Pérola Perez
Ficou olhando o homem loiro em pé ao meu lado tentando processar cada informação que foi jogada em meu colo, digamos que o Senhor Miller não é uma pessoa muita paciente ou queira ter paciência comigo.
-Tem como você provar essas coisas que está me falando? Não me leve a m*l, somente estou muito confusa e muito p*** nesse momento!- Ele me avalia com os seus olhos claros, sua mandíbula remexe.
-Se você assinar esses documentos, te explicarei tudo, no caminho para a minha casa posso tirar qualquer dúvida, não estamos seguros no México, querem sua cabeça, pelas merdas que seu irmão fez! Eu não sou um homem bom, estou aqui para cuidar de você e não ter o seu sangue em minhas mãos... Já tenho muito sangue para manchar a minha alma e pecados para serem carregados, não quero o seu sangue que é inocente nessa história toda, se derrame por causa de mim.. Assine os documentos e vamos! – Ele olha o celular e me fita esperando a resposta. Algo grave acontece, posso sentir.
Olho para os documentos sabendo que ele está certo. Sou a única que sobrou da família, então devo pagar a dívida que não é minha, mesmo mortos me dão trabalho...
Os inimigos querem lavar a dívida do meu irmão com o meu sangue, essa é a lei dos cartéis, leis criadas antes de mim e até criadas antes do meu pai. Cada cartel tem sua lei, mas todos lavam traição com sangue!
Os confrontos são mais intensos nas regiões próximas à fronteira com os Estados Unidos (principal destino da droga contrabandeada), onde grupos rivais lutam pela ocupação e expansão de zonas de influência. O tráfico de drogas nessa área é muito disputado, pois os lucros financeiros são elevadíssimos em razão da grande quantidade de drogas que é contrabandeada na região fronteiriça.
Meu pai era dono de um dos maiores cartéis, se Getúlio não honrou com os compromissos, eles vão atrás de alguém para honrar, eu não tenho nada, somente a minha vida.
Definitivamente, o México não é um lugar seguro para mim no momento.
Pego a caneta e assino todos os documentos, onde vendo ações e imóveis que estavam em meu nome aqui na cidade, acredito que nunca mais poderei colocar os pés no México.
Pelo jeito Getúlio não conseguiu colocar a mão nas coisas que foram deixadas para a minha mãe, eram todas no nome dela.
Era tanto documento, que não aguentava mais, meu pulso doía e comecei a assinar sem ler.
Quando termino, vejo que ele pega os documentos com um sorriso no rosto, não sei por qual motivo não gosto desse sorriso, mas nos poucos minutos que conheço a Andreas, ele não esboçou nenhum humor. Estranho agora eu sou bom humor nesse momento.
-Vamos! – Ele abre a porta, vou atrás e vejo que está se encaminhando para a saída. Ele teme algo...
-As minhas coisas?-O pergunto me lembrando de que ele tinha me falado que me daria tempo para arrumar as minhas coisas. Tem cartas da minha mãe, eram letras de músicas que ela gostaria de cantar quando fosse famosa nos Estados Unidos.
– Já foram organizadas no carro, quando digo que não temos tempo, não estou mentindo, estão vindo te matar Pérola!– Ele me fita com seus olhos azuis um pouco mais escuros, não é o advogado de meia hora atrás, ele tem outra personalidade nesse momento.
-Ok! Minha vida deve tá valendo muito alto para estarem atrás de mim...- Odeio esse lugar com todas as minhas forças! Nunca fui feliz aqui, não tive amigos, carinho das freiras ou lembranças boas para serem guardadas.
Paro no portão e vejo o segurança que me ajudou nos anos que estive aqui.
-Obrigado por me ajudar quando eu precisei, seria eternamente grata Antônio.- Olho para ele e engulo a vontade de chorar. Antônio por muitas vezes me entregou barrinhas de chocolate e me liberava para sair, sempre minha cobertor quando não estava no quarto.
-Hoje é meu último dia aqui, fui demitido por ter acobertado senhorita... Mas logo acho outra coisa para trabalhar, não se preocupe comigo.
Miller que vê a cena de longe, sei que escutou, volta e dá um cartão para ele. O homem não entende, imagino eu nessa situação, por que ele deu um cartão?
-Quero que vá para casa, arrume suas malas e te espero na Itália daqui a uma semana, vai trabalhar comigo a partir de agora... – Miller não deixa o homem responder e me arrasta paro seu carro. Por que tudo com esse homem é tão misterioso e feito de forma bruta? Não sou detetive para desvendar mistérios não!
-Obrigado! Pelo oferecer emprego para ele, sempre me ajudou quando eu precisava e nunca me disse não... - Olho para o homem que é chique até para se sentar no carro. Estamos na parte de trás do carro, o motorista é um homem ainda maior do que Andreas, e deve ter uns 130 kg no mínimo...
-Agradeça o seu pai, ele trabalhava para ele... – Já percebi que Miller joga as bombas no seu colo e que você se f*** com a grande interrogação que fica em sua mente.
-Como assim Miller? – Olho para ele cansada das meias informações que ele me dá, isso tudo é tão frustrante...
Em menos de dois dias a minha vida virou um inferno de vez...
Andreas Miller
Não estou sendo evasivo com pérola por opção,
eu estou ocultando informações porque sei que Pérola vai dar um chilique quando entender tudo que está acontecendo.
Meus homens estão avisando que há movimento de gangues querendo vir atrás de Pérola, afinal de contas mandei dois para o saco ontem.
Eles acreditam que a menina tem alguém grande perto dela, realmente sou dono de uma das maiores organizações de assassinos do mundo. Somente não quero entrar em uma guerra de gangues por algo que não almejo.
Já tenho muita coisa para resolver, para ficar aqui mais alguns dias no México e entrar em uma guerra civil por poder.
Estou deixando Pérola no escuro e com medo, para que ela entre naquele avião e me dê um pouco de paz nesse momento, quando não tiver oportunidade de fugir contarei tudo sobre o seu passado.
Até eu fico meio confuso com todo desenrolar da história de Pérola, se ela sem desejar terei que fazer uma busca detalhada sobre a morte da sua mãe e o paradeiro de sua madrasta, a mulher tem rancor no coração e geralmente eu não ignoro essas coisas.
Justamente perdi a minha mãe para uma mulher rancorosa e vingativa, mesmo sendo fruto de um estrupo, ainda assim sou órfão de mãe por causa de poder e riquezas.
Não almejo nada que venha da Alemanha, somente quero paz e poder aproveitar um pouco, da minha irmã e a minha sobrinha.
- Aquele homem leva em seu pescoço o brasão da sua família, não brasão atual que Getúlio utilizava, um brasão antigo que eu vi nos documentos em que foi me entregue.
Aquele cara foi designado para cuidar de você até o seu último suspiro.
-Você está me dizendo que Antônio é tipo meu guarda-costas? - Pérola é inteligente até demais, eu preciso estar sempre um passo à frente dela.
- Exatamente! Provavelmente ele é fiel a algo que seu pai fez por ele no passado, para alguém estar tanto tempo empenhado na sua missão, há um motivo Nobre por trás disso.- Pérola para e pensa um pouco, é tantas coisas que tenho jogado nela e sem dar qualquer aprofundamento nas questões, que sua cabeça deve estar um nó! - Mas isso você poderá perguntar para ele quando eu chegar na Itália, ele será seu guarda-costas particular...
- Quando vai começar a me esclarecer as outras questões que você?
- Quando estivermos dentro de uma aeronave, sem você poder fugir ou se arrepender do que está fazendo, volto a dizer que estamos unidos nessa situação para o seu próprio bem...
Pérola se cala, ela sabe quais batalhas enfrentar, quando eu ver ela quase mataram uma menina afogada dentro da privada, Eu sabia que essa menina me traria muita dor de cabeça.
Se Pérola tivesse no mínimo um curso de autodefesa, faria estragos onde passasse.
Quando chegamos no aeroporto particular onde se encontra o meu jatinho, vejo algumas lágrimas correrem em seu rosto, elas mancham as sardas que tem em suas bochechas.
Ela entra na aeronave sem olhar para trás, acredito que ela só mente foi feliz no México enquanto era ainda uma pequena criança.
Não posso oferecer muita coisa para Pérola, mas eu prometo a proteger de qualquer inimigo, isso eu posso prometer...