - ela saudosa e eu concordo. O filho dela é policial, tem um acordo antigo com o morro, é cria daqui e não escolheu o tráfico como a “maioria” que mora por aqui, mas, de uma forma ou de outra está envolvido nele por nos dá essa “proteção”. Passamos o restinho da tarde conversando, ela realocou os atendimentos dela para as outras meninas, eu não sou de está em salão, no máximo pra vir fazer depilação que isso já é questão de higiene, mas hoje eu decidi fazer tudo, menos marquinha que eu não gosto muito, mas até massagem eu fiz e minha nossa senhora como foi bom. A Sol como sempre brigando comigo porque eu não desgrudava do celular e eu com ela por ela nunca ir num baile comigo, a gente nunca tinha tempo pra conversar mas quando começava parecia que não parava mais. Saí de lá mais ou menos umas sete da noite, passei na casa da Mirela e ela estava assistindo filme de desenho com as crianças que estavam mais dormindo do que acordadas e ela também estava cochilando. Dei um beijo nos três e sai de fininho novamente, fui pra casa devagar, apreciando o morro e todo seu fluxo, cumprimentei as pessoas e sorri para as crianças que estavam correndo pela praça brincando despreocupadas. Era isso que eu queria, queria que fosse assim sempre na favela, eles despreocupados e tudo fluindo bem, mas o perigo sempre rondava, as ameaças sempre existia, seja elas de algum morro inimigo ou da polícia que mesmo com o arrego pago eles sempre tinham motivos pra querer fazer graça e eu sou daquelas que não dou palco pra palhaço. Cheguei em casa e passei direto pra cozinha, olhei no relógio a hora e ainda estava cedo, eu não estava com sono e estava relaxada depois da massagem, fui pra cozinha e fui fazer o que me deixa tranquila, cozinhar. Preparei uma lasanha, suco e uma sobremesa, deixei tudo organizado e subi pra tomar um banho e escolher uma roupa, geralmente quem fica de frente dos bailes é o Chico, se eu fui em três bailes foi muito, na verdade eu só vou fico no bar lá em baixo olho a movimentação e vazo. Eu sempre quis me manter escondida, ser mulher no comando de uma favela é muito difícil, conta-se nos dedos as que tem no poder de ser de frente do morro, mas, foi esse acordo que eu fiz com o Chico e ele depois de contestar muito ele concordou. Eu não querer me expor tanto é mais pelo Bento, essa vida que levamos já é arriscada demais pra eu envolver ele mais ainda, pisamos em ovos todos os dias e eu não quero arriscar mais que o necessário. Mas hoje não, hoje eu queria ir ver de perto tudo, ficar prestando atenção nos aliados enquanto eles conversavam com o Chico, fui ver a movimentação dos meus vapores enquanto as vendas rolavam a solta, ver a minha favela se divertindo e lucrando porque quando tem baile todo mundo lucra, seja nas drogas ou seja nas vendas de espetinho fora do baile e isso era bom pra todo mundo. Coloquei uma calça preta justa na cintura e folgada nas pernas, um salto preto e um body cavado preto. Prendi meu cabelo já escovado num r**o de cavalo alto, fiz uma maquiagem leve, porém com uma boca marcante, coloquei meus ouros, nada chamativo, mas tudo bem alinhado, fino. Borrifei meu melhor perfume, peguei minha bolsa e coloquei minha arma, meu celular e um carregador portátil, peguei a chave da minha moto e saí de casa. O morro estava frenético como sempre, mesmo o baile fechado só pra comunidade isso aqui estava uma loucura, eu sorri satisfeita, era o que fazia morro prosperar ir pra frente e meus projetos andarem. Estacionei a minha moto logo que os vapores me viram chegar já se posicionaram, fui entrando no baile com eles fazendo a minha escolta, fui por trás das barraquinhas que era o melhor pra passar sem ser vista no meio de um corredor de bandidos, eu não gostava disso, era meu mundo mas eu não gostava e f**a-se quem falasse m*l. Por onde eu passava cumprimentava as pessoas que estavam vendendo ali, já tinha ganhado um beijo da dona filó que estava vendendo os seus salgados e já tinha dito que iria mandar uma porção pra mim no camarote e já subi com um drink na mão que o seu Zé fez pra mim, esses são os moradores mais antigos do morro e que conheciam o meu pai. Subi no camarote e já estava lotado, mas como eu vinha o Chico deixou um reservado pra mim e pra ele. Entrei cumprimentando as pessoas que ali estavam, alguns já me conheciam, mas não sabiam que eu era de frente a todos esses anos, eu só era a caçula do chefe e isso pra eles já era o suficiente. Chico : Minha patroa, chegou na espreita mas não deixou de atrair os olhares, seja bem vinda ao seu baile. - ele fala próximo a mim sorrindo e eu vejo o quanto ele está feliz por eu está aqui. Mt : Vou ficar no meu cantinho como sempre, mas dessa vez com a visão de cima, já já chega minha comida que dona filó vai mandar, segue o fluxo normal e qualquer coisa me aciona. - falo pra ele que concorda e eu vou pro cantinho do camarote pra observar tudo, eu não sei, pode ser impressão minha, mas, desde que decidi vir para o baile eu sei que ele não vai ser apenas mais um e ele estava com o ar de que algo diferente iria acontecer e é melhor eu redobrar a minha atenção porque a minha intuição nunca falha.
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