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Blurb

Em meio ao caos das grandes metrópoles, vidas comuns se entrelaçam em histórias de luta, esperança e sobrevivência. Esta obra mergulha no cotidiano de jovens e adultos que enfrentam os desafios da vida real — o primeiro emprego, as tensões familiares, o peso da desilusão, as tentações do crime e o abismo da depressão. Pequenas histórias que, juntas, formam um grande espelho da realidade.

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Capítulo um - 1:1
PRIMEIRO ATO "A Luz, a Lua / A Lua, a Noite / A Noite, a Aurora / A Aurora..." Na manhã comum de segunda-feira, o garoto — ainda pouco desperto — abriu os olhos: 6:00 em ponto. Hora de se levantar, mas o impulso de permanecer na cama, ainda quente, era mais forte. O café com a família, a mãe, com olhos cansados à beira do fogão, e o pai com pressa já no portão à espera da condução para o trabalho, era a rotina de todas as manhãs. Mas não hoje. Hoje, era uma daquelas ocasiões que geralmente sobrevive o tempo e a memória. Em frente o espelho, o jovem, meio sonolento, ajeitava o colarinho da camisa. Seu reflexo não impressionava, mas a vaidade era o de menos. A manhã de céu ainda de um azul desbotado e nuvens pálidas, conservava uma serenidade intocável. No ponto de ônibus, o dinheiro contado da condução. O trânsito já estava caótico, as ruas movimentadas, e ele se esforçava para entrar no mesmo ritmo. O ônibus chegou, e ele se acomodou ao fundo. A cidade começava a acordar, mas o barulho já era constante. Era o primeiro dia de serviço na construção civil. Regida por uma orquestra de máquinas, ferramentas, cálculos matemáticos precisos e planos detalhados. Um sujeito magro de camisa polo azul-marinho, com um palito entre os dentes, o procurou na saída do vestiário, onde tivera de passar antes para trocar as vestimentas casuais pelo uniforme da empresa. — Mauricio, né? Sei — conferiu o sujeito, visualizando atentamente o crachá impresso pregado ao bolso da camisa do uniforme. — Chega aqui, Maurício. Vem comigo. Vou arranjar um servicinho pra você ir se aquecendo. Sugeriu, apontando com alento para uma pilha de caixas emparedadas no canto do prédio. Com a instrução de levá-las, uma por vez, para o piso superior da obra. — E veja bem: com muito, muito cuidado. Pegou o aviso? Daqui meia-hora venho conferir — ele marcou cronometrando o tempo exato da tarefa no relógio. Mauricio prestou bem atenção, acatando sem reclamar as ordens do novo chefe. Ele subia e descia escadas, carregava e descarregava material, empilhando as caixas uma por uma, de acordo com o que lhe fora incumbido. As tarefas chegavam uma atrás da outra. Não havia espaço para conversas, tal qual olhares amigáveis. Os outros, mais velhos e enturmados, mantinham um certo distanciamento, em compreender que ele ainda estava fora de sintonia, e que iria demorar até pegar o ritmo de serviço. No intervalo, um dos operários, aparentando pouco mais de uns 40 anos, se aproximou. — Se liga novato. O pessoal já está começando a reparar. Não fica encarando muito não. Faz o seu, valeu? O rapaz não entendeu a mistura de conselho e indiferença, e o homem, sem que esperasse uma resposta, logo deu as costas. As horas passaram sem que ele se desse conta, até que o relógio marcou o fim do expediente. Ele pegou o casaco. Alguns ainda faziam ajustes, organizando as ferramentas para o dia seguinte. Na volta, a movimentação das pessoas continuava incessante, mas ele sentia que também fazia parte disso, mesmo que ainda fosse uma mera peça da engrenagem. Já perto de casa o sinal para a decida. Seus passos arrastados o levaram até a calçada, onde se escorou no muro baixo da entrada. O vento abafado da tarde arrastava consigo a poluição da cidade, e ele puxou um cigarro do bolso. O cigarro parecia queimar mais lentamente que o normal. Talvez porque a rotina começasse a pesar sobre os ombros, ou talvez fosse a sensação de estar longe dos jargões, de toda aquela correria frenética. Enquanto a fumaça subia no ar quente, Selena, que morava a duas casas da dele, apareceu. Ao contrário do dele, seus passos eram leves e despreocupados. O olhar atento, mas sem pressa de falar. Não era a primeira vez que eles se encontravam assim na calçada, depois de um dia difícil, mas hoje era diferente. A cidade à volta estava um pouco mais distante, e as palavras fluíam de forma mais natural. — Como foi? — ela perguntou, tomando pra si o cigarro para um trago. — ...no novo emprego — completou. — Meio estranho — respondeu Maurício. — Ainda tenho que pegar o ritmo. O pessoal lá não fala muito. Só trabalha e trabalha... Ela riu, um riso baixo e rápido, quase um suspiro. — É assim mesmo. Logo se acostuma. Selena e ele se entendia perfeitamente. Cresceram juntos... Dividiam segredos juntos... — Fez o que o dia todo? — perguntou ele. — Ah, nada demais. Tudo na mesma. Estudar e estudar... — disse ela, transmitindo tanto tédio quanto aceitação. O fim da tarde esculpia seu rosto, delineando suas feições. Ele a conhecia desde a infância, mas hoje havia algo no modo como a via. Talvez fosse a mudança que ele sentia dentro de si mesmo, ou o reflexo de sua próprio inquietação. — Bom, já vou indo. A essa hora minha mãe já deve tá maluca. — Melhor eu fazer o mesmo — ele se levantou pisando a bituca de cigarro no chão. — Amanhã é um novo dia. — Então até mais — Selena acenou continuando pela rua praticamente deserta. — Até — retribuiu Maurício – demorando um instante a mais antes de entrar em definitivo. ***** O ritmo da vassoura arrastando o pó pela calçada era a trilha sonora naquela manhã. Beto estava inclinado, focado nos afazeres diários de varrer a fachada do armazém. O calor começava a aumentar, e ele enxugava o suor da testa com o antebraço de vez em quando. Do outro lado, Mauricio se aproximava. Ele parou na frente de Beto, apoiando a lateral da entrada. — Tão cedo e já trampando? O amigo ergueu a cabeça com um olhar neutro sem que interrompesse os movimentos. — Sempre, sempre. Veio fazer umas comprinhas? — E que outro motivo eu teria para vir a uma mercearia? — ironizou olhando ao redor. A movimentação no armazém estava mais fraca que a de costume. — Movimento fraco hoje! Ao todo, podendo ser contado nos dedo os que escolhiam as mercadorias empilhadas nas prateleiras. Beto largou a vassoura, apoiando-a contra a parede. E antes que pudesse argumentar, uma voz grave e autoritária, interrompeu a conversa: — Beto! Que moleza é essa? A calçada não se varre sozinha! — cuspiu o tio insatisfeito. Um homem robusto, com um semblante carregado. Beto desviou o olhar, claramente desconfortável pela maneira com que o tio se dirigia a ele, e pegou a vassoura de novo, retomando os movimentos no chão áspero. Maurício disfarçou e entrou no estabelecimento; pegou o que viera buscar e entregou o dinheiro sem reclamar do preço mais caro que a última compra. — Beleza, já vou nessa — disse na saída. Beto apenas assinalou em sinal de positivo com a cabeça. O tio ainda ficou na entrada encarando o sobrinho por mais alguns segundos, e sem que o incomodasse, entrou para o estabelecimento.

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