Meu DestinoUpdated at Aug 18, 2025, 13:32
Depois de uns anos fora da sua terra natal, Aurora, agora com 22 anos, regressa. Os pais ainda não sabem. Como poderiam? Não há contacto entre eles. Aurora combinou encontrar-se com a sua amiga de infância, Clara, a única pessoa com quem manteve contacto, além da sua avó, Amélia, que morreu o ano passado.
O autocarro está atrasado, mas Aurora, junto da janela contempla o céu com as suas cores de final de tarde. Ela respira fundo e sente uma calma reconfortante. "Conseguiste!" - pensa para consigo mesma.
O autocarro chega à sua paragem final e do lado de fora, lá está Clara.
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AURORA
Como Clara tinha mudado! Já não era uma criança. Tinha-se transformado numa rapariga linda. Doze anos se tinham passado, mas aqueles olhos cor de avelã e aquele jeito alegre dela continuavam intactos.
Com a minha enorme mala ao ombro, corri na sua direção. Deixei a mala cair no chão e abracei-a, levantando-a no ar.
_ Oh Hércules! - chama-me a rir, surpreendida. - Vais amarrotar a minha roupa toda. - fala enquanto me retribui o abraço.
Deixo-me estar assim, abraçada, sem apertar demasiado. Ela também não se importa. Estou quase a deixar fugir uma lágrima. Há muito que já não chorava. No meu íntimo, pensei que já não fosse capaz disso. Sem que ela perceba, reprimo a lágrima. Afasto-me, quebrando o abraço.
_ Aurora, estás tão diferente.
_ Isso é bom ao mau?
_ Não sei bem. Não consigo perceber com essas roupas. - olha-me de alto a baixo.
_ Bem... Agora, já me podes dizer para onde vamos? - mudo de assunto. Sei bem que escolhi um conjunto bastante simples, mas fiz uma viagem de algumas horas de autocarro e... preciso urgentemente de comprar praticamente todo um guarda-vestidos completo, pelo que aquele comentário não me soa como uma crítica, mas mais uma constatação de um facto.
_Vamos a um bar. Quero apresentar-te a algumas pessoas. - responde Clara. - Mas primeiro, vamos a minha casa. Jantamos, mudamos de roupa e depois vamos festejar o teu regresso!
A sua alegria é contagiante.
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Mal eu sabia que a minha primeira noite de regresso seria marcado pelo caos, tiros, sangue e eu a ser puxada por um homem, contra a minha vontade, para dentro de um carro enquanto lutava pelo meu destino.