Quando eu acordei percebi que estava em um quarto com decorações medievais, a única fonte de luz era a lua que dava para ver pela porta de vidro -que dava acesso à sacada-.
Fechei os olhos mais uma vez para processar o que estava a acontecer e quando lembrei do que tinha acontecido levantei assustada.
O medo voltou a tomar conta do meu corpo. Fui até a uma das portas do quarto e tentei abri-la, mas estava trancada.
Abri a outra porta e vi que era um banheiro.
Fui até a sacada. Era alto demais para saltar sem me ferir...
Olhei ao redor e vi duas mulheres sentadas em um banco de jardim que ficava de frente a varanda, chamei por elas que olharam para mim e depois levantaram-se, indo cada uma para um lado diferente.
Parece que elas não estão dispostas a me ajudar...
Respirei fundo. E tentei pensar em uma forma de sair daqui, mas não havia uma forma...
Deitei na cama e fechei os olhos mais uma vez para pensar. Há sempre uma solução... Mas eu não sabia qual era...
Olhei para a figura feminina que entrou no quarto após destrancar a porta, era uma das mulheres que estava no jardim... Loira de olhos azuis, um corpo perfeito, parecia uma modelo.
— Muito obrigada por me ajudares a sair daqui... — Levantei novamente e fui de encontro a ela com intenção de agradecer e sair daí, mas ela me encarou com desprezo.
— Eu não vim ajudar-te mocinha. — Mocinha? Aparentemente temos quase a mesma idade... — Só vim avisar que temos uma reunião muito importante, e se tu quiseres saber por que estás aqui então deves vir comigo. — Ela permitiu que eu passasse, e foi o que eu fiz, talvez seja essa a minha oportunidade... — E não te armes em esperta, pois eu não sou nada paciente. — Ela segurou o meu braço. — Não tentes fugir. — Ameaçou.
Nada respondi, apenas a segui.
O corredor não era tão longo quanto eu imaginava, mas parecia que a mansão possuía muitos compartimentos.
A loira não falou mais nada e eu também não...
***
Fomos até à sala de estar que por acaso era muito bonita, lá estavam os vampiros que eu encontrei na floresta e além deles estava a outra mulher que eu vi no jardim.
— É ela a escolhida? — A ruiva de olhos vermelhos perguntou enquanto se aproximava. — Ela não parece ter nada de especial...
— Isso é porque tu és uma mulher. — O moreno indagou.
— Lá vamos nós outra vez... — A ruiva revirou os olhos. — Sasuke, eu sei muito bem que eu sou uma mulher, e vou ser eternamente grata por isso seu arrogante!
— Já chega, não é para discutir que estamos aqui… — O ruivo falou.
— Ele tem razão Karin, agora senta-te. — O platinado ordenou e ela sentou no braço da poltrona onde a loira estava sentada. — Muito bem, Hinata, certo?
— Sim... — Todos eles olham para mim de forma estranha.
— Acredito que queiras saber por que estás aqui, certo?
— Sim...
— Bem, eu vou tentar esclarecer as coisas... Antes de tudo quero que saibas quem nós somos, eu sou o Toneri, sou o mais velho dos irmãos Namikaze, filho de Minato e Saori. — Levantou do sofá para se apresentar.
— Eu sou o Sasuke, o segundo filho de Minato e Saori. — Falou com um ar convencido.
— Eu sou o Gaara, o terceiro filho de Minato e Saori... — Disse após deixar o livro de lado.
— Eu sou a Ino, a filha mais velha de Minato e Kushina. — A loira continuava indiferente em relação a minha presença.
Todos olharam para o loiro, parece que estavam à espera que ele se apresentasse, coisa que parecia que não ia acontecer.
— Aff, eu sou a Karin, filha mais nova de Minato e Saori, e aquele é o Naruto, o irmão gémeo da Ino.
— Vocês são filhos de mães diferentes?
— Sim, mas esse não é o foco...
Sim, não era o foco, mas eu estava curiosa.
— Continuando... Tu estás aqui para casar com um de nós.
— O quê?! — A surpresa na minha voz era evidente.
— Vou resumir, a cada cinquenta anos, um vampiro do império Namikaze é escolhido para ser o novo rei dos vampiros, porém, nenhum vampiro escolhe quem será o rei, mas sim a profecia...
— Sempre que há lua cheia, palavras aparecem para todos nós em uma língua antiga dos demónios, e um demónio traduz para nós... — O platinado continuou o raciocínio do ruivo.
— Porém nós só temos dois meios demónios aqui que sabem traduzir mais ou menos, e mesmo assim ninguém os respeita como merecem! — A loira falou.
— Tu só não traduzes porque não podes ser a rainha.
— Se é o que vocês pensam... — A loira levantou-se e saiu da sala seguida pela ruiva.
— O que aconteceu com elas? — Perguntei curiosa e com medo ao mesmo tempo.
Ficar sozinha com esses quatro não me agrada nada.
— Por serem mulheres elas não podem governar, e isso as irrita. — O moreno me fez sentar na poltrona, o toque dele era gélido.
— O objetivo é manter o legado Namikaze, uma mulher não consegue fazer isso... — Parece-me ser injusto...
— Continuando, estava escrito que a escolhida viria na noite de lua vermelha, ou seja, nessa noite. E tu vieste ter connosco.
— Também está escrito que daqui a três meses o novo rei dos vampiros será escolhido. — O platinado e o ruivo completavam o raciocínio um do outro.
— E o que eu tenho a ver com isso? — Eu não entendia o que eu fazia aí.
— O teu sangue! — O moreno aproximou o seu rosto do meu. — O rei dos vampiros precisa de uma mulher de sangue puro.
— Porquê?
— Porque só o sangue puro ajuda os vampiros a manterem a sua linhagem, por exemplo, a minha mãe Saori era uma humana de sangue puro, e graças a isso eu herdei todos os poderes do meu pai, ao contrário do Naruto, a mãe dele não era humana e nem tinha sangue puro, por isso ele não tem as mesmas capacidades que eu. — O loiro que estava quieto revirou os olhos. — E por ser um híbrido o mais provável é que ele não seja o herdeiro.
— Mas eu não quero casar com nenhum de vocês, além disso, eu ainda sou muito nova para isso...
— Daqui a dois meses tu atinges a maior idade não é?
— Como...
— Já está tudo escrito.
Por obra de uma profecia eu tinha que me casar com um deles, mas eu não queria casar, eu só queria estudar, ajudar no orfanato, passar tempo com a Sakura e o Sai, ver a minha irmã e conhecer o mundo...
Eles disseram que me deixariam andar à vontade pela mansão que em breve seria minha também e prometeram que só tirariam um pouco de sangue quando precisassem mesmo. Mas isso não ficaria assim, eu estava decidida a fugir daqui.
Na semana seguinte estava tudo calmo na mansão, pelo que entendi, eles tinham assuntos importantes para tratar.
Eu passei a minha mão no meu ombro, antes de sair o Sasuke havia sugado um pouco do meu sangue. Era aí onde ele sempre mordia, o Gaara mordia sempre na palma da minha mão e o Toneri mordia na minha cintura. Cada um tinha "o seu lugar predileto". Doía muito, cada mordida era horrível...
Ao menos os outros não me mordiam, pelo que eu entendi a Karin preferia não atacar humanos, a Ino não bebia sangue por ser híbrida e o Naruto não se aproximava de mim por uma estranha razão, ele sempre se afastava de mim, mas ao contrário das irmãs ele não parece me desprezar.
Mas isso não importa, o importante é que eu vou sair daqui agora.
Levantei da cama e andei pelos corredores da mansão com cuidado, parecia que eles ainda não tinham voltado.
Desci as escadas e andei até a porta, abri com cuidado e vi que não tinha ninguém por perto.
Corri até não poder ver mais a mansão e os meus olhos cruzaram-se com os intrigantes olhos azuis.
Ele não me impediu de ir, ele não se importava. E nunca se importou... Mas...
— Kyaaa! — Gritei.
— Que coisa f**a irmãozinho, mesmo sabendo que ela tem que ficar connosco, tu a deixaste ir... Ou pelo menos tentaste. — Ela me pegava pelos cabelos.
— Solta ela Karin... — Novamente eu ouvi aquela voz rouca.
— Eu até gostaria, mas eu não posso.
— Tu nunca te importas connosco, nem com essa profecia, então porque não a deixas ir?
— Porque vai ser chato receber uma bronca do papai e da minha amada madrasta. — Até agora eles não falaram muito dos pais, e eu nunca os vi...
— Tsc, faz o que tu quiseres... — Ele deu as costas.
— Não Naruto, se tu não queres que eu conte o que aconteceu aqui então leva-a para o quarto e fica com ela até os outros chegarem. — Ele parecia muito irritado apenas por saber que iria estar perto de mim.
— Vamos... — Ele me segurou pelo braço e levou-me a contragosto até ao meu quarto.
***
— Solta-me... — Reclamei durante o caminho todo sem sucesso. — Estás a magoar-me... — Ele olhou frio para mim antes de abrir a porta do quarto e obrigar-me a entrar.
— Não digas nada, não quero ouvir a tua voz!
— P-Porquê? Eu tenho direito de reclamar, vocês estão a obrigar-me a ficar aqui... — O meu peito queimava de dor e as minhas lágrimas caiam sem que eu pudesse evitar e ele suspirou pesado antes de olhar para o chão.
Sentei-me na cama e deixei as lágrimas caírem descontroladas.
— Não chores... — Ele aproximou-se de mim e tentou tocar o meu rosto, mas eu afastei-me dele, que olhava para mim com pena.
— E-Eu não consigo evitar... Vocês me fazem muito infeliz.. — Ele ficou quieto me observando chorar, então baixei o rosto, eu não gosto que me observem quando estou triste.
— Ei... — Chamou a minha atenção. — Eu... — Começou, mas não falou mais nada. E ficamos assim durante alguns minutos, eu chorando silenciosamente e ele me observando até que decidiu quebrar o gelo. — Bate-me...
— O-O quê? — Perguntei confusa.
— Não é assim que vocês humanos descarregam a vossa raiva? Então, do que estás à espera?
— Eu n-não vou fazer i-isso...
— Por que não? Tens esse direito, afinal, estás aqui contra a tua própria vontade. — E a cada dia que passava eu ficava cada vez mais intrigada com ele. — Se guardares isso apenas para ti, vais acabar explodindo...
— Porquê?... — O interrompi. — ... Porquê que de repente te importas comigo? — Perguntei limpando o rosto.
— Eu sempre me importei contigo... — Olhei para ele que não tirava os seus olhos dos meus.
— O que...
— Naruto, já chegamos... — A loira chegou e cumprimentou o irmão com um sorriso amigável.
— Eu percebi... — Ele trancou a cara, levantou e saiu do quarto, nos deixando para trás.
— Ouve bem mocinha. — Ela olhou para mim de forma fria. — Se o Naruto se apaixonar por ti eu te mato! — Olhei para ela confusa. Ela não podia estar a falar a sério.
— I-Isso não vai acontecer... — Porquê que um vampiro se apaixonaria por mim? E porquê que isso é importante para ela?
Naquele dia eu não entendi, mas agora eu sei o porquê. Eu estava a estragar os planos delas, mas elas não deviam fazer isso contra os próprios irmãos, era um plano arriscado demais e eu estava a pagar com a minha própria vida.
Continua...