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1400 Words
...Alicia narrando... Acordei com o barulho do despertador ecoando no quarto inteiro, os raios solares batiam no meu rosto vindos da janela estravagantemente grande bem à frente de minha cama. Mônica, a empregada que me criou desde bebê entrou no quarto com uma bandeja farta como todas as manhãs, e claro...um sorriso enorme no rosto: - bom diia minha menina. - sorri ainda sonolenta. - bom dia Mônica. - trouxe sua geléia preferida...- ela disse expondo a bandeja nas minhas pernas e eu torci o rosto. - hoje é segunda feira, voltei coma dieta. - você já está magra demais, se  continuar com essa besteira  vai parar no médico.  - seria um motivo pra chamar a atenção do meu pai não acha?- ela franziu a testa em forma de repreensão e saiu do quarto. Quando eu nasci, minha mãe acabou não resistindo ao parto e morreu, meu pai sempre foi muito distante,não lembro de nenhum momento em que curtimos como pai e filha. Talvez bem no fundo ele me culpe pela morte de minha mãe, ele nunca fala dela, as fotos dela ainda estão vivas apenas no meu quarto, pois ele odeia que tenha algo que lembre dela. Assim como eu, minha mãe era dançarina, Mônica diz que ela era fantástica no que fazia e eu amo dançar, talvez seja uma forma de manter minha mãe viva e mais perto de mim. Assim que tomei meu café da manhã fui me arrumar para o ensaio da grande apresentação no final do mês, a qual esperei minha vida inteira para ganhar uma bolsa na faculdade de Londres. Essa seria minha grande chance, então tudo deveria estar perfeito ou mais que isso. ... ...KM narrando... E aí sou o KM, Thiago para os íntimos,tenho minha irmã a Karen que é meu maior porto seguro e o único motivo que me faz continuar. Meu pai é um viciado do c*****o, já tentou muitas vezes bater em Karen e evito ao máximo deixar minha pequena sozinha em casa,eu não suportaria que algo de r**m acontecesse com ela, ela é meu maior ponto fracose ela cai eu desmorono. Minha mãe nunca ligou pra nada, nem pra ela mesma, finge que é casada, mas eu sei que ela paga ponto 3 horas da manhã na esquina 6 da  favela. Estou vendo um barraco pra eu morar com Karen o mais rápido possível, pois não aguento mais ter que sair de casa com a preocupação do tamanho do mundo por deixar Karen... Sou grosso e tudo mais, mas quando qualquer um precisa eu sempre to junto, só chamar, mas a única que conhece o meu lado doce é Karen, o resto trato no mesmo nível, eu não sou de pegar muitas, mas confesso que tenho as preferidas nos bailes. Cheguei em casa e Júlio  (não chamo de pai) estava jogado no sofá como sempre. - cadê a Karen? - perguntei grosso e ele levantou o olhar na minha direção.  - não costumo seguir v*******a. - e pq segue a Patricia ainda?- era minha "mãe". - ele bufou e Karen desceu as escadas sorrindo e veio me dar um beijo na bochecha. - chegou tarde ontem. - ela disse. - tava resolvendo uns lances aí.  - tem a ver com meu morro?- Júlio se intrometeu. - seu morro que tu não dá a mínima, quando tu vai morrer pra passar pra mim logo?- ele riu. - vaso r**m não quebra, mas tenta a sorte em me m***r. - só não te estourei na bala ainda pela Karen.  - Thiago. - ela me repreendeu e eu bufei e fui pra cozinha, ela veio atrás e colocou um prato de comida na mesa, sentei e comecei a comer, ela suspirou. - o que ta pegando?- eu disse a olhando. - pq? - eu te conheço, diz logo. - aquela história de morar em outro lugar ainda ta de pé? - claro, to resolvendo uns bagulho só e logo a gente vaza pq? Tu não contou pra ninguém ne? - não, só to ansiosa. - ele te fez alguma coisa? - não, ainda não.  - e não vai fazer...nao se preocupa.- eu disse  dando um beijo na testa dela e levantando. - Vamo dar um rolê aí, não quero que tu fique sozinha aqui. - ela assentiu e eu puxei ela pela mao. ...Alicia narrando... Cheguei na academia de dança e o som alto de música clássica ja ecoava no palco, fechei meus olhos sentindo aquele som maravilhoso e logo fui tirada do transe. - ALICIAAAA. - abri os olhos e vi Juliane, ela era minha colega. Aquelas falsianes que só ta junto em festa sabe? Sorri forçado. - achei que não viesse, está atrasada. - eu jamais faltaria. - eu disse deixando minha bolsa na cadeira e seguimos em direção ao palco, a professora começou com o exercício de equilíbrio, a cada elogio eu sentia o peso do olhar de inveja de  Juliane sobre mim e aquilo me incomodava de uma certa forma. ...mais tarde... Saí correndo da academia, pois o motorista já me esperava, quando eu tava saindo me bati com uma pessoa no meio da calçada. - ai d***a, olha por onde anda. - eu disse irritada e quando vi o deus grego que estava na minha frente eu mudei a expressão completamente. - foi m*l patricinha. - ele disse rindo...que sorriso lindo...pera...do que ele me chamou? - patricinha? Escuta aqui...- quando eu ia começar a falar ele tampou minha boca. - ta, eu já sei esses discursos de patricinha me poupe de ouvir de novo. - quem vc pensa que é?- eu disse me soltando e uma menina ao lado dele se pronunciou. - Chega KM, vamos embora logo. - tu não ia entrar? - não é lugar pra mim. - ela disse olhando pra academia meio triste...eu tinha esse forte gênio dentro de mim de me preocupar com problemas alheios. - ia se matricular?- perguntei a olhando. - ah nao, eu só. - o garoto a interrompeu. - ela dança demais e queria sim. - sorri pra ela. - vc vai adorar. - ah é? Tem mais quantas de você ai dentro?- ele disse rindo e eu rolei os olhos.  - vc nem me conhece garoto. - tu tem cara de fútil garota, quer mesmo que eu tenha vontade de conhecer?- ele disse grosso e aquilo fez se formar um nó na minha garganta. - chega KM, desculpa ta? A gente vai indo. - ela disse puxando ele. Mas antes de saírem estendi minha mão pra ela. - Alicia. - ela sorriu torto e retribuiu. - Karen. - será bem vinda Karen. - obrigada, mas eu mudei de ideia. - ela puxou o garoto com ela e os dois saíram. Suspirei e entrei no carro. Cristóvão me olhou com uma sobrancelha arqueada. - quem eram? - um garoto grosso e Karen. - parece ter ficado mexida com algo. - Cristóvão, eu sou fútil?- ele riu. - vc? É claro que não,é a menina mais inteligente que eu conheço. Pq? - nada não...obrigada. - ele assentiu e logo chegamos em casa. ...KM narrando... Karen tinha ido o caminho todo me xingando pela garota a que ela conheceu, Karen amava dançar e fazia isso muito bem. A uns dias atrás aquela academia de dança tinha enviado uma bolsa de estudos para uma das meninas da comunidade e quem passou no teste foi minha irmã, ela estava bem animada, mas desistiu rápido e eu não entendi o motivo. Ela chegou e subiu pro quarto rapidamente, subi atrás dela: - pq desistiu tão rápido? - acha mesmo que eu me enquadraria com aquelas meninas? - tu não precisa ser igual elas...so seja vc mesma. - ela sorriu torto. - obrigada, mas eu prefiro ficar no meu mundo. - não pensa assim Karen, p***a pensa pra frente tu ganhou essa oportunidade e vai jogar fora por causa de um monte de menina fútil? - vc não deveria ter falado com a Alicia daquele jeito sabia? - vai dizer que a mina não é mimada? - ela pareceu ser diferente e nos tratou super bem. - pq ela não sabe que viemos da favela...espera até ela saber. - eu disse dando de ombros e ela rolou os olhos. - as pessoas não são todas iguais Thiago. - to ligado...vou tomar um banho, tranca a porta aí. - ela suspirou e eu saí.
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