Há aproximadamente um mês, a vacina da varíola foi criada por Eduardo Jene, um excelente médico do continente Glacial. Infelizmente, houveram muitas mortes e marcas profundas ficarão eternamente no coração de todos nós que vivemos aquele caos. A vacinação continua, o continente ainda tenta se reerguer, assim como o reino Sia.
Há um mês, casei-me com Victor, o príncipe de olhar penetrante, olhos contornados de preto e vestes incomuns completamente pretas, continuo a achar que, no fundo, aquele olhar tem algo r**m, mas talvez eu possa estar errada. Também me casei com Louis, um príncipe sério, forte, educado e formal, estar ao seu lado é como jogar xadrez, só não sei se jogo com ele ou contra. Há Gruds, o príncipe de um povo que adora a natureza e usa sempre roupão, ele é adorável, os momentos que passamos juntos me fazem voltar a ser criança.
O meu marido mais jovem é Oton, o príncipe guerreiro, carrega sempre a sua espada consigo. Oton foge de mim desde que tirei a sua virgindade, não entendo o porquê. Omar é o esposo mais romântico e sedutor, para mim e para os homens e mulheres com quem ele me trai.
Elenek é o marido que usa sempre roupas vermelhas, é muito inteligente e assim como Louis, é formal e sério, mas mais amigável. Zaki é burro, bonito, mas burro, não é amigável e não somos nem um pouco próximos.
O meu último marido é Rafael, tem lindas covinhas e um sorriso encantador. É o mais amigável, era o mais querido, eu confiava nele... Ele mentiu, omitiu, o perdoei, mas o tornei o meu fantoche.
Faz um mês que me casei com os oito herdeiros dos reinos do continente Tropical, vivemos no castelo do reino Pantavermelho, o reino do atual rei Rafael. Aqui, a vegetação e o pântano são vermelhos. Vermelho é a cor predominante do reino, mas também há verde. No começo é lindo ver tudo vermelho, mas depois é um saco. Enjoa.
Moro com os meus oito maridos, mas no momento Louis não está. Como é rei do reino Trindade, precisa ficar mais lá que aqui.
No momento, estou sentada numa cadeira, lendo um livro na biblioteca. Todos os livros têm capas vermelhas, é impressionante como o antigo rei não quis comprar uma tinta diferente para colocar uma cor menos enjoativa nesse lugar. Pelo menos as roupas são importadas de outros reinos e levam outras cores.
Fecho o livro sobre filosofia e olho para a janela. O dia ainda não clareou. Menos m*l, posso dormir mais um pouco antes de começar uma rotina cansativa.
A porta da biblioteca se abre e vejo Eliza entrar com uma expressão bem carregada. Quando eu era princesa, Eliza era minha empregada doméstica e também a minha única amiga, agora que sou imperatriz, fiz dela minha dama de companhia.
— O que faz acordada a essa hora? — Ela cruza os braços. — Majestade, sabe que tem muito que trabalhar quando amanhecer e ficará com olheiras profundas se não dormir direito.
— Eu dormi, mas acordei cedo demais — digo com descaso, levanto-me e coloco o livro na prateleira. — Resolvi vir, já que faz tempo que não leio livros apenas como passatempo.
— Tenho uma pergunta para fazê-la. — A sua expressão muda completamente para um lindo sorriso e ela se aproxima rápido de mim, segurando as minhas mãos. — Hoje irá à cidade, certo? Leva-me com a senhora? — Eliza me olha apreensiva e, ao mesmo tempo, com esperança.
— Levo. — Estreito os olhos. — Ficou ansiosa, acordou cedo, procurou-me no meu quarto para perguntar isso, não me achou lá e veio à biblioteca me procurar, certo? Estava brava porque não me achava, não é?
Ela dá um risinho sem graça e desvia o olhar.
— Bom, vá dormir, minha senhora. Eu também preciso, vou escolher o vestido mais lindo que eu tiver. Tenho certeza que chamarei a atenção de algum homem rico. — Ela dá pulinhos de emoção e sai correndo da biblioteca.
Desde que virou a minha dama de companhia, ela só sabe pensar em encontrar um marido com dinheiro. Terei que arrumar um médico de cabeça para essa mulher, essa obsessão não é saudável...
Voltei para o meu quarto e tentei dormir, mas não consegui. Tomei um banho demorado e relaxante, pois em breve a correria do dia a dia começaria.
Eu deveria dizer que estou feliz sendo imperatriz, mas sinto que ainda falta algo ou muitas coisas. Uma delas é matar o infeliz que encomendou a minha morte. Ele irá pagar caro. Seja quem for, mostrarei que comigo não se brinca e vou decapitá-lo.
Após me arrumar, pego em cima da penteadeira o meu colar de diamantes negros e o coloco no meu pescoço. Ouço alguém bater na porta do meu quarto.
— Quem é?
— Zaki.
Logo de manhã?
— O que foi?
— Abra a porta.
— Em breve terei que sair para um compromisso, depois conversamos.
— Faz um mês que estamos com essa conversa adiada. A majestade imperial quer que eu converse enquanto todos estão sentados a aproveitar o café matinal?
Vou até à porta, destranco-a, abro-a e o vejo sorrir de lado.
— Senhor Zaki, eu vou cumprir com o que prometi, mas isso leva um pouco mais de tempo.
— Esperei por muito tempo.
— Eu dei a minha palavra e eu vou cumprir! — digo com convicção e fecho a porta do meu quarto...
Após o café da manhã, fui para a cidade com Eliza. Resolvi alguns assuntos da igreja, já que eu tive a brilhante ideia de me tornar pontífice dela e automaticamente me dei mais trabalho. O bom disso é que nenhum ministro tenta me enfrentar. Fizeram-me estudar bastante a religião e aprendi muitas coisas interessantes que podem ajudar os meus reinos. No fim, a igreja é muito necessária para o império.
Assim que terminei os meus assuntos com a igreja, Eliza me fez passear por todo o canto, mesmo eu dizendo precisar muito voltar para o castelo resolver uns assuntos pendentes.
Deito na minha cama após um dia exaustivo.
— O passeio foi maravilhoso! — Eliza suspira e se senta na beira da cama. — Mas teria chamado mais atenção se tivesse ido com a sua coroa, iriam olhá-la mais e para mim também.
— A coroa é só para ocasiões especiais. — Fecho os olhos. — Vá fazer algo que te agrade. Vou tomar banho e cochilar por alguns minutos antes de trabalhar.
— Vou mandar trazerem o seu almoço. Os seus maridos já devem ter almoçado.
— Certo. — Bocejo...
Após tomar banho, vesti uma camisola, não vi Eliza no meu quarto e nem cheiro de comida. Cansada, deitei na minha cama para dormir.
— Minha majestade imperial? — Ouço a voz de Eliza e abro os olhos lentamente. Ela tira um fio de cabelo do meu rosto.
— E o meu almoço? — pergunto, sentando-me.
— Na verdade, os seus maridos não almoçaram. Estavam esperando pela mulher deles. — Ela dá um risinho. — Não é fofo? Vou ajudá-la a se arrumar e vá comer com eles.
— Você me cansou demais hoje, vou de roupão.
— Não é apropriado. — Ela cruza os braços.
— Não ligo. — Espreguiço-me. — Não ouse discutir isso, estou sem paciência.
Eliza bufa, pega o roupão de seda no guarda-roupa e me entrega. Visto-o por cima da camisola, amarro-o e me levanto da cama indo em direção à porta. Eliza vem atrás de mim, arrumando o meu cabelo...
Entro na sala de refeição e vejo todos os príncipes de pé, mas não só eles, como o meu pai e o meu querido sogro, ex-rei Alonso. Os dois infelizes possuem um lindo sorriso falso no rosto.
Olho para a mesa, está com um bolo gigante com uma frase em cima: "Feliz aniversário, Eleanor!"
— Isso... — Cruzo os braços e franzo a testa. — Hoje é meu aniversário? — Olho para Eliza.
— Surpresa! — Ela grita e os outros também.
Omar se aproxima de mim, ajoelha-se e me dá uma rosa-branca.
— Hoje a mulher mais linda do mundo faz 19 anos. — Ele pega a minha mão e a beija. — Aceite está pequena comemoração como prova do que sinto por vossa majestade imperial.
Victor tosse e Omar revira os olhos.
— Omar quis dizer "sentimos", todos contribuímos para isto.
— Obrigada. — Sorrio.
— Oh, minha joia mais preciosa está a envelhecer! — O meu pai vem de braços abertos me abraçar e Omar sai do seu caminho. Abraço-o para manter o nosso teatro de sempre, mesmo sabendo que a maioria das pessoas aqui perceberam a muito tempo que nossa relação não é de amor. — Eu a amo tanto. É tanto amor que não cabe no meu peito.
— Também o amo igualmente, papai.
— Com certeza. — Ele aproxima a sua boca do meu ouvido e sussurra: — É por isso que precisa dar logo o neto que quero para governar Eleanora. Diga-me, saberá quem é o pai do seu filho? Quando ele crescer, sentirá vergonha de ter uma mãe tão nojenta como você.
Sorrio.
— Está com a língua afiada, papai. Seria uma pena se a sua majestade imperial abusasse do poder que tem para fazer um certo alguém sofrer — sussurro no seu ouvido e desfaço o abraço.
A verdade é que faz um mês que me casei e também faz um mês que não deixo os meus maridos entrarem no meu quarto, o casamento nunca foi consumado.
Filho? Eu não vou ter nenhum filho.