Soube mais de j**k enquanto conversávamos, ele me revelou que era um empresario, trabalhava com cripto moedas e investimentos, falou um pouco sobre suas viagens, na qual ele também trabalhava viajando, seus países prediletos e me aconselhou a alguns lugares que ele considerava divinos.
Também cotei sobre mim, sobre meus sonhos e minha função na medicina, como amava atender e estava com a vida a caminhar.
Falei sobre minha paixão sobre o toddy e algum de suas artimanhas o que o fez rir.
– Está falando serio? Ele comeu seu travesseiro? -dizia rindo
– Estou! Olha só..
O mostrei fotos ao celular do travesseiro estragado, rasgado e com penas pelo quarto todo.
– Ele é mesmo uma pestinha•- brincou.
Fiz bico em chateação apenas brincando.
– Hon não diz isso dele.
Ele sorriu tocando levemente meu queixo em um movimento rápido.
– Ele tem sorte! Achou a dona perfeita.
Abrir um sorriso, digamos apaixonado
– Sorte a dele! - me cantou
– Isso foi uma cantada? – perguntei o deixado envergonhado.
Ele riu afirmando:
– Desta vez quem ficou envergonhado foi eu ..
Abrir também um sorriso, o voo era gostoso ao lado de j**k.
…
Ao pisarmos em terra firme, o alívio tomou conta de mim, mas uma outra sensação, mais leve, se misturava à turbulência anterior. j**k virou-se para mim com um sorriso terno.
— Layla, você lidou tão bem com tudo lá em cima. Fiquei impressionado.
— Obrigada, j**k. E, sabe, a sua presença realmente me tranquilizou. — Sorri, sentindo um calor reconfortante.
Ele coçou a cabeça de leve, visivelmente satisfeito.
— Eu estava pensando... gostaria de manter contato. Trocar números, talvez? — Perguntou.
Meus olhos encontraram os dele, e um sorriso espontâneo surgiu.
— Eu adoraria, j**k. Vamos fazer isso.
Trocamos os números em meio a risos.
— Espero que possamos marcar algum dia de nós vemos novamente. — Disse ele.
— Se sua agenda recheada permitir, irei adorar! — Brinquei.
Antes de nos afastarmos, j**k segura minha mão por um instante, seus olhos transmitindo mais do que palavras poderiam expressar.
— Até logo, Layla. Espero te ver em breve.
— Até logo, j**k. Eu também espero.
Revelei ansiosa.
Ao sair de lá, busquei um táxi, e ditei o endereço ao motorista, já preparando minha mente pra tanta dor.
Pisar nesta cidade já não era fácil , e com a perca de Laysa tudo parecia intensamente pior.
…
Ao adentrar a casa silenciosa, permeada pelo luto, fui recebida pela tristeza que pairava no ar. Minha mãe, abraçando a dor da perda, estava no centro da sala, onde fotos da minha irmã evocavam memórias agridoces. Caminhei até ela, o coração apertado, sabendo que as palavras eram inadequadas diante daquela perda irreparável.
Minha mãe ergueu os olhos, e sua expressão carregada de tristeza encontrou os meus olhos inchados de lágrimas. Silenciosamente, nos abraçamos, compartilhando o peso da saudade.
— Layla, minha querida, como você está? — sussurrou minha mãe, segurando-me como se pudesse proteger-me de toda a dor.
— Mãe, é difícil... — balbuciei, incapaz de conter as lágrimas que agora fluíam livremente.
Ela acariciou meu cabelo, buscando consolo mútuo em meio à tristeza. Juntas, enfrentando o velório da minha irmã, compartilhando histórias e lágrimas. O silêncio da casa ecoava com o eco dos nossos suspiros, e, naquele momento sombrio, o amor materno se tornou um refúgio, um ponto de ancoragem em meio à tempestade emocional que se desenrolava ao nosso redor.
Após tantas histórias o silêncio imperou naquele ambiente.
A porta rangeu suavemente ao se abrir, anunciando a chegada do meu pai. Seus passos ecoaram no ambiente já carregado de tristeza. Levantei os olhos, meio receosa do que viria a seguir. Seu olhar encontrou o meu por um breve momento antes de desviar para a imagem da minha irmã no caixão.
— Layla — ele pronunciou meu nome com uma frieza que cortou o ar.
Tentei sorrir, buscando um mínimo de calor naquele momento gélido.
— Pai, faz tanto tempo...
Ele acenou com a cabeça, como se minha presença fosse uma formalidade indesejada.
— Sim, faz muito tempo. Onde esteve todo esse tempo?
Sua pergunta foi carregada de acusações não ditas. Os anos de distância entre nós pareciam se manifestar na atmosfera tensa.
Ele sempre soube onde estava, como estava e com quem, mas lhe faltava interesse!
Ele nunca foi a favor da minha profissão, tão pouco da minha viagem e o meu não retornar quando me formei, mas o que teria de bom pra mim nesta cidade? Já quem tudo girava em torno de laysa?
Tentei explicar, mas minhas palavras pareciam desaparecer diante da indiferença dele.
— Eu... Eu estava vivendo minha vida, tentando seguir em frente.
Seus olhos me fitaram por um instante antes de desviar novamente. A indiferença entre nós era palpável, como uma barreira construída ao longo dos anos.
Ele se afastou, deixando-me ali, no centro de um silêncio desconfortável. Enquanto meu pai se envolvia na despedida de minha irmã, a frieza em sua abordagem persistia, e eu me via mais uma vez como uma estranha em um lugar que deveria ser lar.
Era esse sentimento que tanto queria esquecer e não sentir!
A impotência, a sensação de ser sempre a sombra!
A sombra de alguém que já não voltará mais…