Capítulo Um — Decepções

2007 Words
Capítulo Um — Decepções O vestido em uma tonalidade tão branca em longos tecidos compõem pequenos detalhes de renda. Apesar de conter uma certa simplicidade, o seu modelo ainda consegue realçar as poucas curvas que eu tenho em meu corpo. Além disto, contém características importantes em conseguir me trazer o conforto e o bem estar agradável que eu estava a buscar para este momento especial. Diante de meus olhos e sob o meu próprio estilo, este é o vestido perfeito para este momento tão sonhado por mim. Não é à toa que ele foi o grande escolhido para moldar os meus sonhos mais tímidos na realização concreta deste grande dia. A decoração no ambiente ao redor está simplesmente perfeita, devidamente organizada e de acordo com as características sutis as quais foram por mim pedidas. Para o evento, eu optei por utilizar uma paleta com cores mais claras, com tonalidades pendendo para um branco e um rosé. No acompanho destas tonalidades, há diversas flores e panos de cetim formal, montando o mesmo cenário que eu presenciei em meus sonhos de menina. Os meus olhos estão encantados com uma enorme admiração pela impecável decoração. Méritos de uma equipe muito bem elaborada, composta com a liderança de minha melhor amiga, Ângela. Além de uma das mais importantes madrinhas, eu sabia desde o início o quanto a organização do evento estaria em boas mãos se esta estivesse com ela. Ângela se superou em seu talento. Apesar de toda satisfação, ainda faltava um único aspecto para que o evento se tornasse completamente perfeito. No mesmo instante, eu guio o meu olhar para o lindo balão de gás transparente composto com algumas rosas brancas. Em seu material, o nome de meu pai está grafado em letras prateadas. Por um momento, eu não consigo conter a emoção forte que me atinge. Eu juro que eu tento não deixar com que um choro emocionado atinja aos meus olhos para não borrar a minha maquiagem. Mas, eu não consigo evitar com que algumas lágrimas escapem e escorram melancolicamente por meu rosto. Meu pai... O aperto em meu coração me atinge em uma palpitação pelo luto que eu ainda carrego em meu peito. Mas, ao mesmo tempo, eu tento me manter feliz com o meu momento atual, ao imaginar que ele gostaria que eu estivesse a partilhar de bons sentimentos. Meu pai sempre compartilhava o seu desejo por querer me levar ao altar. Mas infelizmente, em vida, isto não se tornou possível. Porém, em espírito, eu o carregarei em meu coração. Com a minha mão um pouco trêmula, eu pego a fina fita branca que impede com que o balão se perca ar acima. Assim, eu me preparo para iniciar a minha entrada. Se eu fechar os meus olhos, por breves momentos, eu posso imaginar como se fosse o meu pai a quem estivesse ao meu lado, pronto para me guiar nesta nova fase de minha vida. Como eu gostaria que ele estivesse em vida... De repente, a baixa música ambiente dá início a um som mais esperado. A música com tradições padrões para o evento anuncia a minha entrada. As grandes portas, enfim, abriram-se revelando um grandioso espaço repleto de milhares de pessoas. Todas com os seus pares de olhos bem atentos e emocionados direcionados a mim. Porém, eu também consigo notar que a expressão de algumas pessoas não seria muito satisfeitas. Acontece que o meu noivo é um cantor muito bem conhecido em nossa cidade, e com isto, muitas pessoas quiseram presenciar este evento. Em minha opinião, eu preferiria algo particular entre os familiares e amigos mais próximos. Mas ele insistiu que os seus fãs pudessem o acompanhar, e não poupou esforços financeiros para divulgar a grande festa. Minha mãe, por ser uma grande admiradora de seu financeiro, o apoiou em sua ideia vendo nisto um maior reconhecimento para o sobrenome da família. Apesar de eu não concordar 100% com a ideia, eu não quis causar discursões. Eu apenas optei por a minha paz, uma vez que eu sei o inferno particular que a minha mãe causaria para que eu adotasse a sua ideia. Por um momento, eu tento não focar nestas preocupações, e apenas concentro os meus sentimentos nas sensações boas de poder realizar este grande sonho de menina. Eu estou casando, e melhor ainda, com o grande amor da minha vida. Mencionando o detentor de meus sentimentos amorosos, eu guio o meu olhar exclusivamente a ele. Este, a quem está em pé no altar a me esperar, com um terno extremamente elegante em tonalidades brancas, enquanto o seu topete permanece incrivelmente alinhado. Eu devo confessar que este homem é o sonho de consumo de muitas mulheres desta cidade, e que por isto, eu não me surpreenderia caso alguma estivesse com inveja de mim neste exato momento. Os meus olhos mantém a sua atenção exclusiva a ele, porém, estranhamente, o seu olhar não me destina a mesma exclusividade. De uma forma aflita, o meu noivo guia as suas lindas íris esverdeadas ao redor da multidão como se estivesse a procurar por uma pessoa determinada. Com características ainda mais estranhas em seu comportamento, ele ajeita por diversas vezes a gola de sua camisa social branca, como se visivelmente estivesse a engolir em seco freneticamente com um nervosismo extremo. Ao som da música tão padrão para casamentos, eu sigo os meus passos pelo tapete de camurça vermelho, o mesmo que compõem diversas pétalas brancas de rosas em sua decoração. No mesmo instante, eu deixo todo o meu nervosismo de lado, e passo a me concentrar neste momento especial, tendo em mente que nada poderá o atrapalhar. Conforme eu me aproximo do altar, eu noto que enfim o meu noivo pousa as suas pupilas sob mim, forçando um sorriso torto. Diante de sua reação, eu não consigo evitar um franzir de meu cenho ao sentir uma confusão presente por as suas reações tão repentinamente diferentes. Se eu não o conhecesse bem, eu diria que ele esconde algo. Mas, para evitar com que eu tenha sensações ruins em pleno a este bom momento, eu opto por imaginar que as suas reações sejam apenas oriundas do nervosismo quem ambos sentimos. Então, eu mantenho o meu melhor sorriso e me posiciono ao seu lado ao altar, feliz por estar em sua companhia. O chefe religioso a minha frente enfim nos destina a palavra para o início de nossa cerimônia. — Meus queridos irmãos, nós estamos aqui reunidos para... — De repente, o homem interrompe o seu discurso ao ficar o seu olhar sobre a multidão. Confusa diante de sua reação, eu destino a minha atenção para a mesma direção. Entre a multidão, há uma mulher que acaba de se levantar, chorando aos prantos em um alto tom. Estranhamente, ela é a única que detém da mesma tonalidade branca em suas roupas que a minha, mas isto não me deixa chateada. Os meus únicos sentimentos perante a moça é de extrema confusão enquanto ela se move, saindo dos bancos em direção ao tapete camurça a nossa frente. Assim que ela se retira da multidão, eu noto o enorme esboço que molda a sua barriga, revelando-a como grávida. Porém, ao mesmo tempo, eu também percebo o engolir em seco extremamente ruidoso que meu noivo realiza ao pousar o seu olhar evidentemente ainda mais nervoso sob a moça. — Eu não queria que isto acontecesse desta forma... — A sua fala é carregada por um pesar ao mesmo tempo de um embolo por seu choro compulsivo. — A moça está passando m*l, tirem-na daqui! — Meu noivo rapidamente toma a palavra de uma forma um tanto ríspida, mas ainda mantendo nítido o seu nervosismo perante a situação. No mesmo instante, um balde de água fria é jogado sob os meus sonhos, ao passe que eu começo a formular do que isto possa se tratar. Em meus pensamentos, eu tento não acreditar que isto possa ser uma possível revelação de traição que o meu noivo possa ter cometido, mas de alguma forma, alguns acontecimentos começam a se clarear. — Me desculpa... — A mulher sussurra por diversas vezes a mesma fala, a qual esta parece mais ser direcionada a si mesma do que a mim. — Ela é uma louca! — Meu noivo novamente toma a palavra. Desta vez, guiando o seu olhar em minha direção. — Vamos continuar o casamento. Então, ele se guia de volta ao chefe religioso, mas ninguém destina a sua atenção. Todos a nossa volta estão cochichando sobre a situação recém evidenciada. Há diversos olhares em minha direção, carregando sentimentos como pena e até mesmo divertimento. Eu fecho os meus olhos com uma extrema força, desejando que nada destas informações passem de um grande pesadelo. Mas assim que eu volto a abri-los, tudo continua em prosseguimento, fazendo-me cair em minha realidade de que tudo é real. O amor da minha vida traiu a minha confiança. Por um momento, o ar me falta e tudo a minha volta se silencia, como se eu estivesse em uma bolha solitária prestes a explodir, enquanto eu me consumo com diversos pensamentos decepcionantes. Apesar de todos os cochichos a minha volta, presa em minha própria bolha, eu não os escuto, consumida por sensações que retardam completamente os meus sentidos. Eu volto a fechar os meus olhos, porém, de repente eu passo a escutar um som diferente a se destacar em minha mente. Assim que eu abro os meus olhos, eu encaro sob o tapete uma pequena bola em tonalidades violetas, que em sons de chacoalho vem a se aproximar rolando em minha direção. Esta mesma para de rolar ao topar sob os tecidos de meu vestido. De uma forma estranha, eu me sinto tentada a pega-la, e mesmo sem entender os meus próprios motivos, eu me abaixo para si. De repente, no mesmo instante em que eu realizo o ato, barulhos de vidros se espatifando tomam conta do enorme salão da igreja. Rapidamente, eu noto que todas as janelas se espatifam de uma forma violenta, fazendo voar diversos cacos de vidro. Antes mesmo que a explicação para o ato possa ser cogitada, diversas pombas brancas adentram o local em uma quantidade exagerada. A confusão causa uma enorme euforia entre as pessoas, que se apressam para se proteger e sair do local. De repente, um assobio longo, alto e melodioso ecoa pelo local, fazendo com que todas as pombas se unam em um voo circular ao teto da igreja. Os meus olhos estão descrente do que estão a presenciar, mas eu passo a cogitar que estás devem ser pombas adestradas que apenas se perderam do seu treinador. Apesar da aleatoriedade para este momento, esta é a única explicação que se apossa de minha mente. Eu confesso que apesar de toda euforia a minha volta, eu ainda me encontro aérea diante de todos os acontecimentos e descobertas. Definitivamente, eu não planejei isto para este evento. Definitivamente, este foi um péssimo dia. — Amanda... — Eu sou desperta de meus pensamentos confusos e traga para a minha realidade com a voz de meu noivo a se aproximar. Porém, no mesmo instante, eu me afasto. Guiar o meu olhar em sua direção me causa enjoo, este que eu não sei ao certo se oriunda-se da ansiedade extremamente forte que eu estou a sentir, ou se oriunda da forte decepção que eu sinto por seu ato. Ele realiza alguns passos em minha direção, mas a minha reação foi brusca e imediata ao guiar os meus passos em pressa na direção oposta. — Amanda, espere! O seu pedido, bem como qualquer pessoa a minha volta, não foram capazes de me impedir de parar os meus movimentos. Com rapidez, eu me desfaço de meus saltos, e apresso a minha corrida para o mais longe possível do local. Com o vento batendo em meus cabelos, e as lágrimas escorrendo por meu rosto, eu sinto a dor forte em meu peito, avisando que o meu coração se parte em inúmeros pedaços. O meu sonho de menina infelizmente se tornou o meu pesadelo... Continua...

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