O Encontro

1046 Words
Olhei então para o último a se aproximar, que era totalmente o inverso do Carter, com sua expressão séria e compenetrada, parecendo sorrir raramente. — Brian Taylor. – Disse apenas e apertou a minha mão de maneira breve. — É um prazer conhecer todos vocês. – Eu falei, usando toda a força de vontade que existia em mim, pois me sentia bastante envergonhada, principalmente após notar como o senhor Taylor me olhou. Continuamos então a andar pelo museu, nos detendo no quarto andar, onde estava a exposição de fósseis de dinossauros, pois esta era a atração preferida da Eloá e a conversa prosseguiu animada entre eles, mas sempre fazendo perguntas a pequena, mostrando-lhe artefatos interessantes e respondendo também às suas perguntas, que eram motivadas pela sua curiosidade infantil. Eu me mantive um pouco a parte da conversa, tentando ser o mais invisível que eu conseguisse, mas a senhora Melanie fazia questão de me incluir sempre que possível, me convidando a andar ao seu lado e perguntando sobre mim e o trabalho na casa dos Mackenzie, mas de forma discreta. Percebi que ela também não gostava da Martina, devido a algumas frases que ela disse e que concordava comigo sobre a forma pela qual a mãe tratava a Eloá não era nada agradável. Eu não comentei aquilo com ela, mas por suas palavras, percebi isso. — Não entendo porque a Martina precisa ter duas babás. – Ela falou em dado momento e eu a olhei alarmada. – A Eloá é a criança mais tranquila que já vi em toda a minha vida e a Martina não trabalha. Eu me mantive em silêncio, pois não sabia nem o que falar. Temia também falar alguma bobagem e preferi não correr esse risco. — Mas eu fico muito feliz em ver que a Eloá tem você e a Nicole com ela. – Disse e aquilo me deixou novamente surpresa. – É notável o quanto a Nicole ama a Eloá e eu diria que você também gosta bastante de nossa menininha. — Sim, senhora Melanie. – Concordei, pois, era a mais pura verdade. — Não precisa me chamar Melanie, pois eu diria que você e a Nicole são como pessoas da nossa própria família, pela forma como tratam a nossa pequena. Sim, senhora. – Apenas concordei de maneira rápida. Eu estava tão habituada na casa dos Mackenzie a não expor nada além de sim e não, que quando a senhora Melanie me parou e me olhou de maneira séria, segurando em minha mão, eu analisei rapidamente o que poderia ter causado aquela sua reação, mas não encontrei nada em meu comportamento e fiquei nervosa. — Eu sei que a Martina é uma megera e deve tratar vocês muito m*l, incluindo a própria filha, o que eu considero abominável. – Ela falou me olhando com atenção. – Mas não pense que todos nós somos iguais a ela. Muito pelo contrário. Não falei nada em resposta, apenas fiz um gesto afirmativo com a cabeça. Eu realmente não sabia onde estava pisando, apesar de estar bastante claro para mim que aquelas pessoas eram de fato bastante amorosas com a Eloá e estavam sendo muito gentis comigo também. Com exceção do senhor Taylor. Ele era um homem muito austero e fechado e só o vi sorrir quando se tratava de algo engraçado que Eloá falava. Durante o restante do tempo, ele apenas conversava de maneira taciturna com todos. Isso sem falar no desconforto que eu estava sentindo, dado que ele estava sempre me olhando de maneira atenta. Eu tentava não o encarar, mas algo me incitava e sem nem mesmo perceber, eu estava sempre o procurando com o meu olhar e o encontrava me observando com sua expressão indecifrável. Quando terminamos o passeio pelo museu, todos se dirigiram a uma famosa cafeteria, que até mesmo eu já tinha ouvido falar e visto reportagens sobre a mesma nas redes sociais, após ter conseguido comprar um ‘smartphone’ popular para mim. O senhor Mackenzie havia pedido para que eu não usasse o uniforme de babá e eu agradeci por isso naquele momento, pois todos estavam nos olhando quando nos sentamos em uma das mesas ao ar livre. Eles continuaram a sua conversa animada e quando a Eloá já parecia estar cansada do passeio, antes que eu pudesse apontar o fato para o senhor Mackenzie, o senhor Taylor, que me olhava atentamente, fez aquilo por mim. — Acredito que já está na hora de irmos. – Ele falou. – A Eloá parece cansada, não é mesmo, Charlotte? — Sim, senhor. – Respondi baixando o olhar, pois tinha certeza que havia ficado completamente vermelha, ao sentir minhas bochechas arderem. — Então vamos todos. – Melanie concordou. – Eu também já não sou tão jovem. – Completou com um sorriso. Eles se despediram todos e eu apenas acenei, me afastando e levando comigo a Eloá, que estava bocejando e apenas sorriu para todos, quando eu a peguei pela mão e comecei a caminhar Mas a senhora Melanie veio até mim e me deu um abraço que me deixou um pouco atordoada, pois foi totalmente inesperado. — Você é uma jovem muito madura para a sua idade, Charlotte. É perceptível pelo seu jeito de ser. – Ela falou, ainda segurando em minhas mãos após me soltar. – Gostei bastante de te conhecer. Você é uma garota especial, assim como a Nicole também é. — É.… obrigada, senhora Melanie. – Falei timidamente. — Não tem nada para me agradecer. A Charlotte tem muita sorte em ter vocês duas com ela. E já falei para me chamar apenas de Melanie. Sorri com a forma tão espontânea da “tia” Melanie, pois a achei uma pessoa muito gentil e totalmente diferente de seu sobrinho Taylor. — Até mais, Charlotte. – O senhor Carter falou ao se aproximar de nós. – Foi um prazer te conhecer. — Obrigada, senhor Carter. Apesar de todos estarmos ali, o senhor Taylor apenas acenou para mim e se afastou. — Vamos, tia. – Ele falou em seu tom sisudo. — Não ligue para ele. – Ela falou acenando sua mão em tom de descaso. – É um menino excelente. A olhei com dúvida, mas não comentei nada. Não poderia, tendo em vista que eu era apenas uma babá.
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