A manhã amanheceu cinzenta sobre a cidade, refletindo o clima tenso que dominava o escritório da empresa. Karen sentou-se diante da mesa de reuniões, o olhar fixo no envelope preto que tinha guardado com cuidado na gaveta da escrivaninha. O pacote anônimo — com o CD queimado e a foto antiga dela e David — havia mexido com suas emoções, trazendo à tona lembranças que ela tentava esconder.
Ao seu lado, Heitor preparava o café, inquieto.
— Karen, precisamos falar sobre isso — disse ele, entregando a xícara quente. — Eduardo já nos mandou relatórios sobre possíveis infiltrações na empresa. Não podemos descartar a hipótese de um traidor.
Ela respirou fundo e assentiu.
— Eu sei. Mas não é só isso. Essa ameaça... essa foto... alguém está jogando com nossos medos mais profundos. E é perigoso.
Heitor franziu o cenho.
— Você acha que Leonardo Maxter sabe mais do que a gente imagina?
Karen olhou para a janela, onde o céu carregado parecia pressionar a cidade.
— Ele sabe exatamente onde nos atingir.
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Enquanto isso, numa sala discreta, longe do centro nervoso da empresa, Eduardo e David trabalhavam lado a lado, vasculhando cada byte, cada arquivo, em busca de uma pista que os levasse direto ao coração do inimigo.
Eduardo passou a noite inteira analisando dados, descobrindo conexões ocultas, contatos internacionais, e um padrão inquietante: as tentativas de invasão aumentavam toda vez que Karen aparecia em eventos públicos ou fechava novos negócios.
— Isso não é só estratégia, David — comentou Eduardo, sem tirar os olhos da tela. — É uma guerra psicológica. Eles querem te derrubar, mas também querem fazer vocês sofrerem. Cada movimento de vocês está sendo monitorado.
David apertou os punhos, sentindo a pressão do jogo que se desenrolava.
— Então precisamos jogar melhor. Mais rápido. E proteger Karen a qualquer custo.
Eduardo assentiu.
— Já ativei o protocolo de segurança reforçado. Mas temos que ficar atentos a infiltrados. Estou atrás de algo que possa nos dar vantagem.
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De volta ao escritório, Karen recebeu a visita inesperada de Mariana, sua melhor amiga desde a faculdade.
— Karen, você está... diferente — disse Mariana, olhando nos olhos dela. — Sei que algo está acontecendo, mas você não está contando tudo.
Karen sorriu, tentando esconder a angústia.
— Eu só não quero te preocupar. As coisas estão complicadas, mas eu tenho David, Heitor e Eduardo do meu lado.
Mariana segurou a mão de Karen com força.
— Você não está sozinha. Se precisar, estou aqui para o que der e vier.
Aquelas palavras foram um alívio para Karen, um lembrete de que, mesmo cercada por inimigos, ela tinha aliados verdadeiros.
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Naquela noite, Karen sentou-se no quarto do casal, acariciando a barriga enquanto sentia os primeiros movimentos dos bebês. Era um momento de paz em meio à tempestade.
David entrou silenciosamente, trazendo duas xícaras de chá.
— Pensei que pudesse querer um pouco disso — disse, entregando uma para ela.
Ela sorriu, sentindo o calor da bebida e da presença dele.
— Obrigada, amor.
Ele se sentou ao lado dela, tomando um gole.
— Temos que pensar no futuro. No que queremos para nossos filhos. Não posso deixar que o passado ou esse conflito com Maxter destrua isso.
Karen encostou a cabeça no ombro dele.
— Eu também não. Mas e se eles vierem atrás da gente de novo? E se a próxima ameaça for pior?
David a envolveu num abraço protetor.
— Não importa o que aconteça. Estamos juntos nisso. E vamos vencer.
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Enquanto eles se fortaleciam no pequeno refúgio do amor, Leonardo Maxter acompanhava tudo com um sorriso c***l. Em seu escritório luxuoso, ele observava as movimentações da empresa de Karen e os relatórios das tentativas de invasão.
— Eles acreditam que podem me enfrentar — murmurou para si mesmo. — Mas vou mostrar a eles quem manda neste jogo.
Ele fez uma ligação rápida.
— Quero um relatório sobre o passado de Karen e David. Quero descobrir qualquer ponto fraco. Não deixem nada escapar.
Do outro lado da linha, uma voz grave respondeu:
— Estamos cuidando disso, chefe. Encontraremos algo que possa ser usado contra eles.
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Nos dias seguintes, Eduardo descobriu algo perturbador: uma figura misteriosa dentro da empresa, alguém com acesso privilegiado que poderia estar fornecendo informações ao grupo Maxter.
Ele chamou Karen e David para uma reunião emergencial.
— Encontramos um possível infiltrado. Alguém com acesso às redes internas da empresa. A questão é: quem?
Karen sentiu um nó na garganta.
— Alguém que confiamos?
Eduardo assentiu.
— Infelizmente, sim. Ainda estamos reunindo provas, mas temos que agir com cautela. Se soltarmos um falso movimento, podemos perder essa pessoa para sempre.
David olhou para Karen, buscando força.
— Vamos descobrir quem é — disse ele com convicção. — E vamos tirar essa pessoa do nosso caminho.
Karen apertou a mão dele.
— Juntos.
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Enquanto a investigação avançava, Karen começou a perceber mudanças sutis em seu círculo próximo. Um sorriso forçado aqui, um olhar evitado ali, uma informação que não batia.
A paranoia começou a se instalar.
Numa tarde chuvosa, ela recebeu uma ligação no celular, de um número desconhecido.
— Karen — a voz sussurrou do outro lado. — Você está jogando um jogo perigoso. Cuidado com quem confia.
Ela desligou imediatamente, o coração acelerado.
David entrou no cômodo e viu sua expressão.
— O que foi?
Ela balançou a cabeça.
— Nada. Só mais uma ameaça.
Ele a abraçou.
— Eu prometo, nada vai te acontecer. Nem a você, nem aos bebês.
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Naquela noite, Karen não conseguiu dormir. Os pensamentos giravam incessantes na mente dela: o inimigo invisível, o traidor entre eles, os riscos para a família.
Mas a madrugada trouxe também uma decisão firme.
No silêncio do quarto, ela pegou o celular e mandou uma mensagem para Eduardo:
“Vamos precisar de um encontro cara a cara com o infiltrado. Temos que acelerar.”
Logo depois, mandou uma última mensagem para David:
“Amanhã vai ser decisivo. Eu confio em nós.”
David, que já a observava, segurou sua mão com ternura.
— Você é mais forte do que imagina, Karen.
Ela sorriu, sentindo a coragem renovada.
— E eu não vou deixar eles vencerem.
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No dia seguinte, a empresa tornou-se palco de um jogo tenso. Eduardo, com o apoio da equipe de segurança, monitorava os acessos, as comunicações internas, procurando o momento certo para agir.
Quando finalmente um funcionário tentou acessar informações sigilosas fora do horário permitido, foi imediatamente interceptado.
Na sala de reuniões, Karen, David e Eduardo o encararam.
— Por que fez isso? — perguntou Karen, tentando esconder a decepção.
O homem abaixou a cabeça.
— Não tive escolha. Eles ameaçaram minha família.
David respirou fundo.
— Então vamos proteger sua família. Mas isso tem que acabar agora.
A tensão aliada à determinação do trio mostrava que, apesar do inimigo estar próximo, a força deles era maior.
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Enquanto isso, Leonardo Maxter recebia a notícia da infiltração frustrada.
— Eles não desistem fácil — murmurou, com a frustração pintada no rosto.
Mas havia algo que ele ainda não sabia — o que Eduardo já tinha descoberto em sua investigação: a verdade sobre o passado de David e Karen estava prestes a vir à tona, e isso poderia mudar o jogo para sempre.